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KUMPAÑIA BUENA DICHA ESCOLA DE BRUXARIA E MAGIA

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KUMPAÑIA BUENA DICHA

KUMPAÑIA BUENA DICHA
ESCOLA DE BRUXARIA E MAGIA.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

CABALA

Cabala

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A Qabalah divide-se em quatro partes principais:

Cabala
(também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala, kabalah, kabbala) é um sistema religioso filosófico que reivindica o discernimento da natureza divina. Q(a)B(a)L(a)H (קבלה QBLH) é uma palavra hebraica que significa recepção, que vem da raiz Qibel ("receber").

  1. Qabalah prática: trata dos talismãs, rituais e cerimônias mágicas;
  2. Qabalah literal: para conhecê-la, é necessário ver suas três matérias (logo abaixo);
  3. Qabalah não-escrita: conhecimento oral, a tradição;
  4. Qabalah dogmática: parte doutrinal da ciência, sendo que suas principais fontes são o Sepher Yetzirah, o Zohar, o Sepher Sephiroth e o Asch Metzareph.


Conteúdo

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Origem

A "Cabala" é uma doutrina esotérica que diz respeito a Deus e o Universo, sendo afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um passado remoto, e preservada apenas por alguns privilegiados.

Formas antigas de misticismo judaico consistiam inicialmente de doutrina empírica. Mais tarde, sob a influência da filosofia neoplatónica e neopitagórica, assumiu um carácter especulativo. Na era medieval desenvolveu-se bastante com o surgimento do texto místico, Sepher Yetzirah, ou Sheper Bahir que significa Livro da Luz, do qual há menção antes do século XIII. Porém o mais antigo monumento literário sobre a cabala é o Livro da Formação (Sepher Yetzirah), considerado anterior ao século VI, onde se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus.].

Transformou-se em objeto de estudo sistemático do eleito, chamado o "baale ha-kabbalah-kabbalah" (בעלי הקבלה "possuidores ou mestres da Cabala "). Os estudantes da Cabala tornaram-se mais tarde conhecidos como "maskilim" (משכילים "o iniciado"). Do décimo terceiro século para frente ramificou-se em uma literatura extensiva, ao lado e frequentemente na oposição ao Talmud.

Grande parte das formas de Cabala ensinam que cada letra, palavra, número, e acento da Escritura contêm um sentido escondido; e ensina os métodos de interpretação para verificar esses significados ocultos.

Alguns historiadores de religião afirmam que devemos limitar o uso do termo Cabala apenas ao sistema místico e religioso que apareceu depois do século XX e usam outros termos para referir-se aos sistemas esotéricos-místicos judeus de antes do século XII. Outros estudiosos vêem esta distinção como sendo arbitrária. Neste ponto de vista, a Cabala do pós século XII é vista como a fase seguinte numa linha contínua de desenvolvimento que surgiram dos mesmos elementos e raízes. Desta forma, estes estudiosos sentem que é apropriado o uso do termo Cabala para referir-se ao misticismo judeu desde o primeiro século da Era Comum. O Judaismo ortodoxo discorda com ambas as escolas filosóficas, assim como rejeita a idéia de que a Cabala causou mudanças ou desenvolvimento histórico significativo.

Desde o final do século XIX, com o crescimento do estudo da cultura dos Judeus, a Cabala também tem sido estudada como um elevado sistema racional de compreensão do mundo, mais que um sistema místico. Um pioneiro desta abordagem foi Lazar Gulkowitsch.

Qabalah literal

A Qabalah literal possui três matérias principais:

  1. Gematria (GMTRIA): baseada nos valores numéricos das palavras;
  2. Notariqon (NVTRIQVN): em uma de suas formas, as letras de uma palavra são usadas como iniciais de outra; e na sua segunda forma, a letra inicial de várias palavras forma uma só;
  3. Temurá (TMVRH): as letras de uma palavras são permutadas com outra, conforme uma tabela de substituição.

Antiguidade do misticismo esotérico

Formas iniciais de misticismo esotérico existem já há 2.000 anos. Ben Sira alerta sobre isto ao dizer: "Você não deve ter negócios com coisas secretas" (Sirach) ii.22; compare com o Talmud Hagigah 13a; Midrash Genesis Rabbah viii.

Literatura Apocalíptica pertence aos séculos II e I do pré-Cristianismo contendo alguns elementos da futura Cabala e, segundo Josephus, tais escritos estavam em poder dos Essênios, e eram cuidadosamente guardados por eles para evitar sua perda, o qual eles alegavam ser uma antiguidade valiosa (veja Fílon de Alexandria, "De Vita Contemplativa", iii., e Hipólito, "Refutation of all Heresies", ix. 27).

Estes muitos livros contém tradições secretas mantidas ocultas pelos "iluminados" como declarado em IV Esdras xiv. 45-46, onde Pseudo-Ezra é chamado a publicar os vinte e quatro livros canônicos abertamente, de modo a que merecedores e não merecedores pudessem igualmente ler, mas mantendo sessenta outros livros ocultos de forma a "fornece-los apenas àqueles que são sábios" (compare Dan. xii. 10); pois para eles, estes são a primavera do entendimento, a fonte da sabedoria, e a corrente do conhecimento.

Instrutivo ao estudo do desenvolvimento da Cabala é o Livro dos Jubilados, escrito no reinado do Rei João Hircano, o qual refere a escritos de Jared, Cainan, e Noé, e apresenta Abraão como o renovador, e Levi como o guardião permanente, destes escritos antigos. Ele oferece uma cosmogênese baseada nas vinte e duas letras do Alfabeto Hebraico, e conectada com a cronologia judaica e a messianologia, enquanto ao mesmo tempo insiste na Heptade como número sagrado ao invés do sistema decádico adotado por Haggadistas posteriores e pelo "Sefer Yetzirah". A idéia Pitagórea do poder criador de números e letras, sobre o qual o "Sepher Yetzirah" está fundamentado, o qual era conhecido no tempo da Mishnah (antes de 200DC).

Gnosticismo e Cabala

A literatura gnóstica dá testemunho da antiguidade da Cabala. Gnosticismo — isto é, a "Chokmah" cabalística (חכמה "sabedoria") - parece ter sido a primeira tentativa por parte dos sábios judeus em fornecer uma tradição mística empírica, com ajuda de idéias Platônicas e Pitagóricas (ou estóicas), um retorno especulativo. Isto conduziu ao perigo da heresia pela qual as personalidades rabínicas judias Akiva e Ben Zoma esforçaram-se por libertar-se.

Dualidade Cabalística

O sistema dualístico de poderes divinos bons e maus, o qual provêm do Zoroastrismo, pode ser encontrado no Gnosticismo; tendo influenciado a cosmologia da antiga Cabala antes de ela ter atingido a idade média. Assim é o conceito em torno da árvore cabalística (Árvore da Vida), onde o lado direito é fonte de luz e pureza, e o esquerdo é fonte de escuridão e impureza, encontrado entre os Gnósticos. O fato também que as Qliphoth (קליפות as "cascas" primevas de impureza), os quais são tão proeminentes na Cabala medieval, são encontradas nos velhos encantamentos babilônicos, é evidência em favor da antiguidade da maioria das idéias cabalísticas.

Doutrinas Místicas nos Tempos do Talmude

Nos tempos do Talmude os termos "Ma'aseh Bereshit" (Trabalhos da Criação) e "Ma'aseh Merkabah" (Trabalhos do Divino Trono/Carruagem) claramente indicam a vinculação com o Midrash nestas especulações; elas eram baseadas em Gen. i. e Ezequiel i. 4-28; enquanto os nomes "Sitre Torah" (Talmude Hag. 13a) e "Raze Torah" (Ab. vi. 1) indicam seu carater secreto. Em contraste com a afirmação explícita das Escrituras que Deus criou não somente o mundo, mas também a matéria da qual ele foi feito, a opinião é expressa em tempos muito recentes que Deus criou o mundo da matéria que encontrou disponível — uma opinião provavelmente atribuida a influência da cosmogênese platônica.

Eminentes professores rabinos palestinos conservam a teoria da preexistência da matéria (Midrash Genesis Rabbah i. 5, iv. 6), em contrariedade com Gamaliel II. (ib. i. 9).

Ao discorrer sobre a natureza de Deus e do universo, os místicos do período Talmúdico afirmaram, em contraste com o transcedentalis,o Bíblico, que "Deus é o lugar-morada do universo; mas o universo não é o lugar-morada de Deus". Possivelmente a designação ("lugar") para Deus, tão frequentemente encontrada na literatura Talmúdica-Midrashica, é devida a esta concepção, assim como Philo, ao comentar sobre Gen. xxviii. 11 diz, "Deus é chamado 'ha makom' (המקום "o lugar") porque Deus abarca o universo, mas Ele próprio não é abarcado por nada" ("De Somniis," i. 11).

Spinoza devia ter esta passagem em mente quando disse que os antigos judeus não separavam Deus do mundo. Esta concepção de Deus pode ser panteísta. Isto também postula a união do homem com Deus; ambas as idéias foram posteriormente desenvolvidas na Cabala mais recente.

Até em tempos bem recentes,teologos da Palestina e de Alexandrei reconheceram dois atributos de Deus,"middat hadin",o atributo da justiça,e missa ha-rahamim", o atributo da misericórdia(Midrash Sifre,Deut.27);e esse é o contraste entre misericórdia e justiça,uma doutrina fundamental da Cabala.

Cabala no Cristianismo e na sociedade não-judaica

O termo "Cabala" não veio a ser usado até meados do século XI, e naquele tempo referia-se à escola de pensamento (Judaica) relacionada ao misticismo esotérico.

Desde esses tempos, trabalhos Cabalísticos ganharam uma audiência maior fora da comunidade Judaica. Assim versões Cristãs da Cabala começaram a desenvolver-se; no início do século XVIII a cabala passou a ter um amplo uso por filósofos herméticos, neo-pagãos e outros novos grupos religiosos. Hoje esta palavra pode ser usada para descrever muitas escolas Judaicas, Cristãs ou neo-pagãs de misticismo esotérico. Leve-se em conta que cada grupo destes tem diferentes conjuntos de livros que eles mantem como parte de sua tradição e rejeitam as interpretações de cada um dos outros grupos.

Principais textos judaicos

O primeiro livro na Cabala a ser escrito, existente ainda hoje, é o Sepher Yetzirah ("Livro da criação"). Os primeiros comentários sobre este pequeno livro foram escritos durante o século X, e o texto em si é citado desde o século VI. Sua origem histórica não é clara. Como muitos textos místicos Judeus, o Sefer Yetzirah foi escrito de uma maneira que pode parecer insignificante para aqueles que o lêem sem um conhecimento maior sobre o Tanakh (Bíblia Judaica) e o Midrash.

Outra obra muito importante dentro do misticismo judeu é o Bahir ("iluminação"), também conhecido como "O Midrash do Rabino Nehuniah ben haKana". Com aproximadamente 12.000 palavras. Publicado pela primeira vez em 1176 em Provença, muitos judeus ortodoxos acreditam que o autor foi o Rabino Nehuniah ben haKana, um sábio Talmúdico do século I. Historiadores mostraram que o livro aparentemente foi escrito não muito antes de ter sido publicado.

O trabalho mais importante do misticismo judeu é o Zohar (זהר "Esplendor"). Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, escrito em aramaico. A tradição ortodoxa judaica afirma que foi escrito pelo Rabino Shimon ben Yohai durante o século II. No século XII, um judeu espanhol chamado Moshe de Leon declarou ter descoberto o texto do Zohar, o texto foi então publicado e distribuído por todo o mundo judeu. Célebre historiador e estudante da Cabala, Gershom Scholem mostrou que o próprio de Leon era o autor do Zohar. Entre suas provas, uma era que o texto usava a gramática e estruturas frasais da língua espanhola do século XII, e que o autor não tinha um conhecimento exato de Israel. O Zohar contém e elabora sobre muito do material encontrado no Sepher Yetzirah e no Sefer Bahir, e sem dúvida é a obra cabalística por excelência.

Ensinamentos cabalísticos sobre a alma humana

O Zohar propõe que a alma humana possui três elementos, o nefesh, ru'ach, e neshamah. O nefesh é encontrado em todos os humanos e entra no corpo físico durante o nascimento. É a fonte da natureza fisica e psicológica do indivíduo. As próximas duas partes da alma não são implantadas durante o nascimento, mas são criadas lentamente com o passar do tempo; Seu desenvolvimento depende da ações e crenças do indivíduo. É dito que elas só existem por completo em pessoas espiritualmente despertas. Uma forma comum de explicar as três partes da alma é como mostrado a seguir:

  • Nefesh (נפש) - A parte inferior, ou animal, da alma. Está associada aos instintos e desejos corporais.
  • Ruach (רוח) - A alma mediana, o espírito. Ela contem as virtudes morais e a habilidade de distinguir o bem e o mal.
  • Neshamah (נשמה) - A alma superior, ou super-alma. Essa separa o homem de todas as outras formas de vida. Está relacionada ao intelecto, e permite ao homem aproveitar e se beneficiar da pós-vida. Essa parte da alma é fornecida tanto para judeus quanto para não-judeus no nascimento. Ela permite ao indivíduo ter alguma conciência da existencia e presença de Deus.

A Raaya Meheimna, uma adição posterior ao Zohar por um autor desconhecido, sugere que haja mais duas partes da alma, a chayyah e a yehidah. Gershom Scholem escreve que essas "eram consideradas como representantes dos níveis mais elevados de percepção intuitiva, e estar ao alcance somente de alguns poucos escolhidos".

  • Chayyah (חיה) - A parte da alma que permite ao homem a percepção da divina força.
  • Yehidah (יחידה) - O mais alto nível da alma, pelo qual o homem pode atingir a união máxima com Deus

Tanto trabalhos Rabínicos como Kabalísticos sugerem que haja também alguns outros estados não permanentes para a alma que as pessoas podem desenvolver em certas situações. Essas outras almas ou outros estados da alma não tem nenhuma relação com o pós-vida.

  • Ruach HaKodesh (רוח הקודש) - Um estado da alma que possibilita a profecia. Desde o fim da era da profecia clássica, ninguém mais recebeu a alma da profecia.
  • Neshamah Yeseira - A alma suplementar que o Judeu demonstra durante o Shabbat. Ela permite um maior prazer espiritual do dia. Ela existe somente quando se observa o Shabbat e pode ser ganha ou perdida dependendo na observação do Shabbat da pessoa.
  • Neshoma Kedosha - Cedida aos Judeus quando alcançam a maioridade (13 anos para meninos, 12 para meninas), e está relacionada com o estudo e seguimento dos mandamentos da Torah; pode ser ganha ou perdida dependendo do estudo e prática da Torah pela pessoa.

Predizendo o Futuro

Um pequeno número de Cabalistas tentou predizer acontecimentos pela cabala. A palavra passou a ser usada como referência às ciências secretas em geral, à arte mística, ou ao mistério.

Depois disso, a palavra cabala veio a significar uma associação secreta de uns poucos indivíduos que buscam obter posição e poder por meio de práticas astuciosas.

Outros termos que originalmente se referiam a associações religiosas mas que passaram a se referir de alguma forma a comportamentos perigosos e suspeitos incluem fanático, assassino, e brutamontes.

Cabala e a Tradição Esotérica Ocidental

A Tradição Esotérica Ocidental (ou Hermética) é a maior precursora dos movimentos do Neo-Paganismo e da Nova Era, que existem de diversas formas atualmente, estando fortemente intrincados com muitos dos aspectos da Cabala. Muito foi alterado de sua raiz Judaica, devido à prática esotérica comum do sincretismo. Todavia a essência da tradição está reconhecidamente presente.

A Cabala “Hermética”, como é muitas vezes denominada, provavelmente alcançou seu apogeu na “Ordem Hermética do Alvorecer Dourado” (Hermetic Order of the Golden Dawn), uma organização que foi sem sombra de dúvida o ápice da Magia Cerimonial (ou dependendo do referencial, o declínio à decadência). Na “Alvorecer Dourado”, princípios Cabalísticos como as dez emanações (Sephiroth), foram fundidas com deidades Gregas e Egípcias, o sistema Enochiano da magia angelical deJohn Dee, e certos conceitos (particularmente Hinduístas e Budistas) da estrutura organizacional estilo esotérico- (Maçônica ou Rosacruz).

Muitos rituais da Alvorecer Dourado foram expostos pelo legendário ocultista Aleister Crowley e foram eventualmente compiladas em formato de Livro, por Israel Regardie, autor de certa notoriedade.

Crowley deixou sua marca no uso da Cabala, em vários de seus escritos; destes, talvez o mais ilustrativo seja Liber 777. Este livro é basicamente um conjunto de tabelas relacionadas: às várias partes das cerimônias de magias religiosas orientais e ocidentais; a trinta e dois números que representam as dez esferas e vinte e dois caminhos da Árvore da Vida Cabalística.

A atitude do sincretismo demonstrada pelos Cabalistas Herméticos é planamente evidente aqui, bastando checar as tabelas, para notar que Chesed corresponde a Júpiter, Isis, a cor azul (na escala Rainha), Poseidon, Brahma e ametista – nada, certamente, do que os Cabalistas Judeus tinham em mente.

Sephiroth

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Sephiroth (cujo singular é Sephirah) são as dez emanações de Ain Soph na cabala. Segundo a cabala, Ain Soph é um princípio que permanece não manifestado e é incompreensível à inteligência humana. Deste princípio emanam os Sephiroth em sucessão. Esta sucessão de emanações forma a Árvore da Vida.

Existe além disso uma "falsa Sephirah", chamada Daäth (Conhecimento). Localiza-se no Pilar do Equilíbrio, na linha do Véu do Abismo.

Árvore da Vida

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Árvore da Vida e algumas correspondências
Árvore da Vida e algumas correspondências

A Árvore da Vida é uma ferramenta usada para organizar e categorizar varios conceitos místicos, e é um dos pontos principais para o ensino da Qabalah. Em seu nível mais simples, é composta de dez esferas ou emanações chamadas Sephiroth (no singular Sephirah) que são conectadas entre si por doze caminhos. As Sephiroth e os outros 22 caminhos são representados pelos planetas, elementos e signos do Zodíaco. A cada caminho corresponde também uma letra do Alfabeto Hebraico e um Arcano Maior do Tarot.

Conteúdo

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O diagrama

"Esta figura deve ser estudada muito cuidadosamente, visto ser a base de todo o sistema sobre o qual o Tarot se fundamenta. É absolutamente impossível dar uma explicação completa dessa figura, porque ela é absolutamente universal, não podendo, portanto, significar o mesmo para esta e aquela pessoa."

Aleister Crowley
O Livro de Thoth

Os Quatro Mundos

As Sephiroth se manifestam em quatro diferentes planos, interconectando as dez Sephiroth em camadas cada vez mais densas.

Alguns autores possuem variações deste esquema.

Os Pilares

A Árvore também pode ser dividia em três pilares:

  • Pilar da Severidade - esquerdo (Pilar Negro)
  • Pilar do Equilíbrio - centro
  • Pilar da Misericórdia - direito (Pilar Branco)

Os pilares da Severidade e Misericórdia também são chamados, respectivamente, de Boaz e Jachin. Podemos ler acerca disso em 2º Crônicas III, 17:

"E levantou as colunas diante do templo, uma à direita, e outra à esquerda; e chamou o nome da que estava à direita Jachin, e o nome da que estava à esquerda Boaz"

Portanto:

Boaz = Severidade, Pilar Negro
Jachin = Misericórdia, Pilar Branco

As Partes da Alma

As Sephiroth

KetherCoroaPrimum MobileIpsissimus
ChochmahSabedoriaEsfera do ZodíacoMagus
BinahEntendimentoEsfera de SaturnoMagister Templi
ChesedMisericórdiaEsfera de JúpterAdeptus Exemptus
GeburahSeveridadeEsfera de MarteAdeptus Major
TipharethBelezaEsfera do SolAdeptus Minor
NetzachVitóriaEsfera de VênusPhilosophus
HodGlóriaEsfera de MercúrioPracticus
YesodFundamentoEsfera da LuaZelator
MalkuthReinoEsfera dos ElementosNeófito

Podemos citar também as Qliphoth ( do singular Qliphah, "mulher indecente") - Mundo Maligno referente ao Abismo de Daäth a Àrvore da Vida inversa, o aspecto inverso das Sephiroth.

Os Caminhos

A Árvore da Vida e os graus da Astrum Argentum
A Árvore da Vida e os graus daAstrum Argentum

Existem 22 caminhos que conectam as dez Sephiroth. Eles são nomeados de acordo com as 22 letras do Alfabeto Hebraico.

א - Aleph
ב - Beth
ג - Gimel
ד - Daleth
צ - Tzaddi
ו - Vau
ז - Zayin
ח - Cheth
ל - Lamed
י - Yod
כ - Kaph
ט - Teth
מ - Mem
נ - Nun
ס - Samekh
ע - Ayin
פ - Pe
ה - He
ק - Qoph
ר - Resh
ש - Shin
ת - Tau

אלף (Boi)
בית (Casa)
גמל (Camelo)
דלת (Porta)
צדי (Anzol)
וו (Cauda)
זין (Espada)
חית (Cerca)
למד (Agulhão)
יוד (Mão)
כף (Palma)
טית (Serpente)
מים (Água)
נון (Peixe)
סמך (Suporte)
עין (Olho)
פה (Boca)
הה (Janela)
קוף (Nuca)
ריש (Cabeça)
שין (Dente)
תו (Cruz)

Kether

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Este artigo apresenta-se bruto.
Ajude-nos a dividir seu conteúdo em sub-títulos para facilitar e tornar mais clara a sua leitura!

Kether é a primeira Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Título: Kether, a Coroa. (Em hebraico: Kaph, Tau, Resh.)

Imagem Mágica: Um velho rei barbado, visto'de perfil.

Localização na Árvore: No topo do Pilar do Equilíbrio, no Triângulo Supremo.

Texto Yetzirático: 0 Primeiro Caminho chama-se Inteligência Admirável, ou Oculta, pois é a luz que concede o poder da compreensão do Primeiro Princípio, que não tem começo. É a Glória Primordial, pois nenhum ser criado pode alcançar-lhe a essência.

Títulos Conferidos a Kether: A Existência das Existências. 0 Segredo dos Segredos. 0 Antigo dos Antigos. Ancião dos Dias. 0 Ponto Primordial. 0 Ponto no Círculo. 0 Altíssimo. 0 Rosto Imenso. A Cabeça Que não Existe. Macroprosopos. Amém. Luz Occulta. Luz Interna. He.

Nome Divino: Eheieh.

Arcanjo: Metatron.

Coro Angélico: As criaturas vivas a sagradas. Chaioth ha Qadesh.

Chakra Cósmico: Rashith ha Gilgalim. Primum Mobile. Primeiros Remoinhos.

Experiência Espiritual: A União com Deus.

Virtude: Consecução. A Realização da Grande Obra.

Correspondência no Microcosmo: 0 Crânio. 0 Sah. Yechidah. A Centelha Divina. 0 Lótus de Mil Pétalas.

Simbolos: 0 ponto. A coroa. A suástica.

Cartas do Tarô: Os quatro ases: Ás de Raus: raiz dos Poderes do Fogo; Ás de Copas: raiz dos Poderes da Água; Ás de Espadas: raiz dos Poderes do Ar; Ás de Ouros: raiz dos Poderes da Terra.

Cor em Atziluth: Esplendor.

Cor em Briah: Esplendor branco, puro.

Cor em Yetzirah: Esplendor branco, puro.

Cor em Assiah: Branco, salpicado de ouro.


Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Kether, a Coroa, localiza-se na cabeça do Pilar Medial do Equilíbrio, e nele estão suspensos os Véus Negativos da Existência. Já comentei a utilização desses Véus Negativos como estrutura para o pensamento, de modo que não repetirei esse ponto, mas lembro ao leitor qúe Kether, a Primeira Manifestação, representa a cristalização primordial na manifestação do que era até então imanifesto e, por conseguinte, incognoscível. Nada podemos saber a respeito da raiz da qual brota Kether; mas, quanto à própria Kether, podemos adiantar alguma coisa. Ela pode representar para nós, em nosso estágio de desenvolvimento, o Grande Desconhecido, mas não é o Grande Incognoscível. A mente do mago pode abarcá-la em suas visões mais elevadas. Em minhas próprias experiências com a operação conhecida como Elevação nos Planos, que consiste em elevar a consciência pelo Pilar Médio, por meio da concentração nos sucessivos símbolos a nos Caminhos, Kether, numa ocasião em que lhe toquei as fímbrias, surgiu como uma cegante luz branca, anulando por completo o pensamento.


2. Não existe forma em Kether, apenas puro ser, qualquer que seja ele. Poderíamos dizer que se trata de uma latência que se encontra a apenas um grau da não-existência. Tais conceitos são necessariamente vagos a não estou capacitada para dar-lhes a precisão que devem ter, mas ficarei satisfeita se pudermos reconhecer os graus do devir, compreendendo que a rude diferenciação entre Ser a Não-Ser não representa os fatos. Quando a existência se toma manifesta, os pares de opostos penetram o ser; mas em Kether não existe divisáo nos pares de opostos, pois estes, para se manifestarem, precisam esperar a emanação de Chokmah a Binah.


3. Kether, portanto, é o Um, que existia antes mesmo de dispor de um reflexo de si mesmo, para apresentar-se como imagem na consciência e aí estabelecer a polaridade. Devemos acreditar que ela transcende todas as leis conhecidas da manifestação - apenas existe, sem reação. Cabe lembrar, contudo, que, quando falamos de Kether, não significa uma pessoa, mas um estado de existência, a tal estado de substância existente deve ter sido completamente inerte, puro ser, sem atividade, até iniciar-se a atividade, que emana Chokmah.


4. A mente humana, não conhecendo outro modo de existência além do da forma a da atividade, tem muita dificuldade para conceber um estado inteiramente informe de passividade, o qual é, não obstante, muito distinto do não-ser. Mas precisamos realizar esse esforço, se quisermos compreender os fundamentos da filosofia cósmica. Não devemos lançar os Véus da Existência Negativa à frente de Kether ou nos condenar a uma perpétua dualidade insolúvel; Deus e o demônio lutarão para sempre em nosso cosmo, e não há finalidade em seu conflito. Devemos treinar a mente para conceber o estado de puro ser sem atributos ou atividades; podemos pensar nele como a luz branca cegante, não diferenciada em raios pelo prisma da forma; ou como a escuridão do espaço interestelar, que é nada, embora contenha as potencialidades de todas as coisas. Esses símbolos, sobre os quais repousa o olho interior, constituem um auxilio mais proveitoso para a compreensão de Kether do que todas as definições da filosofia exata. Não podemos definir a Sephirah Kether; só podemos indicá-la.


5. Constitui sempre uma experiência iluminadora descobrir o extraordinário significado das pistas contidas nas tabelas de correspondências, e o modo pelo qual elas conduzem a mente de um conceito a outro. A Primeira Sephirah chama-se Coroa, não cabeça, note-se. A Coroa é um objeto que se põe sobre a cabeça, a esse fato nos dá uma clara indicação de que Kether pertence ao nosso Cosmo, embora não esteja nele. Descobrimos também a sua correspondência microscómica no Lótus das Mil Pétalas, o chakra Sahamsara, que se localiza na aura, imediatamente acima da cabeça. Penso que isso nos ensina claramente que a essência espiritual mais íntima de alguma coisa, seja no homem ou no mundo, nunca está na manifestação real, sendo antes a base ou raiz subjacente de onde tudo brota a pertencendo, na verdade, a uma dimensão diferente - a uma ordem diferente de ser. Esse conceito dos diferentes tipos de existência é fundamental para a filosofia esotérica a devemos tê-to sempre presente quando consideramos os reinos invisíveis do mago ou do ocultista prático.


6. Na filosofia vedanta, Kether equivaleria sem dúvida a Parabrahmâ; Chokmah, a Brahman; a Binah, a Mulaprakriti. Nos outros grandes sistemas do pensamento humano, Kether equivale ao seu conceito primário, correspondendo ao Pai dos Deuses. Se foram estes que criaram o universo no espaço, então Kether é o Deus do céu. Se o universo se originou na água, Kether é o oceano primordial. Kether relaciona-se sempre com o sentido do informe a do eterno. Os deuses de Kether são deuses terríveis que devoram suas crianças, pois Kether, embora seja o pai de todos, reabsorve o universo ao final de uma época de evolução.


7. Kether é o abismo donde se originam todas as coisas, a para onde estas voltarão ao final de sua era. Nos caminhos exotéricos associados a Kether,descobrimos, por conseguinte, a implicação da não-existência. Nos conceitos esotéricos, contudo, aprendemos que esse conceito é errôneo. Kether é a forma mais intensa de existência, ser puro, não-limitado por forma ou reação; mas essa existência pertence a um tipo diverso daquele a que estamos acostumados, aparecendo-nos, portanto, como não-existência, porque não combina com nenhum dos requisitos que a nosso ver determinam a existência. A idéia da existência de outros modos de ser está implícita em nossa filosofia a devemos tê-la sempre em mente, porquanto é a chave de Kether, a Kether é a chave da Árvore da Vida.


8. O texto yetzirático descritivo de Kether, como todos os dizeres da Sepher Yetzirah, é uma sentença oculta. Afirma ele que Kether se chama Inteligência Oculta, a os diversos títulos conferidos a Kether na literatura cabalística confirmam essa denominação. Kether é o Segredo dos Segredos, a Altura Inescrutável, a Cabeça Que Não É. Temos aqui novamente a confirmaçáo da idéia de que a coroa está acima da cabeça do Homem Celestial, o Adão Cadmo; o ser puro está atrás de toda manifestação, a não é por ela absorvido, sendo antes a causa de sua emanação ou manifestação. Tal como nos expressamos em nossas obras, assim se expressa Kether na manifestação. Mas as obras de um homem não constituem a sua personalidade, sendo, ao contrário, a expressão de sua atividade natural. Ocorre o mesmo com Kether; seu modo de existência não é manifesto, mas constitui a causa da manifestação.


II


9. Temos até agora considerado Kether em Atziluth, isto é, em sua natureza essencial a primordial. Devemos considerá-la agora tal como aparece nos outros três Reinos distinguidos pelos cabalistas.



10. Cada Reino, ou plano de manifestação, tem sua forma primária: a matéria, por exemplo, é, com toda probabilidade, primariamente elétrica, a essa forma primordial, segundo os esoteristas, consiste no subplano etérico que subjaz aos quatro planos elementais: Terra, Ar, Fogo a Água; ou, em outras palavras, os quatro estados da matéria densa: sólido, líquido, gasoso a etéreo.


11. Os cabalistas concebem a Árvore em cada um dos quatro Reinos, a saber: Atziluth, espírito puro; Briah, mente arquetípica; Yetzirah, consciência imagética astral; a Assiah, o mundo material em seus aspectos densos e mais sutis. As operaçáes das forças de cada Sephirah são representadas em cada mundo sob a presidência de um Nome Divino, ou Mundo do Poder, e esses mundos dão as chaves das operações do ocultismo prático nos diversos planos. O Nome de Deus representa a ação da Sephirah no Mundo de Atziluth, espírito puro; quando o ocultista invoca as forças de uma Sephirah pelo Nome de Deus, isso significa que ele deseja entrar em contato com sua essência mais abstrata, pois está buscando o princípio espiritual que sustenta a condiciona esse modo particular da manifestação. Reza uma máxima do Ocultismo Branco que toda operação deve começar pela invocação do Nome Divino na Esfera em que ocorrerá a operação. Isso assegura que a operação estará em harmonia com a lei cósmica. Nunca se deve descurar o equilíbrio da força natural, pois o equilíbrio é essencial para que o mago conduza em segurança as operações de acordo com a lei cósmica; por conseguinte, o mago deve procurar compreender o princípio espiritual envolvido em cada problema a operá-to convenientemente. Toda operação, por conseguinte, precisa ter sua unificaçâo ou resolução final em Eheieh, o nome de Deus de Kether em Atziluth.


12. A invocação da divindade sob o nome de Eheieh, isto é, a afirmação do ser puro, eterno, imutável, sem atributos ou atividades, que tudo sustém, mantém a condiciona, é a fórmula primária de toda operação mágica. Somente ao ser penetrada pela compreensão desse ser imutável a sem fim, de extraordinária concentração a intensidade, pode a mente ter qualquer compreensão do poder ilimitado. A energia derivada de qualquer outra fonte é uma energia limitada a parcial. A fonte pura de toda energia localiza-se tão-somente em Kether. As operações do mago visando à concentração da energia (e que operação não o faz?) devem sempre começar por Kether, porquanto deparamos nessa Sephirah com a força emergente que brota do Grande Imanifesto, o reservatório do poder ilimitado. É graças a Kether, o Grande Imanifesto oculto atrás dos Véus da Existência Negativa, que o poder tem origem. Se extrairmos poder de qualquer esfera especializada da natureza, estaremos, por assim dizer, tirando de Pedro para dar a Paulo. O poder vem de alguma parte a vai para algum lugar, a deve ser responsável no ajuste de contas final. É por essa razão que se diz que o mago paga com sofrimento o que obtém por meios mágicos. Isso é verdade se sua operação é realizada em qualquer uma das esferas inferiores da natureza; mas se tal operação tem início com Kether em Atziluth, o mago estará extraindo força imanifesta para colocá-la na manifestação; ele aumenta as fontes do universo e, desde que as forças se mantenham em equilíbrio, nenhuma reação rebelde ocorrerá, bem como nenhum pagamento em sofrimento pelo use dos poderes mágicos.


13. Esse é um ponto de extraordinária importância prática. Os estudantes aprenderam que as Três Sephiroth - Kether, Chokmah e Binah estão fora do alcance de qualquer obra prática enquanto estamos encarnados. Na verdade, elas estáo fora do alcance da consciência cerebral, a constituem a base essencial de todos os cálculos mágicos. Se não operamos a partir dessa base, não temos nenhum fundamento cósmico, colocando-nos entre céu e a terra a não encontrando nenhum lugar de repouso seguro. Devemos, ao contrário, manter a tensão mágica que mantém vivas as formas astrais.


14. A grande diferença entre a ciência cristã a as formas mais rudes do novo pensamento e da auto-sugestâo consiste no fato de que a primeira inicia todas as suas operações pela vida divina; e, por mais irracionais que sejam suas tentativas para filosofar o seu sistema, seus métodos são empiricamente sãos. O ocultismo, e especialmente o praticante da Magia Cerimonial, se não foi instruído nessa disciplina, tende a começar sua operação sem qualquer referência à lei cósmica ou ao princípio espiritual; conseqüentemente, as imagens mentais que ele forma são como corpos estranhos no organismo do Homem Celestial, ou Macrocosmo, a todas as forças da natureza se dirigem espontaneamente para a eliminação dá substância estranha e para a restauração do equilíbrio normal das tensões. A natureza luta contra o mago com unhas a dentes; conseqüentemente, todo aquele que recorre à Magia não-consagrada jamais pode descansar sua espada, pois precisa estar sempre na defensiva a fim de manter o que conquistou. Mas o adepto que inicia sua obra com Kether em Atziluth, isto é, no princípio espiritual, e opera esse princípio de cima para baixo a fim de expressá-to nos planos da forma, empregando para esse propósito o poder extraído do Imanifesto, integra sua operação no processo cósmico, e a natureza se coloca a seu lado, em vez de hostilizá-lo.


15. Não podemos esperar entender a natureza de Kether em Atziluth, mas podemos abrir nossa consciência à sua influência, a esta é muito poderosa, conferindo-nos uma estranha sensação de eternidade e imortalidade. Podemos saber quando a invocação de Eheieh em seu puro esplendor branco é efetiva, pois compreendemos, com completa convicção, a impermanência a insignificáncia superior dos planos da forma e a supremá importância da Vida única, que condiciona todas as formas, tal como as mãos do oleiro moldam a argila.


16. A meditação sobre Kether confere-nos a compreensão intuitiva de que o resultado de uma operação tem pouco valor. "Que o sujo brinque com o sujo, se este lhe agrada." Uma vez obtida essa compreensão, temos domínio sobre as imagens astrais e podemos operá-las à vontade. É apenas quando o operador não tem qualquer interesse pela operapão no plano físico que ele atinge esse completo domínio sobre as imagens astrais. Só a manipulação das forças lhe diz respeito, assim como a sua condução por meio da manifestação na forma; mas ele não cuida da forma que as forças podem finalmente assumir, a as deixa por si mesmas, visto que assumirão a forma mais afim a suas naturezas, sendo assim mais fiéis à lei cósmica do que a qualquer desígnio que seu limitado conhecimento poderia conferir-lhes. Essa é a chave real de todas as operações mágicas, a sua única justificativa, pois não podemos alterar o Universo para adaptá-to ao nosso capricho a conveniência, mas só nos justificamos na operação deliberada da Magia quando operamos com a grande maré da vida evolutiva a fim de chegarmos à plenitude da vida, seja qual for a forma que a experiência ou manifestação possa assumir. "Vim para que eles pudessem ter vida, a para que a tivessem em abundáncia", disse o Senhor, a essas poderiam ser as palavras do mago.

Vida, a somente a vida, deveria ser a sua divisa, a não qualquer manifestação especializada dela como Sabedoria, Poder ou mesmo Amor. 


17. Aqueles que seguiram atentamente a exposição precedente estarão em condições de descobrir algum significado nas palavras criptográficas do Texto Yetzirático atribuído a Kether. As palavras "Inteligência Oculta" dão uma pista da natureza imanifesta da existência de Kether, que é confirmada pela afirmação de que "Nenhum ser criado pode alcançar-lhe à essência", ou seja, nenhum ser que utiliza, como veículo de consciência, um organismo dos planos da forma. Quando, contudo, a consciência foi exaltada ao ponto de transcender o pensamento, ela recebe da "Glória Primordial" o "poder de compreensão do Primeiro Princípio"; ou, em outras palavras, "Compreenderemos da mesma maneira pela qual somos compreendidos".


Ill


18. Eheieh, Eu Sou O Que Sou, ser puro, é o Nome divino de Kether, e sua imagem mágica é um velho rei barbado visto de pèrfil. O Zohar afirma que o velho rei barbado só tem o lado direito; não vemos a imagem mágica de Kether em sua face plena, isto é, completa, mas apenas uma parte dela. Há um aspecto que deve sempre permanecer oculto para nós, como o lado escuro da lua. Esse lado de Kether é o lado que está voltado para o Imanifesto, que a natureza de nossa consciência manifesta nos impede de compreender, a que constitui um livro selado para nós. Mas, aceitando essa limitação, podemos contemplar o aspecto de Kether, o perfil do velho rei barbado, que se reflete para baixo na forma.


19. Velho é esse rei, o Antigo dos Antigos, o Velho dos Dias, que existe desde o início, quando o rosto não contemplava rosto algum. Ele é um rei, porque governa todas as coisas de acordo com sua suprema e inquestionável verdade. Em outras palavras, é a natureza de Kether que condiciona todas as coisas, porque todas as coisas surgiram dela. Ele é barbado porque, no curioso simbolismo dos rabinos, todo pêlo de sua barba tem um significado.


20. A manifestação das forças de Kether em Briah, o mundo da mente arquetípica, efetua-se por meio do arcanjo Metatron, o Príncipe das Faces, a quem a tradição atribui o papel de mestre de Moisés. A Sepher Yetzirah afirma a respeito do Décimo Caminho, Malkuth, que ele "emana uma influéncia do Príncipe dos Rostos, o arcanjo de Kether, e é a fonte de iluminação de todas as luzes do universo". Aprendemos, assim, claramente, que não apenas o espírito flui para a manifestação na matéria, mas a matéria, por sua própria energia, lança o espírito na manifestação. Esse é um importante ponto para o praticante da Magia, pois afirma que este tem justificativas para as suas operações a que o homem não precisa esperar a palavra do Senhor, podendo invocar a Deus para ouvi-Lo.


21. Os anjos de Kether, operando no Mundo Yetziático, são os Chaioth ha Qadesh, as Criaturas Vivas a Sagradas, a esse Nome traz à mente a visão do Carro de Fogo de Ezequiel a as Quatro Santas Criaturas diante do Trono. O fato de que os quatro ases do Tarô, atribuídos a Kether, representam as raízes dos quatro elementos, Terra, Ar, Fogo a Água, confirma igualmente essa associação. Podemos, pois, considerar Kether como a fonte primordial dos elementos. Esse conceito esclarece muitas das dificuldades ocultas a metafísicas com que nos deparamos se limitamos sua operação ao plano astral a encaramos os elementais como seres pouco melhores do que os demônios, como parecem fazer algumas escolas de pensamento transcendental.


22. A questão dos anjos, archons a elementais é um tema muito discutido e muito importante no ocultismo, porque a sua aplicação prática à Magia é imediata. O pensamento cristáo pode tolerar com algum esforço a idéia dos arcanjos, mas os espíritos auxiliares, os mensageiros que são as chamas do fogo a os construtores celestes são estranhos à sua Teologia; Deus, sem ajuda a num átimo, fez os céus e a Terra. O Grande Arquiteto do Universo é também o pedreiro. A ciencia esotérica pensa de modo diferente. O iniciado conhece as legiôes de seres espirituais que são agentes da vontade de Deus e os veículos da atividade criativa. É por meio desses que ele opera, pela graça de seu arcanjo dirigente. Mas um arcanjo não pode ser conjurado por nenhum encantamento, por mais potente que este seja. Deveríamos mesmo dizer que, quando efetuamos uma operação da Esfera de uma Sephirah particular, o arcanjo opera por meio de nós para o cumprimento de sua missão. A arte do mago repousa, por conseguinte, em alinhar-se à força cósmica, a fim de que a operação que ele deseja realizar possa produzir-se como parte da operação de atividades cósmicas. Se ele for verdadeiramente puro a devoto, esse será o caso de todos os seus desejos; mas, se ele não for verdadeiramente puro a devoto, não será então um adepto, a sua palavra não será uma Palavra de Poder.


23. É interessante notar que, no Mundo de Assiah, o título da Esfera de Kether é Rashith ha Gilgalim, ou Primeiros Remoinhos, indicando, assim, que os rabinos estavam familiarizados com a teoria das nebulosas antes que a ciência tivesse conhecimento do telescópio. A maneira pela qual os amigos deduziram os fatos básicos da cosmogonia graças a meios puramente intuitivos a mercé da utilização do método de correspondências, séculos antes da invenção a aperfeiçoamento dos instrumentos de precisão que permitiram ao homem moderno realizar as mesmas descobertas de outro ângulo, será sempre um assunto de perpétua perplexidade para todo aquele que estuda a filosofia tradicional sem fanatismo.


24. Como em cima, tal é embaixo. O microcosmo corresponde ao macrocosmo, a precisamos, por conseguinte, buscar no homem a Sephirah Kether que está acima da cabeça que brilha com um puro esplendor branco em Adão Cadmo, o Homem Celeste. Os rabinos a chamam Yechidah, a Centelha Divina; os egípcios a chamam Sah; os hindus a chamam Lótus de Mil Pétalas - o núcleo do espírito puro que emana as múltiplas manifestações nos planos da forma, mas nelas não habita.


25. Enquanto estivermos encarnados, jamais poderemos nos elevar à consciência de Kether em Atziluth e reter o veículo físico intato antes de nosso regresso. Tal como Enoch caminhou com Deus e desapareceu, assim também o homem que tem a visão de Kether se desvanece no que respeita ao veículo da encarnação. Isso se explica facilmente se nos lembrarmos que não podemos entrar num modo de consciência a não ser reproduzindo-o em nós mesmos, assim como uma música nada significa para nós a menos que o coração cante com ela. Se, por conseguinte, reproduzimos em nós mesmos o modo de ser daquilo que não tem forma nem atividade, segue-se que devemos nos livrar da forma a da atividade. Se conseguirmos fazé-lo, o que foi reunido pelo modo de forma da consciencia desaparecerá a voltará aos seus elementos. Assim dissolvido, ele não pode ser reunido ao retornar à consciência. Por conseguinte, quando aspiramos à visão de Kether em Atziluth, devemos estar preparados para penetrar na Luz a nunca mais sair dela.


26. Isso não implica ser o Nirvana aniquilação, tal como uma tradução ignorante da filosofia oriental ensinou ao pensamento europeu; mas também náo implica uma completa mudança de modo ou dimensão. O que seremos, quando nos descobrirmos no mesmo nível das Criaturas Vivas a Sagradas, não o sabemos, a ninguém que alcançou a visão de Kether em Atziluth retomou para contar-nos; mas a tradição afirma que existem aqueles que o fizeram, a que eles estáo intimamente relacionados com a evolução da humanidade a são os protótipos dos super-homens, a respeito dos quais todas as raças têm uma tradição - uma tradição que, infelizmente, tem sido envilecida a degradada nos últimos anos pelos ensinamentos pseudo-ocultistas. O que quer que seja que esses seres possam ser ou não, é seguro dizer que eles não têm nem forma astral nem personalidade humana, mas são como chamas no fogo que é Deus. O estado da alma que atingiu o Nirvana pode ser comparado a uma roda que perdeu seu aro a cujos raios penetram e interpenetram toda a criação; um centro de radiação, a cuja influência não se pode determinar um limite, exceto o de seu próprio dinamismo, a que mantém a sua identidade como um núcleo de energia:


27. A experiência espiritual atribuída a Kether é a união com Deus. Esse é o fim e o objetivo de toda a experiência mística e, se procurarmos qualquer objetivo, seremos como aqueles que edificam uma casa no mundo da ilusão. Tudo o que pode reter o místico em seu caminho direto para esse objetivo produz-lhe a impressão de um grilhão, que o prende, e, que, como tal, deve ser quebrado. Tudo aquilo que sujeita a consciência à forma, todos os desejos que não sejam o da união com Deus são males para ele e, desse ponto de vista, ele está certo; agir de outra maneira invalidaria sua técnica.


28. Mas essa não é a única prova que o místico deve enfrentar; exigese-lhe que satisfaça os requisitos dos planos da forma antes de estar livre para começar sua retirada a escapar da forma. Há o Caminho da Mão Esquerda que conduz a Kether, a Kether das Qliphoth, que é o Reino do Caos. Se o adepto aspirante se aventura pelo Caminho Místico prematuramente, é para lá que ele vai, a não ao Reino da Luz. Para o homem que é naturalmente do Caminho Místico, a disciplina da forma é incompatível. E uma das mais sutis tentações é abandonar a batalha da existência na forma, a qual resiste ao seu domínio, a retirar-se pelos planos antes que o nadir tenha sido atravessado a as lições da forma tenham sido aprendidas. A forma é a matriz na qual a consciência fluídica é mantida até adquirir uma organização à prova de dispersão; até tomar-se um núcleo de individualidade diferenciada do mar amorfo do puro ser. Se a matriz for quebrada muito cedo, antes que a consciência fluídica se tenha formado como um sistema organizado de tensões estereotipadas pela repetição, a consciência se retrairá para o amorfo, assim como a argila retomará à lama se libertada do amparo do molde antes de ser queimada. Se há um místico cujo misticismo produz incapacidade mundana ou qualquer tipo de disposição da consciência, sabemos que o molde se quebrou muito cedo para ele, a ele deve retomar à disciplina da forma até que a sua lição tenha sido aprendida a sua consciência tenha alcançado uma organização coerente a coesa que nenhum Nirvana possa destruir. Que ele corte lenha a carregue água a serviço do Templo, se desejar, mas que não profane o local sagrado com suas patologias a imaturidades.


29. A virtude atribuída a Kether é a da consecução; a realização da Grande Obra, para utilizar um termo pedido de empréstimo aos alquimistas. Sem a realização não há consecução a sem consecução não há realização. Boas intenções pesam pouco na escala da justiça cósmica; é por nossa obra completada que somos conhecidos. Temos, é verdade, toda a eternidade para completá-la, mas devemos fazê-to até o Yod final. Não há misericórdia na justiça perfeita, a não ser a que nos permite tentar novamente.


30. Kether, contemplada do ponto de vista da forma, é a coroa do Reino do Esquecimento. A não ser que compreendamos a natureza vital da Pura Luz Branca, sentiremos pouca tentação de lutar por essa Coroa que não é dessa ordem de ser; e, se tivermos essa compreensão, entáo estaremos livres da limitação da manifestação a poderemos falar a todas as formas como quem realmente tem a autoridade para fazê-lo

Chochmah

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Chochmah ou Chokmah é a segunda Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Título: Chokmah, Sabedoria. (Em hebraico: Cheth, Kaph, Mem, Hé.)

Imagem Mágica: Uma figura masculina, barbada. Localização na Árvore: No topo do Pilar da Misericórdia, no Triângulo Supremo.

Texto Yetzirático: 0 Segundo Caminho chama-se Inteligência Iluminadora. É a Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade, que a iguala. É exaltada sobre todas as cabeças, a os cabalistas a chamam de Segunda Glória.

Títulos Conferidos a Chokmah: Poder de Yetzerah. Ab. Abba. 0 Pai Supremo. Tetragrammaton. Yod do Tetragrammaton.

Nome Divino: Jehovah.

Arcanjo: Ratziel.

Coro Angélico : Auphanim, rodas.

Chakra Cósmico: Mazloth, o Zodíaco.

Experiência Espiritual: A Visão de Deus face a face.

Virtude: Devoção.

Correspondéncia no Microcosmo: 0 lado esquerdo da face.

Símbolos: 0 lingam. 0 falo. 0 Yod do Tetragrammaton. 0 Manto Interno da Glória. 0 pedestal. A torre. 0 cetro ereto do poder. A linha reta.

Cartas do Tarô: Os quatro dois: Dois de Paus: domínio; Dois de Copas: amor; Dois de Espadas: paz restaurada; Dois de Ouros: mudança harmoniosa.

Cor em Atziluth: Azul-suave puro.

Cor em Briah: Cinza.

Cor em Yetzirah: Cinza-pérola iridescente.

Cor em Assiah: Branco salpicado de vermelho, azul a amarelo.


Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Toda fase de evolução tem início num estado de força instável e caminha, graças à organização, para o equilíbrio. Uma vez este alcançado, nenhum desenvolvimento posterior poderá ocorrer, se a estabilidade não for superada, dando início, mais uma vez, a uma fase de forças em conflito. Como já vimos, Kether é o ponto formulado no vazio. De acordo com a definição euclidiana, um ponto tem posição, mas não dimensões. Se, contudo, concebermos esse ponto movendo-se no espaço, ele se transformará numa linha. A natureza da organização a da evolução das Três Supremas está tão distante da nossa experiência que só podemos concebê-la simbolicamente; mas, se imaginarmos o Ponto Primordial que é Kether estendendo-se pela linha que é Chokmah, teremos a representação simbólica mais adequada que seremos capazes de alcançar em nosso presente estágio de desenvolvimento.


2. Esse fluxo de energia, representado pela linha reta ou pelo cetro ereto do poder, é essencialmente dinâmico. Trata-se, na verdade, de um dinamismo primário, pois não podemos conceber a cristalização de Kether no espaço como um processo dinâmico; ela partilha, antes, de uma certa estaticidade - a limitação do informe a do liberto, nos moldes da forma, por mais tênue que a forma possa parecer aos nossos olhos.


3. Atingidos os limites da organização dessa forma, a força que flui incessantemente do Imanifesto transcende as suas limitações, demandando modos novos de desenvolvimento a estabelecendo relações a tensões novas. Chokmah é esse fluxo de força desorganizada a desequilibrada, e, sendo Chokmah uma Sephirah dinâmica, que flui incessantemente como energia ilimitada, poderíamos considerá-la, apropriadamente, mais como um canal por onde passa a energia do que como um receptáculo em que a força é armazenada.


4. Chokmah não é uma Sephirah organizada, a sim a Grande Estimuladora do Universo. É de Chokmah que Binah, a Terceira Sephirah, recebe o seu influxo de emanação, a Binah é a primeira das Sephiroth organizadoras e estabilizantes. Não é possível compreender nenhuma Sephirah sem estudar a sua companheira; por conseguinte, para compreender Chokmah, deveremos dizer algo a respeito de Binah. Notemos, preliminarmente, que Binah é atribuída ao planeta Saturno, recebendo o título de Mãe Superior.


5. Em Chokmah a Binah temos, respectivamente, o positivo e o negativo arquetípicos; a masculinidade e a feminilidade primordiais, estabelecidas quando "o rosto não contemplava rosto algum" a quando a manifestação ainda era incipiente. É desses pares de opostos primários que surgem os Pilares do Universo, por entre os quais se tece a rede da manifestação.


6. Como já observamos, a.Árvore da Vida é uma representação diagramática do Universo, na qual os aspectos positivo a negativo, masculino a feminino são representados pelos dois pilares laterais, da Misericórdia e da Severidade. Pode parecer estranho que o título de Misericórdia seja conferido ao Pilar masculino a positivo, e o de Severidade ao feminino; mas, quando se compreende que a força dinâmica masculina é a que estimula a elevação e a evolução, a que é a força feminina que edifica as formas, percebe-se que a nomenclatura é adequada, pois a forma, embora seja edificadora a organizadora, é também limitadora; toda forma constituída precisa, por sua vez, ser superada, perdendo sua utilidade a assim, tomando-se um obstáculo à vida evolutiva; por conseguinte, ela é a causadora da dissolução a da desintegração que conduz à morte. O Pai é o Dador de vida; mas a Mãe é a Dadora da morte, porque seu útero é a porta de ingresso para a matéria, a por intermédio dela a vida é animada na forma, a nenhuma forma pode ser infinita ou eterna. A morte está implícita no nascimento.


7. É por entre esses dois aspectos polarizados dá manifestação - o Pai Supremo e a Mãe Suprema - que se tece a rede da vida; as almas vão a vêm entre eles, como a lançadeira de um tecelão. Em nossas vidas individuais, em nossos ritmos fisiológicos, na história da ascensão a queda das nações, observamos a mesma periodicidade rítmica.


8. Nesse primeiro par de Sephiroth, temos a chave para o sexo - o par de opostos biológicos, a masculinidade e a feminilidade. Mas a paridade de opostos não ocorre apenas no tipo; ela ocorre também no tempo, a temos épocas alternadas em nossas vidas, em nossos processos fisiológicos, a na história das nações, durante as quais atividade a passividade, construção a destruição prevalecem altemadamente; o conhecimento da periodicidade desses ciclos integra a antiga sabedoria secreta dos iniciados e é operado astrológica e cabalisticamente.


9. A imagem mágica de Chokmah a os símbolos atribuídos a ela confirma essa idéia. A imagem mágica é a de um homem barbado - barbado para indicar maturidade; o pai que provou sua masculinidade, não o homem virgem inexperiente. A linguagem simbólica fala claramente, e o lingam dos hindus e o falo dos gregos são o órgão gerador masculino em seus respectivos idiomas. O pedestal, a torre e o cetro levantado simbolizam o membro viril em sua potência maior.


10. Não devemos pensar, contudo, que Chokmah é apenas um símbolo fálico ou sexual. Ela é, antes de mais nada, um símbolo dinâmico ou positivo, pois a masculinidade é uma forma de força dinâmica, assim com a feminilidade é uma forma de força estática, latente ou potencial, inerte até que se lhe comunique o estímulo. O todo é maior do que a parte, a Chokmah e Binah são o todo de que o sexo é uma parte. Compreendendo a relação existente entre o sexo e a força polarizante como um todo, descobrimos a chave para a correta compreensão desse aspecto da natureza, a podemos avaliar, no contexto do padrão cósmico, os ensinamentos da psicologia a da moralidade a respeito da sexualidade. Podemos observar também, com os freudianos, os inúmeros símbolos de que se vale a mente subconsciente do homem para representar o sexo, compreendendo, ademais, conforme assinalam os moralistas, o processo de sublimação do instinto sexual. A manifestação é sexual porque ocorre sempre em termos de polaridade; e o sexo é cósmico a espiritual porque suas raízes mergulham nas Três Supremas. Devemos aprender a não dissociar a flor aérea da raiz terrestre, pois a flor que é separada de sua raiz fenece, a suas sementes ficam estéreis, ao passo que a raiz, protegida pela terra-mãe, pode produzir flor após flor a levar o seu fruto à maturidade. A natureza é maior do que a moralidade convencional, que, no mais das vezes, não passa de tabu a totemismo. Felizes sáo os povos cuja moralidade incorpora as leis da natureza, pois suas vidas serão harmoniosas a eles crescerão e, multiplicados, dominarão a Terra. Desgraçados são os povos cuja moralidade é um sistema selvagem de tabus, concebido para incensar uma divindade imaginária como Moloch, pois eles serão estéreis a pecadores; a desgraçados também são os povos cuja moralidade ultraja a santidade dos processos naturais a que, ao arrancarem a flor, não prestam atenção ao fruto, pois seu corpo será doente e o seu Estado, corrupto.


11. Em Chokmah, portanto, devemos ver tanto a Palavra criadora que disse "Faça-se a luz" como o lingam de Siva e o falo adorado pelas bacantes. Devemos aprender a reconhecer a força dinâmica, e a reverenciá-la, onde quer que a vejamos, pois seu nome divino é Jehovah Tetragrammaton. Vemo-la na cauda aberta do pavão a na iridescéncia do pescoço do pombo; igualmente, podemos ouvi-la no chamado do gato no cio, e a senti-la no cheiro do bode. Também a encontramos nas aventuras colonizantes das épocas mais viris da história inglesa, especialmente as de Elizabeth a Vitória ambas mulheres! Vemo-la novamente no homem diligente que se esforça em sua profissão para manter o lar. Esses aspectos pertencem todos a Chokmah, cujo título adicional é Abba - Pai. Em todas essas manifestações, devemos ver o pai, o progenitor, que dá vida ao não-nascido, assim como o macho que deseja a sua companheira; teremos, assim, uma perspectiva mais autêntica dos assuntos relativos ao sexo. A atitude vitoriana, em sua reação contra a grosseria da Restauração, atingiu praticamente o padrão de tribos muito primitivas, as quais, como nos contam os viajantes, não associam a união dos sexos com o nascimento da prole.


12. Está dito que a cor de Chokmah é o cinza; em seus aspectos superiores, cinza-pérola iridescente. Essa cor simboliza o velamento da pura luz branca de Kether, que desce, em sua rota de manifestação, até Binah, cuja cor é o preto.


13.O Chakra Cósmico, ou manifestação física direta de Chokmah, é o Zodíaco, que em hebraico se chama Mazloth. Vemos assim que os antigos rabinos compreendiam corretamente o processo da evolução de nosso sistema solar.


14.O Texto Yetzirático atribuído a Chokmah é, como de costume, extremamente obscuro em sua formulação; não obstante, podemos extrair dele algumas pistas esclarecedoras. O Segundo Caminho, como se denomina Chokmah, chama-se Inteligência Iluminadora. Já nos referimos à Palavra criadora que diz "Faça-se a luz". Entre os símbolos atribuídos a Chokmah no 777 (sistema Malher-Crowley), encontramos o do Manto Intemo da Glória, que é um termo gnóstico. Essas duas idéias, tomádas em conjunto, suscitam a idéia da vida animadora - o espírito iluminador. É a força masculina que, em todos os planos, deposita a centelha fecundante no óvulo passivo e transforma a latência inerte deste no desenvolvimento ativo do crescimento a da evolução. É a força dinámica da vida, que é espírito, que anima a argila da forma física a constitui o Manto Interno da Glória.


15. O Texto Yetzirático confere também a Chokmah o título de Coroa da Criação, implicando assim que essa Sephirah, como Kether, é antes extema ao universo manifesto do que imanente a ele. É a força viril de Chokmah que dá impulso à manifestação e, por conseguinte, é anterior à própria manifestação. A Voz do Logos clamou "Faça-se a luz" muito antes que as águas e o firmamento fossem separados. Essa idéia se destaca ainda mais na frase do Texto Yetzirático que fala de Chokmah como o Esplendor da Unidade, que o iguala, indicando assim claramente a sua afinidade antes com Kether, Unidade, do que com os planos da forma dualística. A palavra esplendor, tal como é aqui empregada, indica claramente uma emanação ou irradiação, a nos ensina a pensar em Chokmah mais como a influência emanante do ser puro do que como uma coisa em si. Isso nos leva a uma compreensão mais verdadeira do sexo. Fique bem claro, contudo, que a esfera de Chokmah nada tem a ver com os cultos da fertilidade como tais, salvo pelo fato de que é a masculinidade, a força dinámica, que promove a vida primordial a evoca a manifestação. Embora as manifestações superiores e inferiores da força dinãmica sejam da mesma esséncia, elas são de níveis diferentes; Priapo não é idintico a Jehovah. Não obstante, a raiz de Priapo se encontra em Jehovah, e a manifestação de Deus Pai encontra-se em Priapo, como o indica o fato de que os rabinos chamam Chokmah de Yod do Tetragrammaton, e o Yod, em sua fraseologia, é idêntico ao fngam.


16. É curioso que a Sepher Yetzirah afirme, a respeito das duas Sephiroth, que elas são exaltadas sobre todas as cabeças - o que é uma contradição; no entanto, como essa afirmação diz respeito a Chokmah a Malkuth, poderemos compreender-lhe o significado se meditarmos sobre seu sentido. Chokmah é o Pai Supremo, Malkuth é a Mãe Inferior, e o mesmo texto que declara sua exaltação sobre todas as cabeças afirma que ela se senta no trono de Binah, a Mãe Superior, a contraparte negativa de Chokmah. Ora, Chokmah é a forma mais abstrata da força, a Malkuth é a forma mais densa da matéria, de modo que temos nessa afirmação uma pista de que cada um dos membros desse par de opostos extremos é a manifestação suprema de seu próprio tipo, sendo ambos igualmente sagrados em seus diferentes caminhos.


17. Devemos fazer uma distinçâo entre o rito da fertilidade, o rito da vitalidade e o rito da iluminação ou inspiração, que invoca as línguas de fogo de Pentecostes. O culto da fertilidade visa à reprodução clara a simples, seja dos rebanhos, dos campos ou das esposas; pertence a Yesod, a nada tem a ver com o culto da vitalidade, que pertence a Netzach, a esfera de VênusAfrodite, a que diz respeito a certo ensinamento esotérico muito importante, relativo ao tema das influências vitalizantes a magnéticas que os sexos exercem um sobre o outro a que é distinto do ato sexual, do qual trataremog quando estudarmos Netzach, a esfera de Vênus.


18.O rito de Chokmah, se assim podemos chamá-lo, diz respeito ao influxo da energia cósmica. É informe, por ser o impulso puro da criação dinãmica; e, sendo informe, a criação a que dá lugar pode assumir toda e qualquer forma; daí a possibilidade de sublimar a força criativa, desviando-a de seu aspecto puramente priápico.


19. Até onde sei, não existe uma cerimônia mágica formal de qualquer das Trés Supremas. Só podemos entrar em contato com elas participando de sua natureza essencial. Kether, ser puro, é atingido quando alcançamos a compreensão da natureza da existência sem partes, atributos ou dimensões. Essa experiência é apropriadamente chamada de Transe da Aniquilação, a aqueles que a experimentaram caminham com Deus a não mais retomam, pois Deus os arrebata; por conseguinte, a experiência espiritual atribuída a Kether é a União Divina, a aqueles que a experimentam penetram na luz a nela permanecem.


20. Para nos colocarmos em contato com Chokmah, temos de experimentar a precipitação da energia cósmica dinâmica em sua forma pura; uma energia tão imensa que o homem mortal nela se funde a se desagrega. Conta-se que, quando Semele, mãe de Dionísio, viu Deus - seu amante divino sob a forma de Zeus -, foi ela crestada a queimada, dando à luz prematuramente o seu filho. A experiência espiritual atribuída a Chokmah é a Visão de Deus face a face; a Deus (Jehovah) disse a Moisés: "Não podes contemplar minha face a sobreviver."


21. Mas, embora a visâo do Pai Divino queime os mortais com Fogo, o Filho Divino pode ser evocado familiarmente por meio dos ritos apropriados - as Bacanálias, no caso do Filho de Zeus, e a Eucaristia, no caso do Filho de Jehovah. Vemos, assim, que existe uma forma inferior de manifestação, que "nos mostra o Pai", mas esse rito deve sua validade apenas ao fato de que deriva sua Inteligência fuminadora, seu Manto Interno de Glória, do Pai, Chokmah.


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22. O grau de iniciação correspondente a Chokmah é o do Mago, a as armas mágicas atribuídas a esse grau são o falo e o Manto Interno da Glória. Esses símbolos têm um significado microcósmico ou psicológico, assim como um significado macrocósmico ou místico. O Manto Interno da Glória significa seguramente a Luz Interna que ilumina todos os homens que vêm ao mundo - a visão espiritual por meio da qual o místico disceme as coisas espirituais, a forma subjetiva da Inteligência Iluminadora a que se refere o Texto Yetzirático.


23. O falo ou lingam é uma das armas mágicas do iniciado que opera o grau de Chokmah. O conhecimento do significado espiritual do sexo a do significado cósmico da polaridade diz respeito a esse grau. Aquele que é capaz de compreender o aspecto mais profundo das coisas místicas a mágicas não pode deixar de perceber o fato de que, na compreensáo desse poder tremendo a misterioso (que chamamos sexo em uma de suas manifestações), reside a chave de muitas coisas. Não é por acaso que as imagens sexuais invadem as visões do vidente, desde o Untico dos Cânticos até O Castelo Interior.


24. Não se deve deduzir do que antecede que advogo ritos orgiásticos como Caminho de Iniciação; mas posso dizer claramente que sem a correta compreensão do aspecto esotérico do sexo o Caminho é um beco sem saída. Freud falou a verdade à sua geração quando apontou o sexo como a chave da psicopatologia; mas ele errou, em minha opinião, quando o transformou na única chave da multiforme alma humana. Assim como não pode haver saúde da subconsciência sem harmonia da vida sexual, não pode haver operação positiva ou dinâmica no plano da superconsciência sem a correspondente compreensão a observação das leis da polaridade. Para muitos místicos que buscam refúgio da matéria no espírito, essas palavras poderáo parecer duras, mas a experiência provará que elas traduzem a verdade; por conseguinte, é preciso dizê-las, embora isso não suscite muitos agradecimentos.


25. O tremendo fluxo descendente da força Chokmah evocada por meio do Nome Divino de Quatro Letras vai do Yod macrocósmico ao Yod microcósmico, sendo, então, sublimado. Se a mente subconsciente não estiver livre de dissociações a repressôes, a todas as partes da multiforme natureza humana não estiverem coordenadas a sincronizadas, as reações e os sintomas patológicos serão o resultado desse fluxo descendente. Isso não significa que o invocador de Zeus é necessariamente um adorador de Priapo, mas significa, isto sim, que nenhum homem pode sublimar uma dissociação. Quando o canal está livre de obstruções, a força descendente pode voltear o nadir a transformar-se numa força ascendente, a qual pode ser dirigida para qualquer esfera ou transformar-se no canal que desejarmos; mas, queiramos ou não, essa força assumirá necessariamente a direção descendente antes de tomar-se ascendente e, a menos que os nossos pés estejam firmemente plantados na terra elemental, rebentaremos como velhos odres de vinho.


26. Os ocultistas práticos sabem que Freud falou a verdade, embora não toda a verdade, mas não ousam afirmá-lo, por medo de serem acusados de adoração do falo a de práticas orgiásticas. Essas coisas têm seu lugar, embora não no Templo do Espírito Santo, a negar-lhe o seu lugar é uma loucura pela qual a era vitoriana pagou bem caro com uma rica colheita de psicopatologia.


27. Quando operamos dinamicamente em qualquer plano, nós o fazemos no Pilar Direito da Árvore, derivando nossa energia primária da força Yod de Chokmah. A esse respeito, devemos nos referir ao fato de que a correspondência microcósmica de Chokmah se estabelece com o lado direito da face. As correspondências macrocósmicas a microcósmicas exercem um papel importante nos trabalhos práticos. O Macrocosmo, ou Grande Homem, é, naturalmente, o próprio universo; e o microcosmo é o homem individual. O homem é o único ser cuja natureza, quádrupla, corresponde exatamente aos níveis do cosmo. Os anjos carecem dos planos inferiores, a os animais carecem dos planos superiores.


28. As referências ao microcosmo não devem ser tomadas literalmente em relação às panes do corpo físico; as correspondências referem-se à aura a às funçôes das correntes magnéticas na aura, a devemos ter sempre em mente, como afirma Swami Vivelcananda, que o que está à direita no macho está à esquerda na fêmea. Além disso, deve-se lembrar que o que é positivo no plano físico é negativo no plano astral; é positivo novamente no piano mental a negativo no plano espiritual, como o indicam as serpentes gêmeas branca a preta do caduceu de Mercúrio. Se colocarmos esse caduceu sobre a Árvore quando pretendermos com ela representar os Quatro Mundos dos cabalistas, formaremos um hieróglifo que revela as operaçôes da lei da polaridade em relação aos pianos. Esse é um hieróglifo muito importante, que fornece aspectos interessantíssimos à meditação.


29. Decorre entáo que, estando a alma numa encarnação feminina, funcionará ela negativamente em Assiah a Briah, mas positivamente em Yetzirah a Atziluth. Em outras palavras, uma mulher é física a mentalmente negativa, mas psíquica a espiritualmente positiva, sucedendo o contrário no homem. Nos iniciados, contudo, há um considerável grau de compensação, pois cada um aprende a técnica tanto dos métodos psiquicos positivos quanto negativos. A Centelha Divina, que é o núcleo de toda alma viva, é, naturalmente, bissexual, contendo as raízes de ambos os aspectos, como ocorre com Kether, à qual corresponde. Nas almas altamente desenvolvidas, o aspecto compensador está desenvolvido pelo menos até certo ponto. A mulher puramente feminina e o homem puramente mascuiino estão hipersexualizados, a julgar pelos padrôes civilizados, a só podem encontrar um lugar apropriado nas sociedades primitivas, onde a fertilidade é a primeira exigência que a sociedade faz às mulheres, e a caça e a guerra são a ocupação constante dos homens.


30. Isso não significa, contudo, que as funções físicas dos sexos estão pervertidas no iniciado, ou que a configuração de seu corpo apresente qualquer modificação. A ciência esotérica ensina que a forma física e o tipo racial que a alma assume em cada encarnação são determinados pelo destino, ou Carma, a que a vida deve ser vivida de acordo com isso. É muito arriscado para nós introduzir mudanças em nosso tipo, racial ou físico, a deveríamos sempre aceitá-to como a base de nossas operaçôes, a escolher nossos métodos de acordo com ele. Há certas operações a certas atividades numa loja para as quais o veículo masculino é mais apropriado do que o feminino e, quando é preciso realizar trabalhos práticos numa cerimônia, os oficiantes são selecionados por seu tipo; mas, quando se trata de realizar os rituais referentes ao treinamento de um iniciado, é costume deixar que cada um se ocupe dos diferentes ofícios para que possam aprender a manipular os diferentes tipos de força e, assim, alcançar o equilibrio.


31. Benjamin Kidd, em seu estimulante livro, Lhe Science of Power, assinala que o tipo superior do ser humano se aproxima ao da criança. Observamos que o tamanho de sua cabeça é relativamente grande em comparação com o peso do corpo, a que as características sexuais secundárias não estão presentes. Encontramos a mesma tendência, de uma forma modificada, no adulto civilizado. O tipo superior de homem não é um gorila hirsuto, nem é o tipo superior de mulher um mamífero exagerado. A tendência da evolução na civilização é para uma aproximação do tipo entre os sexos no que diz respeito às características sexuais secundárias. Que porcentagem de varões civilizados poderia deixar erescer uma barba realmente patriarcal? O caráter sexual primário, contudo, precisa manter-se integralmente ou a raça perecerá rapidamente; a não temos razão alguma para acreditar que esse seja o caso, mesmo entre nossos mais modernos epicenos, que enchem as cortes de divórcio com abundantes evidências de sua transbordante filoprogenitividade.


32. Podemos entender melhor essas coisas se as "colocarmos sob a Ârvore". Os dois Pilares, o positivo sob Chokmah e o negativo sob Binah, correspondem, respectìvamente, ao Ida a ao Pingala dos sistemas da ioga. Essas duas correntes magnéticas, que correm na aura paralelamente à espinha, chamam-se correntes do Sol a da Lua. Numa encarnação masculina, trabalhamos predominantemente com a corrente do Sol, a fertilizadora; numa encarnação feminina, trabalhamos predominantemente com as forças da Lua. Se desejamos operar com o tipo de força oposto àquele com que somos naturalmente dotados, temos de fazê-to utilizando nosso modo natural como base de operação e, por assim dizer, fazê-to "por tabela". O homem que deseja utiiizar as forças da Lua emprega algum artifício que lhe possibilite obter, por reflexo, a força lunar; e a mulher que deseja utilizar as forças solares emprega um artifício pelo qual é capaz de focalizá-las em si mesma a refleti-las. No plano físico, os sexos se unem, e o homem gera um filho na mulher, aproveitando-se dos poderes liuiares de que esta dispõe. A mulher, por outro lado, desejando a criação a sendo incapaz de realizá-la por si própria, seduz o homem por meio de seus desejos, até que este lhe derrame sua força solar, fecundando-a.


33. Nas operações mágicas, o homem e a mulher que deseja operar com a força oposta à de seu veículo físico (e essa operação é parte integrante da rotina do treinamento oculto) eleva o nível de consciência para o piano no qual se acha a polaridade necessária a passa a operar desse plano. O sacerdote de Osíris emprega às vezes os espíritos elementais para suplementar sua polaridade, e a sacerdotisa de Ísis invoca as influências angélicas.


34. Como toda manifestação se produz por meio dos pares de opostos, o princípio da polaridade está implícito não apenas no macrocosmo, mas também no microcosmo. Compreendendo tal princípio a sabendo aproveitar as possibilidades por ele concedidas, seremos capazes de elevar nossos poderes naturais a um nível muito acima do normal; poderemos utilizar o meio ambiente como uma rampa de empuxo, descobrindo a poderosa força de Chokmah nos livros, em nossa tradiçáo racial, em nossa religião, em nossos amigos a colegas; poderemos receber de todos eles o estímulo que nos fecunda a nos toma mental, emocional a dinamicamente criativos. Fazemos o nosso meio ambiente exercer o papel de Chokmah para nosso Binah. Da mesma maneira, podemos exercer o papel de Chokmah para o Binah do meio ambiente. Nos planos sutis, a polaridade não é fixa, mas relativa; o que é mais poderoso do que nós é positivo para nós, tomando-nos comparativamente negativo; o que é menos poderoso do que somos em qualquer aspecto é negativo para nós, a podemos assumir comparativamente o papel positivo. Essa polaridade fluídica, sutil a flutuante constitui um dos aspectos mais importantes dos trabalhos práticos; se a compreendermos a formos capazes de aproveitá-la, poderemos fazer coisas notáveis, estabelecendo nossas vidas a nossas relações com nosso meio ambiente em bases completamente diferentes.


35. Devemos aprender a discernir quando podemos funcionar como Chokmah a produzir feitos no mundo; a quando podemos atuar melhor como Binah, a fazer o nosso meio ambiente fertilizar-nos, de modo a nos tomarmos produtivos. Jamais devemos esquecer que a autofertilização envolve a esterilidade em poucas gerações, a que precisamos sempre ser fertilizados pelo meio no qual estamos trabalhando. É preciso haver um intercâmbio de polaridade entre nós a tudo o que nos propomos a fazer, a devemos estar sempre alerta para descobrir as influências polarizantes, seja na tradição, ou nos livros, seja nos colegas que operam no mesmo campo, ou mesmo na própria oposição a antagonismo dos inimigos; pois há tanta força polarizante num ódio sincero quanto no amor, quando sabemos utilizá-la. Precisamos ter estímulos se desejamos criar alguma coisa, mesmo que esta se resuma a viver uma vida útil. Chokmah é o estímulo cósmico. Tudo que estimula é atribuído a Chokmah, na classificação da Árvore. Os sedativos são atribuídos a Binah. Compreenderemos melhor esse princípio de polaridade cósmica quando estudarmos Binah, a Terceira Sephirah, pois é muito difícil compreender as implicações de Chokmah sem as relacionar ao seu oposto polarizante, com o qual ela sempre funciona. Por conseguinte, não prosseguiremos nosso estudo da polaridade no presente capítulo, concluindo nosso exame de Chokmah com o estudo das cartas que lhe são atribuídas no Tarô. Retomaremos nossa investigação sobre esse tema tão significativo quando Binah nos proporcionar mais dados.


II


36. Como observamos no capítulo sobre Kether, os quatro naipes do baralho do Tarô são atribuídos aos quatro elementos, a vimos que os quatro ases representavam as raízes dos poderes desses elementos. Os quatro dois são atribuídos a Chokmah, a representam o funcionamento polarizado desses elementos em equilíbrio harmônico; por conseguinte, um dois é sempre uma carta de harmonia.


37.O Dois de Paus, que é atribuído ao elemento Fogo, chama-se Senhor do Domínio. O pau é essencialmente um símbolo fálico masculino, e é atribuído a Chokmah, de modo que podemos interpretar essa carta como referência à polarização - o positivo que encontrou seu parceiro no negativo a está em equilíbrio. Não há antagonismo ou resistência ao Senhor do Domínio, a um reino contente aceita o seu governo; Binah, satisfeita, aceita seu parceiro.


38.O Dois de Copas (Agua) chama se Senhor do Amor; temos aqui, novamente, o conceito da polarização harmoniosa.


39. O Dois de Espadas (Ar) chama-se Senhor da Paz Restaurada, indicando que a força destrutiva das espadas está em equilíbrio temporário.


40.O Dois de Ouros (Terra) chama-se Senhor da Mudança Harmoniosa. Aqui, como nas Espadas, vemos a natureza essencial da força elemental modificada por seu oposto polarizante, indicando, assim, o equilíbrio. A força destrutiva de Espadas retoma à paz, e a inércia e a resistência da Terra tomam-se, quando polarizadas pela influência de Chokmah, um ritmo equilibrado.


41. Essas quatro cartas indicam a força Chokmah na polaridade, isto é, o equilíbrio essencial do poder, tal como este se manifesta nos Quatro Mundos dos cabalistas. Quando surgem na adivinhação, elas indicam poder em equilíbrio. Não traduzem, porém, uma força dinâmica, como se poderia esperar em relação a Chokmah, pois Chokmah, sendo uma das Sephiroth Supremas, apresenta força positiva nos planos sutis e, conseqüentemente, nos planos da forma. O aspecto negativo de uma força dinâmica é representado pelo equilíbrio - polaridade. O aspecto negativo de um poder negativo é representado pela destruição, como podemos observar no hieróglifo de Kali, a terrível consorte de Siva, cingida de crânios a dançando sobre o corpo de seu esposo.


42. Esse conceito dá-nos uma chave para outro dos muitos problemas da Árvore - a polaridade relativa das Sephiroth. Como já se observou anteriormente, cada Sephirah é negativa em sua relação com a Sephirah que lhe é superior a da qual recebe o influxo das emanações, a positiva em relação àquela que lhe é inferior, que procede dela, a em relação à qual representa o papel de emanadora. Alguns dos pares de Sephiroth têm, contudo, uma natureza mais definitivamente positiva ou mais definitivamente negativa. Por exemplo, Cholanah é Positiva positiva a Binah é Negativa positiva. Chesed é Positiva negativa, a Binah Negativa negativa. Netzach (Vênus) a Hod (Mercúrio) são hermafroditas. Yesod (Lua) é Negativa positiva a Malkuth (Terra) é Negativa negativa. Nem Kether nem Tiphareth são predominantemente masculinas ou femininas. Em Kether, os pares de opostos estão em estado de Iatência a ainda não se manifestaram; em Tiphareth, eles estão em perfeito equilíbrio.


43. Há dois meios pelos quais a transmutação pode ser efetuada na Árvore; a esses são indicados por dois dos hieróglifos que se superpôem sobre os Sephiroth; um deles é o feróglifo dos Trés Pilares, e o outro é o Hieróglifo do Relâmpago Brilhante. Os Pilares já foram descritos; o Relâmpago Brilhante indica simplesmente a ordem de emanação das Sephiroth, que ziguezagueia de Chokmah a Binah a de Binah a Chesed, para a frente a para trás, através da Árvore. Se a transmutação ocorre de acordo com o Relâmpago Brilhante, a força altera seu tipo; se ocorre de acordo com os Pilares, ela permanece do mesmo tipo, mas num arco superior ou inferior, de acordo com o caso.


44. Esse ponto pode parecer muito complexo~ a abstrato, mas os exemplos servirão para demonstrar-lhe a simplicidade e a praticidade, quando o compreendemos bem. Tomemos o problema da sublimação da força sexual, que tanto preocupa os psicoterapeutas, e a respeito do qual, embora falando muito, eles dizem tão pouco. Em Malkuth, que no microcosmo é o corpo físico, a força do sexo se expressa em termos de óvulo a espermatozóide; em Yesod, que é o duplo etéreo, ela se expressa em termos de força magnética, a respeito da qual nada sabe a psicologia ortodoxa, mas sobre a qual temos muito a dizer sob o cabeçalho da Sephirah correspondente. Hod e Netzach estão no plano astral; em Hod a força do sexo se expressa em imagens visuais e, em Netzach, num tipo diverso de magnetismo, mais sutil, popularmente referido como "aquele algo". Em Tiphareth, o Centro Cristológico, a força torna-se inspiração espiritual, iluminação, influxo oriundo da consciência superior. Se é de tipo positivo, ela se toma inspiração dionísica, inebriação divina; se é negativa, toma-se o amor cristão impessoal a harmonizador.


45. Quando a transmutação é óperada nos Pilares, ficamos impressionados com a verdade da irônica frase francesa Plus ça change, plus c'est la Wme chose. Chokmah, dinamismo puro, estímulo puro sem expressão formada, toma-se, em Chesed, o aspecto edificador a organizador da evolução; anabolismo, em oposição ao catabolismo de Geburah. Em Chesed, a força Chokmah toma-se essa forma peculiarmente sutil de magnetismo que concede o poder de liderança e é a raiz da grandeza. Assim também, no Pilar Esquerdo, a força restritiva de Binah toma-se a força destrutiva de Geburah, e novamente a produtora de imagens mágicas, Mercúrio-Hermes-Thoth.


46. De tempos em tempos, os símbolos da ciência oculta transpiraram para o conhecimento popular, mas o não-iniciado não compreendeu o método de dispor esses símbolos num padrão como o da Árvore, nem soube aplicar-lhe os princípios alquímicos da transmutação a destilação, que é onde residem os segredos reais de sua utilização.

Binah

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Binah é a terceira Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Título: Binah, Entendimento, (Em hebraico: Beth, Yod, Nun, Hé.)

Imagem Mágica: Uma mulher madura. Uma matrona.

Localização na Árvore: No topo do Pilar da Severidade, no Triângulo Supremo.

Texto Yetzirático: A Terceira Inteligência chama-se Inteligência Santificadora, Fundamento da Sabedoria Primordial; chama-se também Criadora da Fé, a suas raízes são o Amém. É a mãe da fé, a fonte de onde emana a fé.

Tftulos Conferidos a Binah: Ama, a Mãe estéril obscura. Aima, a Mãe fértil brilhante. Khorsia, o Trono. Marah, o Grande Mar.

NomeDivino: Jehovah Elohim.

Arcanjo: Tzaphkiei.

Coro Angélico: Aralim, Tronos.

Chakra Cósmico: Shabbathai, Saturno.

Experiência Espiritual: A visão da dor.

Virtude: 0 silêncio.

Yício: A avareza.

Correspondência no Microcosmo: 0 lado direito do rosto.

Símbolos: 0 yoni. 0 Kteis. A Vesica Piscis. A taça ou o cálice. 0 Manto Extemo do Ocultamento.

Cartas do Tarô: Os quatro três: 7Yês de Paus: força estabelecida; Três de Copas: abundância; Três de Espadas: dor; Três de Ouros: trabalhos materiais.

Cor em Atziluth: Carmesim. ,0• Cor em Briah: Negro.

Cor em Yetzirah: Marrom-escuro.

Cor em Assiah: Cinza salpicado de rosa.


Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Binah é o terceiro membro do Triãngulo Supremo, e a tarefa de explicá-la será, ao mesmo tempo, extensa a simples, porquanto podemos estudá-la à luz de Cholcmah, que a equilibra no Pilar oposto da Árvore. Jamais poderemos entender uma Sephirah se a considerarmos em separado de sua posição na Árvore, uma vez que essa posição lhe indica as relações cósmicas; vemo-la em perspectiva, por assim dizer, a podemos deduzir donde provém e para onde vai, que influências intervêm em sua criação, a qual a sua contribuição para o esquema das coisas como um todo.


2. Binah representa a potência feminina do universo, assim como Chokmah representa a masculina. Como já observamos, são Positiva a Negativa; Força a Forma. Cada uma encabeça o seu Pilar, Chokmah no topo do Pilar da Misericórdia a Binah no topo do Pilar da Severidade. Poder-se-is pensar que essa distribuição é antinatural; que a Mãe deveria presidir a misericórdia, e a força masculina do universo, a severidade. Mas não devemos sentimentalizar essas coisas. Estamos tratando de princípios cósmicos, não de personalidades; a mesmo os símbolos pelos quais eles são apresentados dão nos boas indicações, se temos olhos para ver. Freud não teria discordado da atribuição de Binah ao topo do Pilar da Severidade, pois ele tinha muitas coisas a dizer sobre a imagem da Mãe Terrível.


3. Kether, Eheieh, Eu Sou, é puro ser, onipotente, mas não ativo; quando um fluxo de atividade emana dele, chamamos essa atividade de Chokrnah; é esse fluxo descendente de atividade pura que constitui a força dinãmica do universo, a toda força dinâmica pertence a essa categoria.


4. Devemos lembrar que as Sephiroth são estados, não lugares. Sempre que existe um estado de ser puro a incondicionado, sem partes ou atividades, esse estado se refere a Kether. Portanto é nesses dez escaninhos de nosso fichário metafísico que podemos classificar as idéias relativas a todo o universo manifesto, sem precisar remover qualquer objeto, tal como surge à nossa compreensâo, do lugar que ocupa. Em outras palavras, sempre que tivermos energia pura em funcionamento, saberemos que a força subjacente pertence a Chokmah; podemos ver, desse modo, a identidade intrínseca, quanto ao tipo, de todos esses fenõmenos, os quais, à primeira vista, parecem não apresentar nenhum vínculo mútuo, pois aprendemos, graças ao método cabalístico, a referi-los, de acordo com o seu tipo, às diferentes Sephiroth, podendo assim correlacioná-los com todas as classes de idéias cognatas, de acordo com o sistema de correspondências já explicado anteriormente. Esse é o método que a mente subconsciente segue automaticamenie; cabe ao ocultista treinar sua mente consciente na utilizaçáo desse mesmo método. Podemos notar, a propósito, que esse método é sempre empregado quando os indivíduos operam diretamente do subconsciente, como ocorre no gênio artístico, no lunático, a durante os sonhos ou o transe.


5. Pode parecer estranho ao leitor que essa digressão a respeito de Chokmah seja incluída sob o cabeçalho de Binah, mas é apenas à luz de sua polaridade com Chokmah que podemos compreender Binah; e, igualmente, teríamos muito mais a acrescentar à nossa explicação de Chokmah agora que tomamos Binah para compará-la. Os membros dos pares de opostos se esclarecem mutuamente, e são incompreensíveis quando estudados em separado.


6. Mas voltemos a Binah. Os cabalistas afirmam que ela é emanada por Chokmah. Traduzamos essa afirmativa em outros termos. Reza uma máxima oculta - que é, como acredito, confirmada pelas pesquisas de Einstein, embora eu não tenha o conhecimento necessário para relacionar suas descobertas com as doutrinas esotéricas - que a força jamais se move numa linha reta, mas sempre numa curva tão vasta quanto o universo, retomando eventualmente, por conseguinte, ao ponto de onde proveio, mas num arco superior, visto que o universo progride continuamente. Segue-se, portanto, que a força que assim procede, dividindo-se a redividindo-se a movendo-se em ângulos tangenciais, chegará eventualmente a um estado de tensões equilibradas e a alguma forma de estabilidade - estabilidade que será outra vez perturbada no curso do tempo quando novas forças frescas emanarem na manifestação a introduzirem novos fatores para propiciar o necessário ajustamento.


7. É esse estado de estabilidade - produzido pelas forças interatuantes quando agem a reagem a chegam a um equilíbrio - que é a base da forma, como é exemplificado no átomo, que é nada mais nada menos do que uma constelação de elétrons, cada um dos quaffs é um vórtice ou um remoinho. É a estabilidade assim obtida - a qual, note-se, é uma condição a não uma coisa em si - que os cabalistas chamam de Binah, a Terceira Sephirah. Sempre que existe um estado de tensões interatuantes que produzem a estabilidade, os cabalistas referem esse estado a Binah. Por exemplo, o átomo, sendo, para todos os propósitos práticos, a unidade estável do plano físico, é uma manifestação do tipo de força Binah. Todas as organizaçôes sociais sobre as quais pesa opresssivamente a mão morta da estagnação, tal como a civilização chinesa antes da revolução, ou nossas velhas universidades, estão sob a influência de Binah. A Binah atribui-se o deus grego Kronos (que não é outro senão o Pai do Tempo) e o deus humano Saturno. Observe-se a importância atribuída ao tempo, em outras palavras, à idade, nas instituiçaes de Binah; só os cabelos grisalhos são dignos de reverência; a capacidade por si só conta muito pouco. Ou seja, apenas aqueles que são congeniais a Kronos podem obter sucesso em tal ambiente.


8. Binah, a Grande Mãe, chamada às vezes de Marah, o Grande Mar, é, naturalmente, a Mãe de Toda Vida. Ela é o útero arquetípico por meio do qual a vida vem à manifestação. Tudo que fornece uma força para servir a vida como um veículo provém dela. Devemos lembrar, contudo, que a vida confinada numa força, embora seja capaz de organizar-se a desenvolver-se, é muito menos livre do que era quando ilimitada (embora também desorganizada) em seu próprio plano. Incorporar-se numa forma é, por conseguinte, o início da morte da vida. É uma limitação a um encarceramento; uma sujeição a uma constrição. A forma limita a vida, aprisiona-a, mas, não obstante, permite-lhe organizar-se. Visto desse ponto de vista da força livre, o encarceramento numa forma é extinção. A forma disciplina a força com uma severidade sem misericórdia.


9. O espírito desencamado é imortal; não há nada nele que possa envelhecer ou morrer. Mas o espírito encarnado vê a morte no horizonte tão logo o dia nasce. Podemos compreender, portanto, quão terrível deve parecer a Grande Mãe quando aprisiona a força livre na disciplina da forma. Ela é morte para a atividade dinâmica de Chokmah; a força Chokmah morre quando conflui para Binah. A forma é a disciplina da força; por conseguinte, é Binah a cabeça do Pilar da Severidade.


10. Podemos conceber, assim, que a primeira Noite Cósmica tenha ocorrido - primeiro Pralaya, ou submersão da manifestação no repouso quando o Triãngulo Supremo encontrou estabilidade a equilíbrio de força na emanação a organização de Binah. Tudo era dinâmico antes, tudo era desenvolvimento a expansão; mas, com o início da manifestação do aspecto Binah, houve um entravamento a uma estabilização, e o antigo fluxo dinâmico a livre se deteve.


11. Que esse entravamento - e a conseqüente estabilização - era inevitável num universo cujas linhas de força sempre se movem em curvas, eis uma conclusão inevitável. Se compreendermos que o estado Binah era a conseqüência inevitável do estado Chokmah num universo curvilíneo, entenderemos por que o tempo deve passar por épocas nas quais ou Binah ou Chokmah tem o predomínio. Antes de as linhas de forças terem completado seu circuito no universo manifesto a começado a retomar sobre si mesmas a entrelaçar-se, tudo era Chokmah, dinamismo irrestrito. Depois que Binah e Chokmah, como primeiro par de opostos, encontraram o equilibrio, tudo era Binah, e a estabilidade era imutável. Mas Kether, o Grande Emanador, continua a manifestar o Grande Imanifesto; a força flui no universo, aumentando a soma da força. Este fluxo de força rompe o equilíbrio a que se havia chegado quando Chokmah a Binah atuaram, reatuaram a se detiveram. A ação e a reação começam novamente, e a fase Chokmah, uma fase na qual predomina a força completa, se sobrepõe à condição estática que é Binah, e o ciclo prossegue novamente quando Kether, o emanador incessante, quebra o equilíbrio em favor do princípio cinético que se opõe ao princípio estático.


12. Vemos, assim, que, se Kether, a força de todos os seres, é concebida como o supremo bem, como de fato deve ser, a que, se a natureza de Kether é cinetica, e a sua influência se inclina inevitavelmente para Chokmah, segue-se obrigatoriamente que Binah, o oposto de Chokmah, o opositor perpétuo dos impulsos dinâmicos, seja vista como o inirnigo de Deus, o demônio. Saturno-Satã é uma transição fácil; assim como Tempo-Morte-Demônio. Nas religiões ascéticas como o Cristianismo e o Budismo, encontra-se implícita a idéia de que a mulher é a raiz de todo o mal, porque ela é a influência que sujeita o homem, por seus desejos, a uma vida de forma. A matéria constitui, para ambas as fés, a antinomia do espírito, numa dualidade etema não-resolvida. O Cristianismo reconhece prontamente a natureza herética dessa crença quando ela lhe é apresentada sob a forma do Antinomianismo; mas não compreende que seus próprios ensinamentos a sua prática são igualmente antinomianistas quando concebe a matéria como o inimigo do espírito, acreditando que, como tal, ela deve ser vencida a ultrapassada. Essa crença infeliz causou tantos sofrimentos humanos nos países cristãos quanto a guerra a as pestes.


13. A Cabala ensina uma doutrina mais sábia. Para ela, todas as Sephiroth são sagradas, tanto Malkuth quanto Kether, tanto Geburah, o destruidor, quanto Chesed, o preservador. Ela reconhece que o ritmo é a base da vida, não um progresso com um único movimento para a frente. Se compreendêssemos melhor esse aspecto, evitaríamos muitos sofrimentos, pois contemplaríamos as fases Chokmah a Binah como fases mutuamente sucessivas, tanto em nossas vidas como nas vidas das naçôes, a compreenderíamos o profundo significado das palavras de Shakespeare, quando diz: "Lhere is a tide in lhe affairs of men which taken at lhe flood leads on lhe fortune. " [Existe uma maré nos assuntos dos homens Que, se aproveitada quando sobe, conduz à ventura.]


14. Binah é a raiz primordial da matéria, mas o pleno desenvolvimento da matéria só pode ser obtido depois que alcançamos Malkuth, o universo material. Veremos repetidamente, no curso de nossos estudos, que as Três Supremas têm suas expressôes especializadas num arco inferior em uma ou outra das seis Sephiroth que formam o Microprosopos. Essas Esferas têm suas raízes na Tríade Superior, ou são os reflexos delas, a essas pistas têm um significado profundo. Binah vincula-se a Malkuth como a raiz ao seu fruto. Isso é indicado no Texto Yetzirático de Malkuth, que diz: "Ela sentava-se no trono de Binah." É impraticável, por essa razão, atribuir firme a seguramente os deuses de outros panteôes às diferentes Sephiroth. Aspectos de Ísis encontram-se em Binah, Netzach, Yesod a Malkuth. Aspectos de Osíris encontram-se em Chokmah, Chesed a Tiphareth. Isso é muito claro na mitologia grega, em que se dão diferentes títulos descritivos aos deuses e deusas. Por exemplo, Diana, a divindade lunar, a caçadora virgem, era adorada em Éfeso como a deusa de muitos seios; Vênus, a deusa da beleza feminina a do amor, tinha um templo em que era adorada como a Vênus Barbada. Esses fatos ensinam-nos algumas verdades importantes, instando-nos a buscar o princípio atrás da manifestação multiforme, e a compreender que o mesmo princípio assume formas diferentes em níveis diferentes. A vida não é tão simples como o desinformado gostaria de acreditar.


II


15. O significado dos nomes hebraicos da segunda e da terceira Sephiroth são Sabedoria a Entendimento, a ambas as Esferas, curiosamente, opõem-se uma a outra, como se a distinção entre os termos fosse de importância fundamental. A Sabedoria sugere às nossas mentes a idéia do conhecimento acumulado, das séries infinitas de imagens na memória; mas o Entendimento comunica-nos a idéia da penetração de seu significado, o poder para perceber-lhes a essência e a inter-relação, o que não está necessariamente implícito na Sabedoria, tomada como conhecimento intelectual. Obtemos, assim, um conceito de uma série extensa, uma cadeia de idéias associadas, em relação a Chokmah, o que concorda pelo menos com o símbolo de Chokmah de uma linha reta. Mas, em relação ao Entendimento, temos a idéia da síntese, da percepção de significados que se produz quando as idéias são relacionadas umas às outras, a superimpostas umas sobre as outras, em séries evolutivas do denso ao sutil. Isso sugere novamente a idéia do princípio unificador de Binah.


16. Estes sâo meios sutis da operação mental, a podem parecer fantásticos àqueles que não estão acostumados com o método de utilização mental do iniciado; mss o psicanalista os compreende a os aprecia em seu verdadeiro significado, assim como faz o poeta quando constrói suss torres nefelibatas de imagens.


17.O Texto Yetzirático destaca a idéia da fé, a fé que reside no entendimento, o qual, por sua vez, é filho de Binah. Esse é o único local em que a fé pode repousar adequadamente. Um cínico definiu a fé como o poder de acreditar naquilo que sabemos não ser verdade, a essa parece ser uma definiçáo bastante exata das manifestações de fé tal como aparecem em muitas mentes não-instruídas, fruto da disciplina de seitas carentes de consciência mística. Mas à luz dessa consciência, podemos definir a fé como o resultado consciente da experiência superconsciente que não foi traduzida em termos de consciência cerebral, a da qual, por conseguinte, a personalidade normal não está diretamente consciente, embora, não obstante, sinta-lhe, possivelmente com grande intensidade, os efeitos, a suas reaçôes emocionais são, dessa forma, modificadas fundamental a permanentemente.


18. À luz dessa definição, podemos ver como .as raízes da fé podem de fato residir em Binah, Entendimento, o princípio sintético da consciéncia. Pois há um aspecto formal da consciência, assim como da substância, e consideraremos esse aspecto em detalhes quando estudarmos Hod, a Sephirah básica do Pilar da Severidade de Binah. Vemos, assim, mais uma vez, como as Sephiroth se inter-relacionam, propiciando o esclarecimento de suas vinculações mútuas.


19. A afirmação de que as raízes de Binah estão em Amém refere-se a Kether, pois um dos títulos de Kether é Amém. Isso indica claramente que, embora Chokmah emane Binah, não devemos nos deter aqui quando buscamos as origens, mas devemos remontar à fonte de tudo que brota do Imanifesto atrás dos Véus da Existência Negativa. Esse conceito é claramente formulado pelo Texto Yetzirático de Chesed, que, falando das forças espirituais, diz: "Elas emanam uma da outra, em virtude da emanação primordial, a coroa superior, Kether."


20. Não devemos nos confundir ou nos enganar a esse respeito pelo fato de o Texto Yetzirático de Geburah declarar que Binah, o Entendimento, emana das profundezas primordiais de Chokmah, Sabedoria. Binah está em Kether, assim como em Chokmah, "mas de outra maneira". No ser puro, informe a indiviso existem as possibilidades da força a da forma; pois, onde há um pólo positivo, há necessariamente o aspecto correlato de um pólo negativo. Kether está para sempre num estado de devir. Aliás, um cabalista judeu me disse que a tradução correta de Eheieh, o Nome divino de Kether, é "Eu serei", não "Eu sou". Esse devir constante não pode permanecer estático; ao contrário, precisa pôr-se em atividade; a essa atividade não pode permanecer para sempre sem correlações; ela precisa organizar-se; cumpre chegar a um modo de equilíbrio entre as correntes. Temos, assim, a potencialidade tanto de Chokmah quanto de Binah implícita em Kether, pois, é bom repetir, as Sephiroth Sagradas não são coisas, mas estados, e todas as coisas manifestas existem em um ou outro desses estados, a contêm uma mescla desses fatores em sua constituição, de modo que todo o universo manifesto pode ser classificado nos escaninhos apropriados de nossa mente quando o hieróglifo da Árvore é aí estabelecido. Na verdade, uma vez estabelecido a claramente formulado esse hierógtifo, a mente o utiliza automaticamente, a os complexos fenômenos de existência objetiva classificam-se em nosso entendimento. É por essa razão que o estudante de ocultismo que trabalha numa escola iniciática é instado a memorizar as principais correspondências das Dez Sephiroth Sagradas e a não depender das tabelas de referência. Muitas vezes já se objetou que isso é uma intolerável perda de tempo e energia, a que a referéncia às tabelas de correspondências, tais como a de 777, de Crowley, é muito melhor. Mas a experiência prova que esse não é o caso, a que o esoterista que se dedica a essa disciplina, e a repete diariamente, como o católico reza o seu rosário, é amplamente recompensado pela iluminação posterior que recebe quando sua mente classifica as inumeráveis mudanças a acasos da vida mundana na Árvore, revelando, assim, o seu significado espiritual. Deve-se ter sempre em mente que a utilização da Árvore da Vida não é apenas um exercício intelectual; é uma arte criativa, no sentido literal das palavras; a que as faculdades devem ser desenvolvidas na mente, assim como o escultor ou o músico adquire a sua habilidade manual.


21.O Texto Yetzirático refere-se especificamente a Binah como a Inteligência Santificadora. A santificação evoca a idéia do que é sagrado a posto à parte. A Virgem Maria está intimamente associada a Binah, a Grande Mãe, a dessa atribuição passamos à idéia daquilo que dá origem a tudo, mas retém a sua virgindade; em outras palavras, daquilo cuja criatividade, não o envolve na vida de sua criação, mas permanece à parte a atrás, como a base da manifestação, a substãncia-raiz de onde surge a matéria. Pois, embora a matéria tenha suas raízes em Binah, a matéria, não obstante, tal como a conhecemos, é de uma ordem de ser muito diferente da Sephirah Suprema em que reside sua essência. Binah, a influência primordial formativa, criadora de todas as formas, está atrás a além da substãncia manifesta; em outras palavras, é etemamente virgem. É a influência formativa que subjaz a toda edificaçáo da forma, essa tendência de curvar as linhas de força para correlacionar a alcançar a estabilidade, que é Binah.


22. Essas duas Sephiroth básicas da Tríade Suprema são expressamente referidas como Pai a Mãe, Abba a Ama, a suas imagens mágicas são as de um homem barbado a de uma matrona, representando, assim, não a atração sexual de Netzach a Yesod - que são representados como donzela a adolescente -, mas os seres maduros que se uniram a reproduziram. Devemos sempre fazer uma distinção entre a atração sexual magnética e a reprodução, pois ambas são coisas muito diferentes, a não constituem níveis ou aspectos diferentes da mesma coisa. Aqui está uma importante verdade oculta que consideraremos no devido tempo.


23. Chokmah a Binah representam, portanto, a virilidade e a feminilidade essenciais em seus aspectos criadores. Como tal, não são imagens fálicas, mas nelas se acha a raiz de toda força vital. Jamais compreenderemos os aspectos mais profundos do esoterismo se não entendermos o verdadeiro signiiicado do falicismo. Este nada tem a ver com as orgias nos templos de Afrodite, que desgraçaram a levaram à decadência a fé pagã dos antigos e causaram a sua queda; significa que tudo reside no princípio da estimulação do inerte, mas potencial pelo princípio dinâmico, que deriva sua energia diretamente da fonte de toda energia. Esse conceito abrange tremendas chaves de conhecimento, a constitui um dos pontos mais importantes dos Mistérios. É óbvio que o sexo representa um aspecto desse fator; é igualmente óbvio que há muitas outras aplicações concementes a ele que não são sexuais. Não devemos de forma alguma permitir que nossos preconceitos sobre o sexo, ou uma atitude convencional para com esse grande a vital assunto, nos façam retroceder diante desse grande princípio da estimulação ou fecundação do inerte potencial pelo princípio ativo. Aquele que assim se inibe não está preparado para os Mistérios, sobre cujo portal estão escritas as seguintes palavras: "Conhece-to a ti mesmo."


24. Esse conhecimento não conduz à impureza, pois a impureza implica uma perda do controle que permite às forças ultrapassarem os limites que a Natureza lhes impôs. Aquele que não controla seus próprios instintos e paixões não é mais apto para os Mistérios do que aquele que os inibe e dissocia. Fique bem claro, contudo, que os Mistérios não ensinam o ascetismo ou o celibato como um requisito, pois eles não concebem o espírito e a matéria como um par de antinomias irreconciliáveis, mas, antes, como níveis diferentes da mesma coisa. A pureza não consiste na emasculação, mas na manutenção de diferentes forças em seus níveis a lugares adequados, a no impedimento de invadirem a esfera alheia. Ela ensina que a frigidez e a impotência constituem defeitos tão sérios como qualquer outro, devendo ser consideradas como patologias sexuais, da mesma maneira que a luxúria, que destrói seu objeto e o degrada.


25. Todas as relaçóes da existência manifesta implicam a ação dos princípios de Binah a Chokmah e, sendo o sexo uma perfeita representação de ambos, foi ele utilizado como tal pelos antigos, que não se perturbavarrm pela nossa timidez sobre o assunto, a tomavam suas metáforas do tema da reprodução da mesma maneira livre pela qual tomamos as nossas da Biôlia. Pois para eles a reprodução era um processo sagrado, a eles se referiam a ela, não com grosseria, a sim com reverência. Se desejamos compreendê-los, devemos nos aproximar de seus ensinamentos sobre a fonte da vida a da força vital com o mesmo espírito com que eles se aproximaram delas, a ninguém cujos olhos não estejam vendados pelo preconceito, ou que não permaneça nas trevas lançadas por seus próprios problemas irresolvidos, pode deixar de compreender que nossa atitude atual em face da vida seria mais saudável a agradável se tivesse como fermento o bom senso e o discernimento do paganismo.


26. Os princípios da masculinidade a da feminilidade manifestos em Chokmah a Binah representam mais do que mera polaridade positiva a negativa, atividade a passividade. Chokmah, o Pai Universal, é o veículo da força primordial, a manifestação imediata de Kether. É, na verdade, Kether em ação, pois as diferentes Sephiroth não representam diferentes coisas, mas diferentes funções da mesma coisa, isto é, força pura jorrando na manifestação, oriunda do Grande Imanifesto, que está atrás dos Véus Negativos da Existência. Chokmah é força pura, assim como a expansão da gasolina, quando esta se inflama na câmara de combustão de um motor, é força pura. Mas, assim como essa força expansiva se expandiria a se perderia se não houvesse um mecanismo para transmitir seu poder, da mesma forma a energia não-direcionada de Chokmah se irradiaria pelo espaço a se perderia se nada houvesse para receber seu impulso a utilizá-lo. Chokmah explode como a gasolina; Binah é a câmara de combustão; Gedulah a Geburah são os movimentos altemados do pistão


27. A força expansiva fornecida pelo combustível é energia pura, mas náo poria um carro em movimento. A organização constritiva de Binah é potencialmente capaz de fazê-lo, mas ela não pode fazê-to a não ser pondose em movimento pela expansão da energia acumulada do vapor da gasolina. Binah é potencialmente ilimitada, mas inerte. Chokmah é energia pura, ilirrmitada a incansável, mas incapaz de fazer qualquer coisa, exceto irradiar- se pelo espaço se nada houver que a detenha. Mas, quando Chokmah age sobre Binah, sua energia é reunida a utilizada. Quando Binah recebe o impulso de Chokmah, todas as suas capacidades latentes são vitalizadas. Em suma, Chokmah fornece a energia, a Binah fornece o motor.


III


28. Consideremos, agora, a masculinidade e a feminilidade desse par de opostos supremo, conforme se expressam no ato da geração. Os espermatozóides do macho tém uma vida brevíssima; eles são as unidades de energia mais simples possfvel; assim que essa energia se expande, eles se dissolvem. Mas o mecanismo reprodutor da fêmea, o útero que gera a os seios que alimentam, são capazes de conduzir essa vida transferida à sua própria vida independente; e, no entanto, todo esse complexo mecanismo deve ficar inerte até que o estímulo da força Chokmah o ponha em ação. A unidade reprodutora feminina é potencialmente ilimitada, mas inerte; a unidade reprodutora masculina é onipotente, mas incapaz de produzir um nascimento.


29. Muitas pessoas pensam que, sendo a masculinidade e a feminilidade, tal como as conhecem no plano físico, princípios fixos detemiinados pela estrutura, o potente e o potencial se limitam rigidamente aos seus respectivos mecanismos. Ora, isso é um erro. Existe uma contínua altemação de polaridade sobre todos os planos, exceto o físico. E, de fato, entre os tipos primitivos de vida animal, há também uma alternãncia de polaridade no plano físico. Entre os tipos superiores, especialmente entre os vertebrados, a polaridade é fixada pelo acaso do nascimento, salvo as anomalias hermafroditas, que só podem ser consideradas como patológicas, a em que apenas um sexo é sempre funcionalmente ativo, qualquer que seja o aparente desenvolvimento do outro aspecto. Um dos segredos mais importantes dos Mistérios consiste no conhecimento dessa contínua interação de polaridade. Não se trata, em absoluto, de homossexualidade, que é uma expressão pervertida a patológica desse aspecto, que surge como uma desordem de sentimento sexual quando a lei da polaridade alternante não é corretamente compreendida.


30. Em suma, embora o modo de reprodução no plano físico seja determinado em todos os indivíduos pela configuração de seu corpo, suas reaçôes espirituais não são tão fixas, pois a alma é bissexual; em outras palavras, em toda relação de vida, somos às vezes positivos a às vezes negativos, conforme sejam as circunstâncias mais fortes do que nós, ou sejamos nós mais fortes do que as circunstâncias. lsso ressalta claramente do fato de que Netzach (Vênus-Afrodite) é a Sephirah basal do Pilar de Chokmah. Vemos, assim, que a natureza feminina apresenta uma polaridade diferente em níveis diferentes, pois em Netzach ela é tão positiva a dinâmica como em Binah é estática.


31. Tudo isso não é apenas desconcertante do ponto de vista intelectual, mas também muito confuso moralmente; e, mesmo sob risco de ser acusada de encorajar de todas as maneiras as anormalidades, devo tentar esclarecer o assunto, pois suas implicaçôes práticas são de grande alcance.


32. Afirmam os rabinos que toda Sephirah é negativa em relação à que lhe é superior a que a emanou, a positiva em relação à que lhe é inferior e por ela emanada. Aqui está a chave; somos negativos em nossas relações com o que apresenta um potencial superior ao nosso, a somos negativos em nossas relações com o que possui um potencial inferior. Essas relaçôes estão num perpétuo estado de futuação, o qual varia em cada ponto de nossos inúmeros contatos com o meio em que agimos.


33. Na maior parte dos casos, a relação entre um homem a uma mulher não é inteiramente satisfatória para nenhuma parte, a eles devem resignar-se a uma satisfação incompleta em suas relações sob a compulsão da pressão religiosa ou econômica, ou suprir de alguma forma a sua insatisfação, tendo como resultado a recorrência das condições anteriores, quando a novidade perdeu seu interesse. Deve-se observar que, sob tais circunstâncias, a cuhninação da satisfação sexual acha-se apenas na novidade, a esta é uma coisa que precisa ser constantemente renovada, com o conseqüente resultado desastroso para a economia sexual.


34.O problema reside no fato de que, embora o macho forneça o estímulo físico que leva à reprodução, não é ele capaz de compreender que, nos planos intemos, em virtude da lei da polaridade inversa, é negativo, dependendo, para sua consecução, do estímulo concedido pela fémea. Ele depende dela para a fertilidade emocional, como se pode ver claramente no caso de uma mente altamente criativa, como Wagner ou Shelley.


35.O matrimônio não é uma questâo de duas metades, mas de quatro quartos, que se unem numa harmonia equilibrada de fecundação recíproca. Binah a Chokmah são equilibrados por Hod a Netzach. O homem tem deuses a deusas para adorar. Boaz a Jakin são Pilares do Templo, a apenas quando unidos produzem a estabilidade. Uma religiáo sem deuses está a meio caminho do ateísmo. Na palavra Elohim encontramos a chave verdadeira. Elohim é traduzido por "Deus" tanto na Versão Autorizada quanto na Revisada das Sagradas Escrituras. Ela deveria ser traduzida, na verdade, por "Deus a Deusa", pois é um substantivo feminino acrescido de uma terminação masculina de plural. Esse é um fato incontrovertível, em seu aspecto lingüístico pelo menos, e é de se presumir que os diversos autores dos livros da Bíblia conheciam seu significado, a que não utilizaram essa forma, única a peculiar, sem alguma boa razão. "E o espírito dos princípios masculino a feminino, conjunto, movia-se sobre a superfície do informe, e a manifestação teve lugar." Se desejamos o equilíbrio, em lugar de nosso presente estado de tensôes desiguais, devemos adorar a Elohim, não a Jehovah.


36. A adoração de Jehovah, a não de Elohim, pode impedir-nos a "elevação aos planos", isto é, a obtenção da consciência supranormal como parte de nosso equipamento normal, pois devemos estar preparados para mudar de polaridade enquanto mudamos de nível, pois o que é positivo no plano físico torna-se negativo no astral, a vice-versa. Além disso, como o trabalho oculto prático sempre invoca a utilização de mais de um plano, seja simultaneamente, como na invocação, ou sucessivamente, como quando correlacionamos os níveis de consciência segundo o trabalho psíquico, o fator negativo precisa sempre ter seu lugar em nossa obra, tanto subjetiva quanto objetivamente.


37. Isso nos abre novos aspectos do assunto. Quantas pessoas compreendem que suas próprias almas são literalmente bissexuais em si mesmas, e que os diferentes níveis de consciência agem como macho a fêmea em suas relações mútuas?


38. Freud declarou que a vida sexual determina o tipo de toda a vida. É provável, no entanto, que a vida como um todo determine o tipo da vida sexual; mas, para os propósitos práticos, sua maneira de esclarecer o fato é verdadeira, pois, embora não se possa endireitar uma vida sexual confusa operando-se sobre a vida como um todo - por exemplo, nem a riqueza nem a fama são uma compensação adequada para a repressão desse instinto fundamental -, pode-se endireitar todo o padrão vital, desemaranhando-se a vida sexual. Esse é um assunto de experiência prática a não precisa ser discutido a priori. É por essa razão, sem dúvida alguma (aprendida pela experiência prática das operações da consciência humana), que os antigos conferiam ao falicismo uma parte tão importante em seus ritos. Atualmente, ele é um ponto muito importante no aspecto cerimonial dos cultos modernos, mas o reconhecimento do significado dos símbolos empregados tradicionalmente foi reprimido pela consciência.


39. A psicologia freudiana fornece a chave para o falicismo a abre uma porta que conduz ao Adytum dos Mistérios. Não há como escapar a esse fato no ocultismo prático, por mais desagradável que possa parecer a muitos; a isso explica por que tantos empreendimentos mágicos são estéreis.


40. Esses assuntos constituem segredos recônditos dos Mistérios, dos quais os modernos perderam as chaves, mas a experiência da nova psicologia e a arte da psiquiatria provaram abundantemente a solidez da base com a qual os antigos fundamentaram sua adoração do princípio criativo a da fertWdade como parte importante de sua vida religiosa. É uma experiência já bem-estabelecida que a pessoa que dissociou seus sentimentos sexuais da consciência não pode agarrar-se à vida em qualquer nível. Esse fato é a base da moderna psicoterapia. No trabalho oculto, a pessoa inibida a reprimida tende para as formas desequilibradas de psiquismo a mediunidade, e é totalmente inútil para o trabalho mágico, onde o poder deve ser dirigido e manipulado pela vontade. Isso não significa que a total repressão ou a total expressão seja necessária para o trabalho mágico, mas sim que a pessoa que se apartou de seus instintos, que sâo suas raízes na Mãe Terra, a em cuja consciência há, por conseguinte, um vazio, não pode abrir o canal através do qual a força, oriunda dos planos, possa ser trazida à manifestação no plano físico.


41. Não tenho dúvidas de que serei mal-interpretada por minha franqueza nesses assuntos; mas, se alguém não se adiantar a enfrentar o ódio por falar a verdade, como poderiam os verdadeiros investigadores descobrir seu caminho para os Mistérios? Deveríamos manter na loja oculta a mesma atitude vitoriana que foi abandonada por completo fora de seu recinto? Alguém precisa quebrar esses falsos deuses feitos à imagem de Mrs. Grundy. Estou inclinada a pensar, contudo, que as perdas que poderíamos sofrer nesse assunto serão bem pequenas, pois não seria possível treinar ou cooperar com a espécie de pessoa que se assusta quando lhe falam claramente. Não se pense também que estou convidando quem quer que seja a participar comigo de orgias fálicas, como bem poderá alguém pensar. Assinalo apenas que a pessoa que não pode compreender o significado do culto fálico do ponto de vista psicológico não tem bastante inteligência para participar dos Mistérios. IV 42. Tendo concedido um espaço considerável à elucidação do princípio de Binah em seu trabalho na polaridade com Chokmah, uma vez que não se pode compreendê-la de outra maneira, sendo ela essencialmente um princípio de polaridade, podemos considerar agora o significado do simbolismo atribuído à terceira Sephirah. Esse simbolismo apresenta dois aspectos - o aspecto da Grande Mãe e o aspecto de Saturno, pois ambas as atribuições são conferidas a. Binah. Ela é a poderosa Mãe de Todos os Viventes, e é também o princípio da morte, porquanto a forma precisa morrer quando cumpriu sua missáo. Nos planos da forma, morte a nascimento são duas faces da mesma moeda.


43. O aspecto maternal de Binah expressa-se no título de Marah, o Mar, que se lhe atribui. É um fato curioso que se represente Vénus-Afrodite nascendo da espuma do mar a que a Virgem Maria receba dos católicos o nome de Stella Mans, Estrela do Mar. A palavra Marah, que é a raiz de Maria, significa também "amargura", e a experiência espiritual atribuída a Binah é a Visáo do Sofrimento. Uma visão que evoca a imagem da Virgem chorando aos pés da cruz, com o coração atravessado por sete punhais. Lembremos também o ensinamento de Buda, segundo o qual a vida é sofrimento. A idéia da submissão à dor e à morte está implícita na idéia da descida da vida aos planos da forma.


44.O Texto Yetzirático de Malkuth, já citado, fala do Trono de Binah. Um dos títulos conferidos à Terceira Sephirah é Khorsia, o Trono; a os anjos atribuídos a essa Sephirah chamam-se Aralim, palavra que significa também Tronos. Ora, um trono sugere essencialmente a idéia de uma base estável, um firme fundamento sobre o qual o exercitador do poder tem o seu assento a do qual não pode ser removido. É, na verdade, um bloco que suporta a ação do retrocesso de. uma força, da mesma maneira que o ombro do atirador suporta o recuo do rifle. Os grandes canhões, utilizados para disparos de longa distância, precisam ser fixados a estruturas de concreto que ofereçam resistência ao contragolpe da explosão da carga que impulsiona o projétil, pois é óbvio que a pressão na culatra do canhão deve ser igual à exercida na base do projétil quando se efetua o disparo. Essa é uma verdade que nossos credos religiosos idealizadores estão inclinados a ignorar, com o conseqüente enfraquecimento a debilitaçâo de seus ensinamentos. Binah, Marah, a matéria, é a estrutura que empresta à força vital dinámica uma base segura.


45. Da resistência à força espiritual, como já observamos, provém a idéia do mal implícito, que é tão injusta para com Binah. Isso se torna muito claro quando consideramos as idéias que surgem em associação com Saturno-Cronos. Saturno implica algo muito sinistro. Ele é o Grande Maléfico dos astrólogos, a todo aquele que encontra uma quadratura de Saturno em seu horóscopo considera-a como uma pesada aflição. Saturno é o resistente, mas, sendo um resistente, é também um estabilizador a um testador que não nos permite confiar nosso peso àquilo que não o resistiria. É digno de nota que o Trigésimo Segundo Caminho - que conduz de Malkuth a Yesod e é o primeiro Caminho trilhado pela alma que se eleva - seja atribuído a Saturno. Ele é o deus da forma mais antiga da matéria. O mito grego de Cronos, que é simplesmente o nome grego para o mesmo princípio, considê'ia-o como um dos deuses mais velhos; ou seja, aqueles deuses que criaram os deuses. Ele é o pai de Júpiter-Zeus, o qual se salvou graças a um estratagema de sua mãe, pois Saturno tinha o desagradável hábito de comer suas crianças. Encontramos nesse mito novamente a idéia do dador da vida e dá morte. Como já observamos, Saturno, com sua foice, converte-se facilmente na Morte. É muito interessante notar as reentráncias dessas cadeias de idéias associadas em relação a cada Sephirah, pois não podemos deixar de ver como as mesmas imagens afloram outra a outra vez em todas as cadeias de idéias que possuímos, mesmo quando partimos de idéias aparentemente muito divergentes como mãe, mar a tempo.


46. Cada planeta tem uma virtude a um vício; em outras palavras, cada planeta pode estar, nas palavras dos astrólogos, bem ou mal-aspectado, bem ou mal-exaltado. Não podemos passar pela vida sem notar que cada tipo de caráter tem os vícios de suas virtudes; isto é, suas virtudes, quando levadas ao extremo, tornam-se vícios. Ocorre o mesmo com as sete Sephiroth planetárias; elas têm seus bons a maus aspectos, de acordo com a proporção com que os apresentam; quando falta o equilíbrio, em razão da força desequilibrada de uma Sephirah particular, experimentamos as más influências dessa Sephirah; por exemplo, Saturno devorara seus filhos. A morte começa a destruir a vida antes que ela tenha cumprido suas funçôes. Nenhuma Sephirah, portanto, é totalmente má, nem mesmo Geburah, que é a destruição personificada. Todas são igualmente indispensáveis ao esquema das coisas como um todo, a suas boas a más influências relativas dependem do papel que desempenham, o qual não deve ser nem muito forte, nem muito débil, mas equilibrado. A pouca influência de uma dada Sephirah conduz ao desequilíbrio na Sephirah oposta. A influência em excesso torna-se uma influência positivamente má - uma dose excessiva de veneno.


47. A virtude de Binah é o Silêncio, a seu vício é a avareza. Vemos aqui, novamente, a influência de Saturno tomar-se presente. Keats fala do "Saturno de cabelos grisalhos, silencioso como uma pedra", a nessas poucas palavras o poeta evoca uma imagem mágica da era a do silêncio primordial da influência satumiana. Saturno é de fato um dos velhos deuses a está relacionado ao aspecto mineral da Terra. Seu trono acha-se nas rochas mais antigas, onde não cresce planta alguma.


48. É costume dizer que o silêncio é uma das virtudes especialmente desejadas nas mulheres. Seja como for, a não há dúvida de que a língua é a sua arma mais perigosa, o silêncio indica receptividade. Se estamos calados, podemos ouvir, a assim aprender; mas, se estamos falando, as portas de entrada da mente estão fechadas. É a resistência e a receptividade de Binah que são seus poderes principais. E dessas virtudes provém o vício, que é constituído por seu excesso, a avareza, que nega em demasia a retém até o que é dispensável. Quando isso acontece, precisamos da generosa influência de Gedulah-Geburah, Júpiter-Marte, para destruir o velho deus, o devorador de seus filhos, a reinar em seu lugar.


49. Os símbolos mágicos de Binah são o Yoni e o Manto Exterior de Ocultamento. Esta é uma expressão gnóstica, a aquele, um termo indiano, que indica os genitals da mulher, a correspondência negativa do falo do homem. O termo Kteis, menos conhecido, é o termo europeu equivalente. Nos símbolos religiosos hindus, o yoni e o lingam surgem com muita freqüência, pois a idéia da força vital a da fertilidade são os motivos principais de sua fé.


50. A idéia da fertilidade é o motivo principal nos aspectos de Binah que se manifestam no mundo de Assiah, o nível material. A vida não apenas penetra a matéria para discipliná-la, mas também retira-se dela triunfalmente, aumentada a multiplicada. O aspecto da fertilidade, equilibrando o aspecto Tempo-Morte-Limitação, é essencial ao nosso conceito de Binah. O Tempo-Morte ceifa com sua foice o trigo de Ceres, a ambos são símbolos de Binah.


51. A idéia do Manto Exterior de Ocultamento sugere claramente a matéria, assim como o esplendor envolvente do Manto Interno de Glória do princípio vital. Ambas as idéias, reunidas, comunicam-nos o conceito do corpo animado pelo espírito; o Manto Interno ou Glória Espiritual oculto de todos os olhos pelo invólucro exterior da matéria densa. Mais a mais vezes, enquanto meditamos sobre esses mistérios, encontramos a iluminação dessa coleção aparentemente fortuita de símbolos atribuídos a cada Sepliirah. Já vimos em nosso estudo que nenhum símbolo está só, a que toda penetração da intuição a da imaginação serve para revelar as grandes linhas de relaçôes entre os símbolos.


52. Os quatro três do baralho do Tarô são as cartas atribuídas a Binah e, de fato, o número três está intimamente associado à idéia da manifestação na matéria. As duas forças opostas encontram expressão numa terceira, o equilíbrio entre elas, que se manifesta num plano inferior ao de seus pais. O triângulo é um dos símbolos atribuídos a Saturno como deus da matéria mais densa, e o triãngulo de arte, como é chamado, é utilizado nas cerimônias mágicas quando o objetivo é evocar um espírito a fazê-to visível no plano da matéria; para outros modos de manifestação, utiliza-se o círculo.


53. O três de paus chama-se Senhor da Força Estabilizada. Temos novamente aqui a idéia do poder em equilíbrio, que é tâo característico de Binah. Lembremos que Paus representa a força dinâmica de Yod. Essa força, quando na esfera de Binah, cessa de ser dinâmica, consolidando-se.


54. Copas é, essencialmente, a forma feminina, pois a copa, ou o cálice, é um dos símbolos de Binah a está estreitamente relacionado com o yoni no simbolismo esotérico. O Três de Copas está, portanto, em casa em Binah, pois os dois grupos de simbolismo se completam mutuamente. O Três de Copas, que é corretamente chamado de Abundância, representa a fertilidade de Binah em seu aspecto de Ceres.


55.O Três de Espadas, contudo, chama-se Sofrimento, a seu símbolo no baralho de Tarô é um coração transpassado por três punhais. Nossos leitores lembrarão a referência ao coração apunhalado da Virgem Maria no simbolismo católico, a Maria equivale a Marah, a amargura, o Mar. Ave, Maria, stella marls!


56. As Espadas são, naturalmente, cartas de Geburah e, como tal, representam o aspecto destrutivo de Binah como Kali, a consorte de Siva, a deusa hindu da destruição.


57. Ouros são as cartas da Terra e, como tal, correspondem a Binah, a forma. O Três de Ouros, por conseguinte, é o Senhor dos Trabalhos Materials, ou atividade no plano da forma.


58. Notemos que, assim como os planetas têm sua influência rèforçada quando estão nos signos do Zodíaco que são suas próprias casas, também as cartas do Tarô, quando o significado da Sephirah coincide com o espírito do naipe, representam o aspecto ativo da influência; e, quando a Sephirah e o naipe representam influências diferentes, a carta é maléfica. Por exemplo, a carta ígnea de espadas é uma carta de mau augúrio quando se acha na Esfera de influência de Binah.


59. Alonguei-me bastante ao comentar Binah, porque com ela se completa a Tríade Suprema e o primeiro dos pares de opostos. Ela representa não apenas a si mesma, mas também aos pares funcionais, pois é impossível compreender qualquer unidade na Árvore, a não ser em referência às outras unidades com que interage a se equilibra. Chokmah sem Binah, a Binah sem Chokmah, são incompreensíveis, pois o par é a unidade funcional, a não qualquer uma das Sephiroth em separado.

Chesed

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Chesed é a quarta Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Título: Chesed, Misericórdia. (Em hebraico: Cheth, Samech, Daleth.).

Imagem: Um poderoso rei coroado, sentado em seu trono.

Localização na Árvore: No centro do Pilar da Misericórdia.

Texto Yetzirático: 0 Quarto Caminho chama-se Inteligência Coesiva ou Receptiva, porque contém todos os Poderes Sagrados, dele emanando as virtudes espirituais com as suas essências mais requintadas. Tais poderes emanam uns dos outros por virtude dá Emanação Primordial, a Coroa Mais Elevada, Kether.

Títulos Conferidos a Chesed: Gedulah. Amor. Majestade.

Nome Divino: El.

Arcanjo: Tzadkiel.

Coro Angélico: Chasmalin.

Chakra Cósmico: Tzedek, Júpiter.

Experiência Espiritual: Visão do amor.

Virtude: Obediência.

Vícios: Fanatismo. Hiprocrisia. Gula. Tirania.

Correspondência no Microcosmo: 0 braço esquerdo.

Simbolos: A figura sólida. 0 tetraedro. A pirâmide. A cruz de braços iguais. 0 orbe. 0 bastão. 0 cetro. 0 cajado.

Cartas do Tarô: Todos os quatro: Quatro de Paus: obra perfeita; Quatro de Copas: prazer; Quatro de Espadas: repouso após a luta; Quatro de Ouros: poder terrestre.

Cor em Atziluth: Violeta-intenso.

Cor em Briah: Azul.

Cor em Yetzirah: Púrpura-intenso.

Cor em Assiah: Azul-intenso, salpicado de amarelo.

Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Entre as Três Supremas e o par seguinte de Sephiroth em equiliôrio na Árvore, acha-se um grande precipício, que os místicos chamam de Abismo.

As seis Sephiroth seguintes, Chesed, Geburah, Tiphareth, Netzach, Hod e Yesod, constituem o que os cabalistas chamam de Microprosopos, o Rosto Menor, Adão Cadmo, o Rei. A Rainha, a Esposa do Rei, é Malkuth, o Plano Físico.

Temos, então, o Pai (Kether), o Rei e a Esposa, a nessa configuração da Árvore há um profundo simbolismo de grande importância prática tanto para a filosofia como para a Magia.


2. O Abismo, o precipício que se localiza entre o Macroprosopos e o Microprosopos, assinala uma demarcação na natureza do ser, no tipo de existência que prevalece sobre os dois níveis.

É nesse Abismo que Daath, a Sephirah Invisível, tem sua estação, a poderíamos chamá-la corretamente de Sephirah do Devir.

Ela se chama também Conhecimento, termo que poderia ser interpretado, ademais, como Percepção, Apreensão, Consciência.


3. Esses dois tipos de existência, Macroprosopos e Microprosopos, indicam o potencial e o real.

A manifestação real, como nossas mentes finitas podem concebê-la, tem início em Microprosopos; e o primeiro aspecto de Microprosopos a vir à existência é Chesed, a Quarta Sephirah, situada imediatamente sob Chokmah, o Pai, no Pilar da Misericórdia, do qual é a Sephirah central.

Ela é equilibrada na Árvore por Geburah, a Severidade; a esse par, Geburah a Gedulah, forma "o Poder e a Glória" da invocação final do Pai Nosso, sendo o "Reino", naturalmente, MaIkuth.


4. Como já vimos, podemos aprender muito com a posição de uma Sephirah no padrão da Árvore; pela posição de Chesed no Pilar da Misericórdia, vemos que ela é Chokmah num arco inferior.

Chesed é emanada por Binah, Sephirah passiva, a emana, por sua vez, Geburah, Sephirah catabólica, cujo chakra cósmico é Marte, com todo o seu simbolismo bélico, que é Saturno num arco inferior.


5. Chesed é o pai amoroso, o protetor e o preservador, assim como Chokmah é o Engendrador de Tudo.

Ela continua a obra de Chokmah, organizando a preservando aquilo que o Pai de Tudo gerou.

Ela equilibra com a Misericórdia a Severidade de Geburah.

É anabólica, ou ascendente, em oposição ao catabolismo descendente de Geburah.



6. Esses dois aspectos são muito bem expressos nas imagens mágtcas atribuídas a essas duas Sephiroth.

Essas imagens mágicas são ambas de reis; a de Chesed é um rei em seu trono, e a de Geburah, um rei em seu carro; em outras palavras, os governantes do reino na paz a na guerra; um como legislador, outro como guerreiro.


7. A analogia fisiológica permite-nos uma clara compreensão do significado dessas duas Sephiroth.

O metabolismo consiste em anabolismo, ou ingestão ou assimilação de alimento, e a deposição deste no tecido, a de catabolismo, ou transformação do tecido em obra ativa, a saída de energia.

Os subprodutos do catabolismo são as toxinas da fadiga, que o sangue deve eliminar pelo repouso.

O processo vital é uma assimilação a um sucumbir, e Geburah a Gedulah (outro nome para Chesed) representam esses dois processor no macrocosmo.


8. Chesed, sendo a primeira Sephirah do Microprosopos, o universo manifesto, representa a formulação da idéia arquetípica, a concretização do abstrato.

Quando o princípio abstrato que forma a raiz de alguma nova atividade é formulado em nossas mentes, estamos operando na esfera de Chesed.

Um exemplo esclarecerá esse ponto.

Suponhamos que um explorador contemple, do alto de uma montanha, uma região recentemente descoberta e comprove que as planícies que se estendem para além da costa são férteis e que são cortadas por um rio que abre caminho até o mar através de um vale na cadeia de montanhas.

Ele pensa na riqueza agrícola das planícies, nas facilidades de transporte que o rio oferece a imagina um porto no estuário, pois sabe que o escoadouro do rio forma, com toda certeza, um canal que permitiria a passagem dos navios.

Em seu olho mental, ele vê os ancoradouros, os armazéns, as lojas a as habitações.

Pergunta a si mesmo se as montanhas contêm minérios a imagina uma estrada de ferro ao longo do rio a com ramificações pelos vales.

Vê a chegada dos colonizadores a deduz que eles terão necessidade de uma igreja, um hospital, um cárcere, o ubíquo botequim.

Sua imaginação traça a rua principal da cidade, a resolve adquirir os terrenos das esquinas para que possa prosperar, ele mesmo, com a prosperidade geral da nossa cidade.

Ele vê tudo isso enquanto a floresta virgem cobre a costa a fecha as passagens da montanha.

Mas, como sabe que as planícies são férteis a que o rio cruza as montanhas, ele contempla em termos de primeiros princípios os desenvolvimentos que se farão necessários.

Enquanto sua mente assim opera, ele está funcionando na Esfera de Chesed, saiba-o ele ou não; a todos aqueles que podem também funcionar nor termos de Chesed, adiantando-se ao futuro, como o faz o explorador de nosso exemplo, vendo as coisas que devem surgir de causas dadas, muito antes de a primeira linha ser traçada no projeto ou o primeiro ladrilho ter sido assentado, têm o poder de possuir a valiosa terra onde os ancoradouros deverão ser construídos a por onde deverá correr a rua principal.


9. Todo trabalho criativo do mundo segue esse curso, graças às mentes que operam nos termos de Chesed, o rei sentado em seu trono, sustendo o cetro e o orbe, governando a guiando seu povo.


10. Em contraste com o que acabamos de expor, observamos que existem pessoas cujas mentes não podem funcionar acima do nível de Malkuth, a Esposa do Rei.

São pessoas que não podem descobrir a madeira pela árvore.

Pensam em termos de detalhes, carecendo de todo princípio sintético.

Sua lógica é incapaz de remontar às origens, e é sempre materialista.

São incapazes de discemir as causas sutis, a são vítimas do que chamam de caprichos do destino.

São incapazes de discemir os estados mais sutis, e não conseguem operar na linha seguida pelos impulsos primários quando estes descem por si próprios ou são chamados à manifestação.


11. O ocultísta que não possui a iniciação de Chesed limitar-se-á, em sua operação, à Esfera de Yesod, o plano de Maia, a ilusão.

Ele acredita que as imagens astrais refletidas no espelho mágico da subconsciência são realidades, a não fará nenhuma tentativa de traduzi-las em termos de um plano superior a aprender o que elas representam realmente.

Ele permanecerá na Esfera da ilusão a será iludido pelos fantasmas de sua própria projeção inconsciente.

Se fosse capaz de funcionar nor termos de Chesed, perceberia as idéias arquetípicas subjacentes, das quais essas imagens mágicas são apenas as sombras a as representações simbólicas, a poderia se tomar então um mestre do tesouro das imagens em vez de ser alucinado por elas.

Seria dessa forma capaz de utilizar as imagens como um matemático utiliza símbolos algébricos a operaria a Magia como um adepto iniciado a não como um mago.


12.O místico que opera no Centro Cristológico de Tiphareth, se não dispuser das chaves de Chesed, será também alucinado, mas de uma maneira diferente e mais sutil.

Nesse nível, ele saberá decifrar as imagens mágicas com bastante exatidão, referindo-as àquilo que representam a não lhes dando valor algum, exceto como sinais, como tão bem o demonstra Santa Teresa em seu O Castelo Interior.

Ele cairia no erro, contudo, de pensar que as imagens que percebe a as experiências por que passa são o resultado de um contato direto a pessoal de Deus com sua alma, em vez de compreender que elas são estágios do Caminho.

Descobrirá um Salvador pessoal no homemDeus a não na influência regeneradora da força cristológica.

Adorará Jesus de Nazaré como Deus Pai, confundindo, assim, as pessoas.


13. Chesed, portanto, é a Esfera da formulação da idéia arquetípica, a compreensão pela consciência de um conceito abstrato que é subseqüentemente trazido aos planos a concentrado na luz da experiência da concretização de idéias abstratas análogas.

Em seu aspecto macrocósmico, ela representa também uma fase correspondente do processo de criação.

A ciência materialista acredita que os únicos conceitos abstratos são aqueles formulados pela mente do homem.

A ciência esotérica ensina que a Mente Divina formulou idéias arquetípicas para que a substância pudesse tomar forma, a que, sem essas idéias arquetípicas, a substância seria informe a vazia, limo primordial aguardando o sopro de vida para organizar-se no cristal ou na célula.

As pesquisas mais recentes da física revelaram que toda substância, sem exceção, tem urea estrutura cristalina a que as linhas de tensão que o sensitivo percebe como correntes etéreas foram reveladas pelos raios X.


14. Um papel muito importante a muito malcompreendido nos Mistérios é o desempenho pelos seres chamados geralmente de Mestres.

Escolas diferentes definem o termo de maneira diferente, a alguns incluem os adeptos vivos de alto grau entre os Mestres; mas consideramos conveniente fazer uma distinção entre os Irmãos Mais Velhos encarnados a desencarnados, pois suas missões a maneira de operar são totalmente diversas.

O título de Mestre deveria, por conseguinte, ser conferido apenas àqueles que estão livres da rede do nascimento a morte.

Na terminologia da tradição esotérica ocidental, o grau de Adeptus Exemptus é atribuído a Chesed, indicando o termo Exemptus, isto é, "isento", essa libertação do karma que libera da Roda.

Sei muito bem que outros podem atribuir um significado diferente ao título, e que há pessoas encarnadas que possuem esse grau.

A esses respondo que tais pessoas, se o grau é um grau operante a não mera honra vazia, estão livres do Carma a náo reencamarâo.

Tais pessoas podem muito bem ser chamadas de Mestres, pois sua consciência é do grau de um Mestre, mas como é necessário fazer a distinçáo entre adeptos encarnados a desencarnados, é conveniente antes precisar a classificação por essa distinção menor do que conceder aos humanos um prestígio que a natureza humana não está apta a manter.

Enquanto um adepto estiver encarnado, estará sujeito, em algum grau, às debilidades humanas a às limitaçôes impostas pela velhice a pela saúde física.

Até não se ter liberado da Roda a não funcionar como consciência Aura, não escapará por completo às limitaçôes humanas da hereditariedade e do meio ambiente; por conseguinte, não se pode ter nele a mesma confiança que se pode depositar nos verdadeiros Mestres desencarnados.


15. Uma parte muito importante do trabalho dos Mestres é a concretização das idéias abstratas concebidas pela Consciência Logoidal.

O Logos, cuja meditação dá nascimento aos mundos a cuja consciência reveladora é evolução, concebe as idéias arquetípicas extraídas da substância do Imanifesto - para utilizar uma metáfora, já que a definição é impossível.

Essas idéias permanecem na consciência cósmica do Logos assim como na flor, porque não há solo para a sua germinação.

A Consciência Logoidal, enquanto ser puro, não pode, de seu próprio plano, fomecer o aspecto formativo necessário para a sua manifestação.

Ensinam as tradições esotéricas que os Mestres, consciências desencarnadas disciplinadas pela forma, mas atualmente informes, em sua meditação sobre a divindade, são capazes de perceber telepaticamente essas idéias arquetípicas na mente de Deus e, compreendendo a aplicação prática destas aos planos da forma e a linha que esse desenvolvimento seguirá, produzir imagens concretas em sua própria consciência, que serve para trazer as idéias arquetípicas abstratas ao primeiro dos planos da forma, chamado pelos cabalistas de Briah.


16. Essa é, pois, a tarefa que os Mestres realizam em sua Esfera especial, a Esfera de Chesed, organizadora, construtiva a edificadora, no Pilar da Misericórdia.

O trabalho dos Mestres Negros, que são completamente diferentes dos Adeptos Negros, é realizado na Esfera correspondente de Geburah, no Pilar da Severidade, a qual será considerada em seu devido tempo.

O ponto de contato entre os Mestres a os seus discípulos humanos está em Hod, a Sephirah da Magia Cerimonial, conforme indica o Texto Yetzirático, que declara que a essência de Hoda emana de Gedulah, a Quarta Sephirah.

Essas pistas, dadas nos Textos Yetzráticos a respeito das relações entre as Sephiroth individuais, são muito importantes no ocultismo prático.

Hod, portanto, pode ser tomada como representante de Chokmah a Chesed num arco inferior, assim como Netzach representa Binah a Geburah.

Explicaremos esse ponto em detalhes quando analisarmos essas Sephiroth, mas é preciso fazer-lhes uma breve referência para tomar inteligível a função de Chesed.


17. Chegamos a um ponto, no esquema da Árvore, em que o tipo de atividade é acessível ao âmbito da consciência humana.

Em nosso estudo das Sephiroth precedentes, formulamos conceitos metafísicos.

Esses conceitos, embora muito remotos da imediata aplicação à vida da forma, são extremamente importantes, pois a menos que estejam na base de nosso entendimento da ciência esotérica, incorreremos na superstição a utilizaremos a Magia como magos, não como adeptos; em outras palavras, seremos incapazes de transcender os limites dos planos da forma, ficando alucinados, a cairemos sob o domínio dos fantasmas evocados pela imaginação mágica, em vez de utilizá-la como as contas do ábaco em nossos cálculos, o que, para um engenheiro, equivaleria a utilizar uma régua comum em vez da régua de cálculos.


18. Chesed, portanto, reflete-se em Hod através do Centro Cristológico de Tiphareth, assim como Geburah se reflete em Netzach.

Essa relação é muito instrutiva, pois indica que, para a consciência elevar-se da forma à força, a para a força descer à forma, ela precisa passar pelo Centro de Equilíbrio a Redenção, ao qual são atribuídos os Mistérios da Crucificação.


19. É à Esfera de Chesed que a consciência exaltada do adepto se eleva em suas manifestações ocultas; é aqui que ela recebe a inspiração com que trabalha nos planos da forma.

É aqui que encontra os Mestres como influências espirituais, por meio de contatos telepáticos, sem qualquer mescla de personalidade.

Esse é o modo verdadeiro a superior de entrar em contato com os Mestres, contato que se efetua de mente a mente em sua própria esfera de consciência exaltada.

Quando, pela clarividência, vemos os Mestres como seres vestidos, cujos trajes indicam seu raio, são eles percebidos por meio da refração na Esfera de Yesod, que é o reino dos fantasmas e das alucinações.

Pisamos um terreno muito inseguro quando encontramos os Mestres aqui.

É aqui que a forma antropomórfica é conferida à inspiração espiritual que tanto desorienta os sensitivos que não conseguem elevar-se a Chesed.

E é assim que o anúncio da volta ao mundo de um impulso espiritual é interpretado como o advento de um Instrutor Universal.



II



20. Quanto mais descemos na Árvore até as Esferas mais acessíveis à nossa compreensão, mais descobrimos que os símbolos associados a cada Sephirah se tomam cada vez mais eloqüentes quando falam de nossa experiência, em vez de obrigar-nos a raciocionar pela analogia.


21. A imagem mágica que representa Chesed é um poderoso rei coroado, sentado em seu trono; essa posição indica que ele está estavelmente sentado num reino em paz, não em marcha em seu carro para a guerra, como o sugere a imagem mágica de Geburah.

Os títulos adicionais de Chesed - Majestade, Amor - confirmam o conceito do rei benévolo, pai de seu povo; e a localização de Chesed no centro do Pilar da Misericórdia confirma, ademais, a idéia da lei estável, ordenada a misericordiosa, que govema para o bem dos governados.

O título do coro angélico associado a Chesed - Chasmalim, ou Brilhantes - assinala a idéia do esplendor real de Gedulah, que é um título alternativo utilizado freqüentemente para Chesed.

O chakra cósmico atribuído a Chesed - Júpiter, o grande benigno da Astrologia - confirma toda a cadeia de associaçôes.


22. No lado microcósmico ou subjetivo, descobrimos que a virtude atribuída a essa esfera de experiência é a da obediência.

É apenas através da virtude da obediência que o sujeito pode aproveitar-se do sábio governo de Chesed.

Temos de sacrificar muito de nossa independência a do egoísmo para partilhar das comodidades da vida social organizada.

Não há escapatória desse sacrifício a dessa restrição.

A força da gravidade resiste-nos, entre outras coisas.

A liberdade poderia ser definida como o direito de escolher o próprio mestre, pois é preciso ter um guia em toda a vida associativa respeitável, caso contrário reinará o caos.

Uma autoridade efetiva a inspirada, eis o que clama em coro o mundo atual, a país após país está buscando a descobrindo o guia que mais se aproxime de seu ideal nacional, a todos marcham como um só homem atrás desse guia.

O único remédio para a enfermidade mundial é a influência benigna, organizadora a ordenante de Júpiter; quando isso ocorrer, as nações recobrarão seu equilíbrio a sua saúde física.


23. Inversamente, os vícios atribuídos a Chesed - fanatismo, hipocrisia a tirania - são todos vícios sociais.

O fanatismo recusa-se a mover-se com os tempos ou encarar outro ponto de vista - ambos, vícios fatais nas relações raciais.

A hipocrisia implica que não nos entregamos de todo coração à vida social, mas, como Ananias, guardamos o nosso quinhão.

A gula expõe-nos à tentação de tomar mais do que nos cabe na partilha dos bens comuns, e é apenas outro nome para egoísmo.

E a tirania é esse use errõneo da autoridade que surge quando a natureza se mancha de crueldade a vaidade.


24. A correspondência no microcosmo estabelece-se com o braço esquerdo, o que indica um modo menos dinâmico de funcionamento de poder do que o da mão direita, que levanta a espada na imagem mágica de Geburah.

A mão esquerda segura o orbe, que significa a própria Terra, a mostra que tudo está em segurança na mão firme do governante.

Chesed, de fato, denota antes a firmeza do que a força da energia dinámica.


25. O número místico de Chesed é o quatro, a este é amiúde representado como uma figura quadrilátera, ou tetraedro.

Um talismã de Júpiter é sempre deposto sobre tal figura.

Outro símbolo de Chesed é a figura sólida, tal como a entende a geometria.

Compreenderemos a razão desse simbolismo se considerarmos as figuras geométricas atribuídas às Sephiroth que já estudamos.

O ponto é atribuído a Kether; a linha, a Chokmah; o plano bidimensional, a Binah; conseqüentemente, o sólido tridimensional conceme, naturalmente, a Chesed.


26. Mas essas relações significam muito mais coisas do que unìa mera série de símbolos.

O sólido representa essencialmente a manifestação, tal como o concebe a nossa consciência tridimensional.

Não podemos conceber uma existência unidimensional ou bidimensional, salvo na matemática ou simbolicamente.

Chesed, como já observamos, é a primeira das Sephiroth manifestas; por conseguinte, é muito natural que o símbolo da figura sólida integre o resto de seu simbolismo.

A figura sólida utilizada para simbolizar Chesed é normalmente a pirâmide, que é uma figura de quatro lados, constituída de três faces a uma base, expressando, assim, a qualidade numerológica de Chesed.


27. Existem muitas outras formas de cruz que representam simbolicamente os Mistérios, além da cruz do Calvário no Mistério Cristão, a cada uma delas representa modos diferentes de funcionamento do poder espiritual, tal como as diferentes formas dos Nomes Sagrados de Deus.

A forma da cruz associada a Chesed é a cruz de braços iguais, que simboliza os quatro elementos em equilíbrio, a implica o governo da natureza por uma influência sintetizadora que confere harmonia equilibrada a todas as coisas.


28.O orbe, o bastão, o cetro e o cajado, que são os símbolos atribuídos a essa Sephirah, expressam perfeitamente os diferentes aspectos do poder real benévolo de Chesed, de modo que não precisamos nos deter em seu estudo.


29. As quatro cartas do Tarô atribuída a Chesed quando se manipula o baralho para a adivinhação expressam a idéia que rege a correspondência.

O Quatro de Paus simboliza a Obra Perfeita, representando, assim, admiravelmente, a realização do rei no tempo de paz em seu reino bem-governado.

O Quatro de Copas chama-se Senhor do Prazer, a relaciona-se com o título de Esplendor atribuído a Chesed a com o fulgor de seu coro angélico.

O Quatro de Espadas indica o Repouso após a luta, a concorda perfeitamente com o significado do monarca sentado.

O Quatro de Ouros é o Senhor do Poder Terrestre, um simbolismo táo claro que não necessita esclarecimentos.


30. Deixamos para o fim deste estudo a análise do Texto Yetzirático, para evitar que a apresentação ordenada do simbolismo de Chesed se quebrasse.

Além disso, esse texto contém tantos significados, que podemos compreendê-los melhor quando estamos mais bem equipados com o simbolismo que lhe corresponde.

Muito do que se relaciona ao ensinamento contido nesse texto, contudo, já foi estudado quando o examinamos em relação às Sephiroth precedentes.

Não nos repetiremos, pois, contentando-nos em remeter o estudante àquelas páginas em que os assuntos são estudados em detalhe, evitanto, assim, repetições desnecessárias - repetições, aliás, que são quase inevitáveis no estudo da drvore da Vida, em que os diferentes símbolos representam o mesmo poder em diferentes níveis de manifestação ou sob diferentes aspectos.


31. "O Quarto Caminho chama-se Inteligência Coesiva."

Podemos compreender claramente o sentido dessas palavras se consideramos Chesed através do símbolo do rei sentado em seu trono, organizando os recursos e prosperidade do reino a esforçando-se para que todas as coisas se equilibrem para o bem comum.


32.O Texto Yetzirático o chama também de Inteligência Receptiva, e isso se refere ao símbolo do braço esquerdo, que é atribuído a essa Sephirah no microcosmo.


33. Chesed "contém todos os Poderes Sagrados, dele emanando as virtudes espirituais com as suas essências mais requintadas".

O ensinamento implícito nessa sentença já foi elucidado na exegese anterior do conceito das idéias arquetípicas.


34. "Tais poderes emanam uns dos outros por virtude da Emanação Primordial, a Coroa Mais Elevada, Kether."

Esses conceitos já foram abordados a propósito da Segunda Sephirah, Chokmah, quando estudamos o transbordamento da força de Esfera a Esfera.

Geburah

3.3/5 (9 votos)

Geburah é a quinta Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Título: Geburah, Força, Severidade. (Em hebraico: Gimel, Beth, Vau, Resh, Hé.)

Imagem Mágica: Um poderoso guerreiro em seu carro.

Localização na Árvore: No centro do flar da Severidade.

Texto Yetzirático: 0 Quinto Caminho chama-se Inteligencia Radical, porque se assemelha à Unidade, unindo-se a Binah. Entendimento, que emana das profundidades primordiais de Chokmah, Sabedoria.

Títulos Conferidos a Geburah: Din (justiça); Pachad (medo).

Nome Divino: Elohim Gebor.

Arcanjo: Khamael.

Coro Angélico: Seraphim, Serpentes de Fogo.

Chakra Cósmico: Madim, Marte.

Experiência Espiritual: Visão do poder.

Virtude: Energia, coragem.

Vício: Crueldade, destruição.

Correspondência no Microcosmo: 0 braço direito.

Simbolos: 0 pentágono. A Rosa de Tudor de Cinco Pétalas. A espada. A lança. 0 açoite. A corrente.

Cartas do Tarô: Os quatro cincos: Cinco de Paus: luta; Cinco de Copas: perda no prazer; C1nco de Espadas:derrota; Cinco de Ouros: conflito terrestre.

Cor em Atziluth: Laranja.

Cor em Briah: Vermelho-escarlate.

Cor em Yetzirah: Escarlate-brilhante.

Cor em Assiah: Vermelho, salpicado de negro.


Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Um dos aspectos menos compreendidos da filosofia cristã é o problema do mal; a um dos assuntos menos abordados na ética cristã é o problema da força, ou severidade, em oposição à misericórdia e à doçura.

Conseqüentemente, Geburah, a Quinta Sephirah, cujos títulos adicionais são Din (lustiça) a Pachad (Medo), é a Sephirah menos compreendida de todas as Esferas, sendo, portanto, uma das mais importantes.

Se a doutrina cabalística não afirmasse explicitamente que todas as Dez Sephiroth são sagradas, muitos estariam inclinados a considerar Geburah como o aspecto maléfico da Árvore da Vida.

E, de fato, o planeta Marte, cuja Esfera é o chakra cósmico de Geburah, é chamado na Astrologia de maléfico.


2. Contudo, aqueles que foram instruídos além da rude ilusão de uma filosofia enganosa, sabem que Geburah de maneira alguma é o Inimigo ou Adversário descrito nas Escrituras, mas sim o rei em seu carro que marcha para a guerra, cujo poderoso braço direito protege o seu povo com a espada da legalidade a assegura que a justiça será feita.

Chesed, o rei sentado em seu trono, o pai de seu povo em tempos de paz, pode conquistar nosso amor; mas é Geburah, o rei em seu carro a caminho da guerra, que merece nosso respeito.

Jamais se fez suficiente justiça ao papel exercido pelo sentimento de respeito na emoção do amor.

Temos uma espécie de amor pela pessoa que pode nos inspirar o temor de Deus, apresentando-se a ocasião, que é de uma qualidade muito diferente; ele é muito mais estável a permanente e, curiosamente, muito mais satisfatório emocionalmente do que o amor no qual não existe nenhum quê de temor.

É Geburah que fornece o elemento de temor, de medo do Senhor, que é o início da Sabedoria, a de um respeito saudável geral que nos ajuda a enfrentar o Caminho difícil a estreito a evoca a nossa melhor natureza, porque sabemos que nossos pecados serão postos à luz.


3. Esse é um fato ao qual a ética cristã, tal como é popularmente compreendida, não dá bastante importância; e, como o tom geral da sociedade cristã se inclina contra a Quinta Sephirah sagrada, será necessário considerar em detalhes o lugar que essa esfera ocupa na Árvore e o papel que exerce tanto na vida espiritual como na social, pois ela é malcompreendida, e essa ausência de compreensão do fator Geburah é a causa de muitas de nossas dificuldades na vida moderna.


4. Geburah ocupa a posição central do Pilar da Severidade; representa, por conseguinte, o aspecto catabólico ou destrutivo da força.

O catabolismo, convém recordar, é aquele aspecto do metabolismo, ou do processo vital, que se relaciona com a liberação da força na atividade.

Já se disse que o Bem é o que é construtivo a edificador, e o Mal é o que é destrutivo a demolidor.

Podemos ver quão falsa é essa filosofia se tentamos classificar, de acordo com esse princípio, um câncer a um desinfetante.

No ensinamento mais profundo a mais filosófico dos Mistérios, reconhecemos que o Bem e o Mal não são coisas em si, mas estados.

O Mal é simplesmente uma força que não está sem lugar; se deslocada no tempo, fora de sua época, está tâo longe de sua meta que se toma inútil.

Deslocada no espaço, se se manifesta no lugar errado, como, por exemplo, uma brasa no tapete da lareira ou a água do banheiro no forro da sala de estar.

Se deslocada, quanto às proporçôes, um excesso de amor, por exemplo, nos toma tolos a sentimentais; já uma falta de amor nos toma cruéis a destrutivos.

É em tais coisas que reside o Mal, não num demônio pessoal que age como um adversário.


5. Geburah, o Destruidor, o Senhor do Medo a da Severidade, é, portanto, tão necessário ao equiliõrio da Árvore como Chesed, o Senhor do Amor, a Netzach, a Senhora da Beleza.

Geburah é o Cirurgião Celestial; é o cavaleiro de armadura brilhante, o matador de dragôes; belo como um noivo, em sua força, para a donzela ansiosa, embora, sem dúvida, o dragão preferisse um pouco mais de amor.


6. As iniciaçôes dos maléficos, Saturno, Marte e a enganosa Yesod lunar, sáo tão necessárias à evolução a ao desenvolvimento equilibrado da alma como o são os Mistérios da Crucificação atribuídos a Tiphareth.

É o ponto de vista unilateral do Cristianismo que causa sua debilidade, sendo ele responsável por tudo que é patológico a mal sáo tanto em nossas vidas privadas como em nossa vida social.

Mas não devemos esquecer igualmente que o Cristiamsmo chegou como um remédio para o mundo pagão que estava moribundo por causa de suas próprias toxinas.

Temos necessidade daquilo que o Cristianismo tem para dar; mas também, infelizmente, temos de ter em conta o que lhe falta.

Consideremos, agora, a influência adstritiva a corretiva de Geburah.


7. A energia dinâmica é tão necessária ao bem-estar da sociedade quanto a doçura, a caridade e a paciência.

Não devemos esquecer que a dieta eliminatória que restaura a saúde, na doença, produz a doença na saúde.

Jamais deveríamos exaltar as qualidades que são necessárias para compensar um excesso de força como fins em si a como meios de salvação.

Caridade em excesso é obra de um louco; paciência em excesso é o sinete de um covarde.

Necessitamos de um equilíbrio justo a sábio, que contribui para a felicidade, a saúdé e a franca compreensão de que sacrifícios são necessários para obtê-las.

Não podemos comer o bolo a conservá-lo, seja na esfera espiritual ou em qualquer outra.


8. Geburah é o sacerdote sacrificial dos Mistérios.

O sacrifício não significa oferecer algo que nos é caro porque um Deus ciumento não suporta interesses rivais em Seus devotos a se regozija com o nosso sofrimento.

Significa a escolha deliberada a vigilante de um bem maior, de preferência a um bem menor, assim como o atleta prefere a fadiga do exercício à facilidade da preguiça que o põe fora de condiçôes.

O carvão queimado numa fornalha é sacrificado ao deus do poder do vapor.

O sacrifício é realmente a transmutação da força; a energia latente no carvão, oferecida no altar sacrifical da fornalha, é transmutada na energia dinãmica do vapor por meio da maquinaria apropriada.


9. Existe uma maquinaria psicológica a cósmica de que podemos dispor a que se relaciona a todo ato de sacrifício que converte este ato em energia espiritual; a essa energia espiritual pode ser apiicada a outros mecanismos, reaparecendo nos planos da forma como um tipo inteiramente diferente de força do que aquela com que começou.


10. Por exemplo, um homem pode sacrificar as emoções em favor de sua carreira; ou uma mulher pode sacrificar a carreira às suas emoçôes.

Se o ato é puro a sem arrependimentos, uma imensa quantidade de energia psíquica é liberada para a utilizaçâo no canal escolhido.

Mas, se o desejo inferior é simplesmente expressão inibida a negada a não realmente deposto no altar do sacrifício como uma deliberada a livre oferenda, a vítima infortunada fez a pior escolha.

É aqui que precisamos de Geburah para nos tornarmos como o sacerdote que arranca o sacrifício de nossas mãos, mesmo que seja o nosso primogênito, e o oferece a Deus com um golpe rápido, puro e mÍsericordioso.

Pois, Geburah, no microcosmo, que é a alma do homem, é a coragem a resolução que nos liberta da nódoa da autopiedade.


11. Que falta nos fazem-as virtudes espartanas de Geburah nesta época de sentimentalismos a neurosesl

Quantas quedas não poderíamos evitar se esse Cirurgião Celestial pudesse executar o corte limpo que tem chance de curar, evitando assim o compromisso fatal e a irresolução doentia, que é como uma ferida aberta a ameaçada de gangrenal


12. Além disso, se não houvesse uma mão forte a serviço do Bem no mundo, o Mal se multiplicaria.

Se não é bom apagar um tição quando este ainda arde, é igualmente mau deixar a cinza acumular-se, evitando a utilização do atiçador.

Há um momento em que a paciência se toma fraqueza, desperdiçando o tempo do melhor homem, a em que a misericórdia se toma uma loucura a expõe o inocente ao perigo.

A política da não-resistência ao Mal só pode ser seguida satisfatoriamente numa sociedade bem vigiada; ela jamais foi tentada com sucesso sob condiçôes-limites.

Pois a natureza, de dentes a garras vermelhas, exibe as cores de Geburah, ao passo que a civilização compensadora pertence a Chesed, Misericórdia, que modifica a força irrestrita e a destrutividade excessiva de tudo que está na fase Geburah de seu desenvolvimento.

Mas, igualmente, devemos lembrar que a civilização repousa na natureza como um edifício repousa sobre suas fundações, onde está oculto o esgoto, tão necessário à saúde.


13. Onde quer que haja algo que tenha sobrevivido à sua utilidade, Geburah deve brandir a sua faca de poder; onde quer que haja egoísmo, este deve ser traspassado pela ponta da lança de Geburah;

onde quer que exista violência contra a fraqueza, ou o use impiedoso da força, é a espada de Geburah, não o orbe de Chesed, que é o neutralizador mais eficaz;

onde quer que haja preguiça a desonestidade, o flagelo sagrado de Geburah é necessário; a onde haja uma remoção das estacas colocadas para proteger-nos de nosso vizinho, é a cadeia de Geburah que deve intervir.


14. Essas coisas são tão necessárias à saúde da sociedade a do indivíduo como o amor fratemo; mas são muito raras em nossa época sentimental, que as utiliza medicinalmente a não vingativamente.

Aquele que grita "Alto" ao agressor a "Saiam" àqueles que lhe bloqueiam o caminho, esse age como um sacerdote na Esfera da Quinta Sephirah Sagrada.


15. Se observarmos a vida, constataremos que o ritmo, não a estabilidade, é o princípio vital.

A estabilidade que a existência manifesta alcança é a estabilidade de um homem sobre uma bicicleta, que se equilibra entre duas quedas opostas; ele pode cair para a direita ou para a esquerda, a manter o equiliôrio por meio de seu impulso.


16. Na vida dos indivíduos, no desenvolvimento de qualquer transaçáo, no tom de qualquer mente grupal disciplinada ou altamente organizada, vemos a constante altemância das influências de Geburah a Gedulah num balanço rítmico de um lado a outro.

Todo aquele que é responsável pelo disciplinarrmento de um grupo organizado sabe conhecer a constante necessidade de apertar a afrouxar as rédeas; de estimular a refrear.

Há uma sensação da necessidade de soltar a linha quando o grupo transborda com um impulso de interesse a entusiasmo, seguido pela necessidade de tomar a folga quando o impulso se perde.

Se não se pega a folga com mão firme, o grupo mete-se nos laços a toma-se insubordinado.

O sábio manipulador dos homens sabe qúando a reação se dissipou a chega o momento de estalar o látego de Geburah sobre os cavalos a fazé-los saltar no varal novamente quando o novo impulso dinámico se avoluma; mas ele sabe também que não deve estalá-to muito cedo, quando os cavalos estão tendo um descanso ou quando um dos mais inquietos tem uma perna enroscada.


17. Na vida nacional, especialmente, podemos nos dar conta dos ritmos altemantes de Geburah a Gedulah.

Arrisco-me a profetizar que a nação inglesa está saindo de uma fase Gedulah a entrando numa fase Geburah.

Em todas as partes vemos que a misericórdia, superestimada pelas imperfeiçôes da natureza humana, está sendo abolida em favor de uma severidade que restaurará o equilíbrio da justiça imparcial a impedirá que o mal se multiplique.

O trabalho da polícia está sendo reorganizado; os juízes estão dando sentenças mais severas; a reforma penal experimentou um recuo; o humanitarismo não terá a última palavra.

A alma grupal da raça está entrando na fase Geburah, a perdeu a paciência com as suas unidades imperfeitas.


18. No próximo ciclo, a tendéncia será descartar o incapaz a concentrar-se no esforço de conduzir o hábil ao seu desenvolvimento mais elevado.

Geburah será o parceiro mais velho, a toda atenuação da severidade que Gedulah propõe terá de passar pelo escrutínio da justiça imparcial.

Essa é uma reforma muito necessária, pois, no fim de uma fase, os extremos tendem a desenvolver-se, e o humanitarismo de Gedulah toma-se abusivo a ridículo, e seus refinamentos convertem-se em debilidade, perdendo o contato com as realidades.


19. Quando uma nova fase se inicia numa escala de mente grupal, é nos menos iluminados, nos de mente estreita, que sua influência é mais forte; os cultos tendem a manter-se longe dos extremos.

Podemos constatá-to analisando a linha adotada pelos vários tipos de jornalismo.  

O jornalismo popular clama pela livre utilização do chicote como uma punição para o crime; pelo repúdio das dívidas a pactos intemacionais; em, suma, pelos golpes germs com a espada de Geburah.

Em todas as partes, cresce a tendência de não sofrer a estupidez de ninguém - tendência que toma as negociações extremamente difícies, pois Geburah é um péssimo negociante, a sua única contribuição à discussão é a do soldado grego que tomou a espada a cortou o nó.


20. Ora, o iniciado, sabendo que as fases se sucedem na altemáncia rítmica, não toma qualquer fase muito seriamente, nem pensa que está vivendo no fim do mundo ou no do milénio.

Ele sabe que a vida seguirá seu curso, iniciando um corretivo valioso a necessário, a concluindo pelos extremos; mas, desde que haja visão suficiente entre os iluminados de uma raça, as pessoas não perecerão, pois o próprio fato de chegar-se aos extremos indica o fim da inclinação, e o pêndulo reverterá normalmente o seu movimento e começará a voltar em direção ao centro da estabilidade.

É apenas quando o povo perde completamente a visão que o pêndulo se desequilibra a se autodestrói.

Foi esse o caso de Roma, de Cartago e, mais recentemente, da Rússia.

Mas, mesmo quando a organização social se quebra e o pêndulo se perde no espaço, o princípio do ritmo é inerente em toda a existência manifests, a se restabelece de imediato quando qualquer espécie de organização se forma depois do naufrágio.


21. A grande fragilidade do Cristianismo reside no fato de que ele ignora o ritmo.

Ele equilibra Deus com o Demônio, em vez de Vishnu com Siva.

Seus dualismos são antagônicos em lugar de equilibrantes e, por conseguinte, jamais podem resultar no três funcional, no qual o poder está em equilíbrio.

Seu Deus é o mesmo de ontem, hoje a amanhã, a não progride com a criaçáo, mas entrega-se em um único espaço criativo, repousando depois sóbre seus louros.

A experiência humans total, o conhecimento humano total é contra a verdade dessa concepção.


22. O conceito cristão, sendo estático a não-dinâmico, não pode entender que, quando uma coisa é boa, seu oposto não é necessariamente mau.

Ele não tem nenhum sentido de proporção porque não compreende o princípio do equilíbrio no espaço a do ritmo no tempo.

Conseqüentemente, para o ideal cristão, a parte é sempre maior do que o todo.

A cordura, a misericórdia e o amor constituem o ideal do caráter cristão, e, como assinala com razão Nietzsche, essas são as virtudes do escravo.

Deveríamos ter lugar em nosso ideal para as virtudes do governante a do líder - coragem, energia, justiça a integridade.

O Cristianismo nada tem a dizer-nos sobre as virtudes dinâmicas; conseqüentemente, aqueles que empreendem o trabalho do mundo não podem seguir o ideal cristão por causa de suas limitações a de sua inaplicabilidade aos problemas que lhe dizem respeito.

Eles não podem medir o certo e o errado por nenhum padrão, salvo o seu próprio auto-respeito.

O resultado é o espetáculo ridículo de uma civilização dedicada a um ideal unilateral a forçada a manter seus ideais a sua honra em compartimentos separados.


23. Precisamos tanto do realismo de Geburah para equilibrar o idealismo de Gedulah, quanto precisamos da justiça para temperas a misericórdia.

A experiência na educação das crianças nos ensina que a criança que nunca é contrariada é uma criança estragada; que o jovem carente da espora da competição pode tomar-se um jovem negligente, pois são muito poucos os que trabalham por amor ao trabalho.

Ocorre o mesmo com as nações.

O monopólio, na falta da espora da competição, sempre se revelou ineficaz; as profissões não-competitivas sofrem sempre de obesidade intelectual.


24. Geburah é o elemento dinâmico da vida que incita a vencer os obstáculos. O caráter a que faltam os aspectos marcianos nunca fará nada na vida.

Aqueles que dependem de um arrimo de família não-Geburah sabem que o amor não é uma completa solução para os problemas da vida.

Devemos aprender a amar o guerreiro armado de espada, assim como o Amor Divino, que nos dá o copo de água a nos diz "Vinde a mim os que estão cansados a carregados".


25. Quando aprendermos a beijar a vara a compreendermos o valor das experiências constritivas, receberemos a primeira das iniciações de Geburah; e, quando aprendermos a perder nossas vidas a fim de salvá-las, teremos a segunda.

Há um certo tipo de coragem que não teme a dissolução, pois ela sabe que todos os princípios espirituais são indestrutíveis e, na medida em que os arquétipos persistem, tudo pode ser reconstruído.

Geburah só é destrutivo para aquilo que é temporal; é o servo daquilo que é eterno, pois, quando, por meio da atividade ácida de Geburah, tudo que é impermanente desaparecer, as realidades eternas a incorpóreas brilharão em toda a sua glória, deixando ver todos os seus detalhes.


26. Geburah é o melhor amigo que podemos ter, se somos honestos.

A sinceridade não precisa temer suas atividades; na verdade, ela é a melhor proteção que podemos ter contra a insinceridade do próximo, pois nada há melhor do que a influência de Geburah para desmascarar tanto pessoas como pontos de vista.


27. Geburah a Gedulah precisam trabalhar juntas; jamais uma sem a outra.

Devemos adorar o Deus das Batalhas assim como o Deus do Amor, para que o elemento combativo no universo renda homenagens ao Senhor Único, ao Eu Sou Aquele Que É.

Não se deve maldizer a espada como um instrumento do Demônio, mas abençoá-la a consagrá-la para que jamais possa ser empunhada numa causa injusta.

Jamais deveremos pô-la de lado devido a um pacificismo impraticável, mas brandi-la a serviço de Deus, de modo que, emitida a ordem para que não se sofra mais a coisa má, o poderoso Khamael, o Arcanjo de Geburah, possa conduzir os Serafins à batalha, não numa raiva destrutiva, mss sóbria a impessoalmente a serviço de Deus, no intuito de esclarecer o Mal a fazer o Bem prevalecer. lu


28. Já falamos tanto a respeito da natureza de Geburah, que não nos resta muita coisa a dizer sobre as suas atribuições.


29.O Texto Yetzirático nos diz que o Quinto Caminho chama-se Inteligência Radical porque se assemelha à Unidade.

Ora, a Unidade é apenas um dos títulos atribuídos a Kether;

por conseguinte, podemos dizer que Geburah é correlata de Kether num arco inferior.

Há várias Sephiroth que são assim referidas na Sepher Yetzirah, a essas referências são muito importantes quando se procura penetrar-lhes a natureza.

Afirma-se que Chokmah é o Esplendor da Unidade a seu igual, a que as raízes de Binah estão em Amém, que é também um título de Kether.


30. Geburah é uma Sephirah altamente dinâmica, a sua energia, transbordando no mundo da forma a vitalizando-o, estabelece uma analogia estreita com a força transbordante de Kether, que é a base de toda manifestação.


31.O Texto Yetzirático afirma também que Geburah se une a Binah, o Entendimento.

Quando lembramos que, na Astrologia, Saturno, o chakra cósmico de Binah, a Marte, o chakra cósmico de Geburah, chamam-se os Maléficos Major a Menor, vemos que deve haver mais do que uma relação superficial entre os dois.


32. Binah é a causa da morte porque é o dador de forma à força primordial, tomando-a, desse modo, estática;

Geburah chama-se Destruidor porque a ígnea força de Marte quebra as formas a as destrói.

Vemos, assim, que Binah está etemamente ocupada em encerrar a força na forma, e Geburah em quebrar a destruir perpetuamente todas as formas com a sua energia desagregadora.


33. Mas devemos perceber igualmente que é apenas quando a influência protetora a preservativa de Chesed está ausente que as influências destrutivas de Geburah sáo capazes de operar sobre as formas edificadas por Binah, pois o Caminho das Emanações entre Binah a Geburah passa por Chesed.

Geburah é o corretivo essencial de Binah, sem o qual Binah prenderia toda a criação na rigidez.

Binah, por sua vez, como assinala o Texto Yetzirático, emana das profundezas primordiais de Chokmah, a Sabedoria.

Vemos assim que existe um aspecto dinâmico mesmo em Binah.

Nenhuma Sephirah confina-se exclusivamente a um único tipo de força, pois cada Sephirah emana de uma Esfera do tipo oposto de polaridade, a por sua vez emana uma Sephirah de polaridade oposta.

O que realmente temos no Relâmpago Brilhante são fases sucessivas no desenvolvimento de uma única força; e, como estas emanam sucessivamente, não se superpondo umas às outras, elas permanecem como planos de manifestação a tipos de organização.


34. Essas fases a planos sucessivos de manifestação podem ser comparados às sucessivas fases de um rio.

Este começa como uma corrente montanhosa; depois, toma-se um plácido ribeiro entre os prados; e, finalmente, o grande caminho de água entre as docas por onde passam os navios.

Os diferentes trechos do rio permanecem constantes; o tipo de água em cada um é constante; claro a brilhante nos trechos superiores, cheia de aluviões entre os ribeiros dos prados, suja a enegrecida abaixo das docas.

Mas, ao mesmo tempo, a água em si não é constante, pois ela não fica estagnada em qualquer ponto, estando em comunicação ininterrupta; as águas "emanam" umas das outras, para utilizar a linguagem da Cabala.

Mas a água transforma sua natureza enquanto progride, pois algo se acrescenta a ela pelas experiências por que passa; solo de aluvião dos ribeiros dos prados; a sujeira da cidade nas docas.


35. Da mesma maneira, a emanação primordial de Kether modifica-se em cada trecho sephirótico do rio cósmico; os trechos, ou Esferas sephiróticas, permanecem constantes; as emanações fluem, sofrendo modificações em cada esfera.


36. Os títulos atribuídos a Geburah, tais como Força, Justiça, Severidade a Medo, falam por si mesmos a indicam os aspectos duais dessa Sephirah.

A medida que descemos na Árvore em direção aos planos da forma, vemos mais a mais claramente que toda Sephirah é dupla a que seu excesso tende à força desequilibrada.


37. A imagem mágica de um guerreiro poderoso em seu carro, coroado a armado, indica a natureza dinâmica da força Geburah.

O chakra cósmico do ígneo Marte expressa ainda mais claramente a mesma idéia.


38. A experiência espiritual evocada pela iniciação na Esfera de Geburah é a visão do poder.

É apenas quando um homem a recebe que se toma um Adeptus Major.

A manipulação correta do poder é um dos maiores testes que podem ser impostos a qualquer ser humano.

Até esse ponto de seu Progresso nos graus, o iniciado aprende as lições da disciplina, controle a estabilidade; ele adquire, de fato, o que Nietzsche chama de moralidade do escravo - uma disciplina muito necessária para a natureza humana impenitente, tão orgulhosa de seu próprio conceito.

Com o grau de Adeptus Major, con. tudo, ele deve adquirir as virtudes do super-homem, a aprender a utilizar o poder em vez de submeter-se a ele.

Mas, mesmo assim, ele não é a lei, a sim o servo do poder que utiliza, devendo seguir-lhe os propósitos a não servir aos seus.

Embora não mais responsável perante seus colegas, ele é ainda responsável perante o Criador do céu a da terra, a deverá render-lhe conta de sua administração.


39. Cabe-lhe uma grande liberdade; mas também um grande esforço.

Ele pode pronunciar a palavra de poder que desencadeia o vento, mas deve estar preparado para cavalgar o turbilhão decorrente.

Eis um aspecto que o mago amador nem sempre compreende.


40. A energia e a coragem, que são as virtudes de Marte, e a crueldade e a destruição, que são seus vícios quando tais qualidades se tomam excessivas, dispensam comentários, pois são auto-explicativas.


41. Os símbolos atribuídos a Marte-Geburah precisam de algum esclarecimento, contudo, pois seu significado nem sempre transparece à primeira vista.


42. As figuras planas com um número variável de lados são atribuídas aos diferentes planetas e, na magia cerimonial, ou talismánica, são utilizadas como o esquema de qualquer forma associada a uma força planetária.

A Saturno, o mais antigo planeta, o primeiro a desenvolver-se no tempo evolutivo, atribui-se a figura bidimensional mais simples, o triângulo.  

A estabilidade equilibrada de Chesed tem a figura de quatro lados, o quadrado.

E, à terceira Sephirah planetária, Marte, atribui-se uma figura de cinco lados, e o cinco é considerado no sistema cabalístico como o número de Marte.

Conseqüentemente, o Pentágono, a figura de cinco lados, é o símbolo de Marte, e todo altar a Marte deverá ser pentagonal ou de cinco lados, assim como todo talismã.

A Rosa Tudor, de cinco pétalas, que é outro símbolo de Marte, requer mais explicações, mas, quando lembramos a íntima associação entre Marte a Vênus na mitologia, a que a rosa é a flor de Vênus, temos uma chave do significado simbólico correspondente.

As linhas de força que cruzam a Árvore vão de Geburah-Marte a Netzach-Vênus, através de Tiphareth, o Lugar do Redentor, o centro do equiliôrio, da mesma maneira que Chesed e Hod se vinculam, como se indica claramente no Texto Yetzirático, que diz que Hod tem sua raiz nos locais ocultos de Gedulah, a quarta Sephirah.


43. Compreendendo, portanto, a íntima relação entre os pares diagonais que formam os quadrantes-do quadrado central da Árvore, entendemos o relacionamento indicado pela forma da rosa com suas cinco pétalas.


44. A espada, a lança, o açoite e a corrente são armas tão características de Marte que dispensam qualquer comentário.


45. Os quatro cincos do baralho do Tart são cartas maléficas, cada uma de acordo com o seu tipo.

De fato, todo o naipe de espadas, que está sob o govemo de-Marte, representa a litigiosidade, pois seus melhores aspectos são "Descanso da luta" a "Sucesso após a batalha" e, quando uma carta de Espadas é associada a uma Sephirah cujo chakra cósmico é um dos maléficos astrológicos, o resultado é desastroso, a descobrimos os Senhores da Derrota a da Ruína nesse naipe.


46. Nossa habilidade para receber a iniciação de Geburah depende de nossa disposição para com as forças marcianas, a só podemos determiná-la pelo grau de autodisciplina a estabilidade que atingimos em nossas próprias naturezas.


47. Geburah é a mais dinámica a violenta de todas as Sephiroth, mas é também a mais altamente disciplinada.

Na verdade, a disciplina militar, regida pelo deus da Guerra, é um sinônimo da mais rigorosa espécie de controle que pode ser imposto sobre os seres humanos.

A disciplina de Geburah precisa adequar-se exatamente a essa energia; em outras palavras, os freios de um carro devem ter uma relação direta com a potência do motor se queremos dirigir a salvo na estrada.

É essa tremenda disciplina de Geburah que é um dos pontos de teste dos Mistérios.

Empregamos a expressão "disciplina de ferro" a ferro é o metal de Marte.


48. O iniciado de Geburah é uma pessoa muito dinâmica a severa, mas é também uma pessoa muito controlada.

Suas virtudes características são a calma e a paciência sob a provocação.

No campo esportivo, que é o aspecto lúdico do deus da Guerra, sabe-se que a perda da paciéncia implica a derrota.

Todo boxeador sabe que, se a cólera se apoderar dele instigando-o a lutar em vez de boxear, as vantagens estarão contra ele.

O iniciado de Marte é essencialmente o Guerreiro Feliz, o iniciado que passou pelo grau de Tiphareth e conquistou o equilíbrio.


49. Ele luta sem malícia; perdoa o fraco e o ferido; não combate para destruir a lei, mas para que ela seja corretamente respeitada.

É o restaurador do equilíbrio e, como tal, é sempre o defensor dos fracos a dos oprimidos.

Nunca é um deus que se encontra do lado dos grandes exércitos, embora diga: "Com os obstinados, mostro-me obstinado."

Ele agarra o gigante de duas cabeças das Qliphoth, Thaumiel, as Duas Forças Oponentes, bate-lhes as cabeças a diz: "Maldição para as tuas casasl Fica na paz de Deus ou te arrependerásl"


50. Quando uma alma está naquele estágio de desenvolvimento em que o único caminho pelo qual se pode desenvolver é o da experiéncia, Geburah não o desaponta, a cuida para que ela encontre o que está procurando.

Geburah é o Grande Iniciador dos presunçosos.

Tiphareth

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Tiphareth ou Tiphereth é a sexta Sephirah da Árvore da Vida.

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Definição

“Mas cada homen não é apenas ele mesmo; é também um ponto único, singularíssimo, sempre importante e peculiar, no qual os fenômenos do mundo se cruzam daquela forma uma só vez e nunca mais. Assim, a história de cada homem é essencial, eterna e divina, e cada homem, ao viver em alguma parte e cumprir os ditames da Natureza, é algo maravilhoso e digno de toda a atenção. Em cada um dos seres humanos o espírito adquiriu forma, em cada um deles a criatura padece, em cada qual é crucificado um Redentor.” - Hermann Hesse

Tiphareth é a Beleza, o resultado perceptível à consciência humana da harmonia da criação sendo a graciosidade da arte. A sephiroth onde o ser humano percebe-se verdadeiramente único, equilibrado em sua imperfeição, onde a imagem de uma imagem do universo mostra-se cercada pelo cosmos. A sua proporção revela-se inexata e, graças a isso, a redenção do iniciado se expressa na negação da obra do Arquiteto, a putrefação das paredes do templo.

Um inverso da imagem no Reino da Virgem apresenta-se aqui um fator de equilíbrio espiritual onde a sua vivência garante a harmonia na subida do caminho ondulado da serpente, a imagem velada do messias que se crucificou e renasceu na carne.

Títulos: Beleza.

Imagem Mágica: Um rei majestoso. Uma criança. Um deus sacrificado.

Arcanjo: Rafael.

Símbolos: O lámem. A Rosa-cruz. A cruz do Calvário. A pirâmide truncada. O cubo. Iacchus como o Sagrado Anjo Guardião. Jesus Cristo. Apollo. Harpócrates. Ra e On. Hrumachis. Quetzalcoatl. Oxalá (Oxagiã).

Virtude: Devoção à Grande Obra.

Vício: Orgulho.

Experiência Espiritual: Visão da Harmonia das Coisas. Os Mistérios da crucificação.

Cartas do Tarô: Os 4 Seis: 6 de Paus, 6 de Copas, 6 de Espadas e 6 de Ouros.

Nome Divino: Tetragrammaton Aloah Va Daath (Divino que Tudo Sabe).

Liber 78: Realização Completa.

Liber 777: O Filho degradado para a reles vida animal.

Animais: Aranha. A Fênix. Leão como o típico animal solar. Pelicano.

Plantas: A acácia por ser um símbolo de ressurreição na maçonaria.O carvalho, pois é a árvore dos druidas, a representante do sol no reino vegetal. O freixo, sendo desta espécie Yggdrasil, a árvore onde Odin se pendurou para obter o conhecimento das coisas.

Pedra: Topázio por sua cor dourada.

Qliphoth: Tagiriron, o Litígio.

Trecho extraído de "A Cabala Mística"

Este artigo apresenta-se bruto.
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1. Há três importantes chaves para a natureza de Tiphareth.

Em primeiro lugar, ela é o centro de equilíbrio de toda a Árvore, estando no meio do Pilar Central;

em segundo lugar, é Kether num arco inferior a Yesod num arco superior; em terceiro lugar, é o ponto de transmutação entre os planos da força a os planos da forma.

Os títulos que lhe são conferidos na nomenclatura cabalística confirmam esses três aspectos.

Do ponto de vista de Kether, ela é uma criança; do ponto de vista de Malkuth, é um rei; e, do ponto de vista da transmutação de força, é um deus sacrificado.


2. Macrocosmicamente, ou seja, do ponto de vista de Kether, Tiphareth é o equilibrio de Chesed a Geburah; microcosmicamente, ou seja, do ponto de vista da psicologia transcendental, é o ponto em que os tipos de consciência característicos de Kether a Yesod são concentrados num foco.

Hod a Netzach encontram igualmente sua síntese em Tiphareth.


3. As seis Sephiroth, de que Tiphareth é o centro, são às vezes chamadas de Adão Cadmo, o homem arquetípico; de fato, Tiphareth não pode ser corretamente compreendida senão como o ponto central dessas seis esferas, que ela govema como um rei em seu domínio.

São essas seis que, para todos os propósitos práticos, constituem o reino arquetípico que repousa atrás do reino da forma em Malkuth a domina a determina completamente a passividade da matéria.


4. Quando temos de considerar uma Sephirah em relação às suas vizinhas, a fim de tentar interpretá-la à luz de sua localização na Árvore, não é possível proceder a uma exposição inteiramente metódica a ordenada do sistema cabalístico, pois que, se desejamos nos fazer compreendidos, devemos neeessariamente começar por explicações parciais.

Devemos, por conseguinte, adiantar algumas explicaçóes sobre as trés Sephiroth inferiores agrupadas em tomo de Tiphareth: Netzach, Hod a Yesod.


5. Netzach relaciona-se com as forças da natureza a com os contatos elementais; Hod, com a magia cerimonial a com o conhecimento oculto; e Yesod, com o psiquismo e o duplo etéreo.

Tiphareth, assistida por Geburah e Gedulah, representa a vidência, ou o psiquismo superior da individualidade.

Cada Sephirah, naturalmente, tem seus aspectos subjetivos a objetivos - seus fatores na psicologia a seu plano no universo.


6. As quatro Sephiroth sob Tiphareth representam a personalidade ou o eu inferior; as quatro Sephiroth acima de Tiphareth são a individualidade, ou o eu superior, a Kether é a centelha divina, ou núcleo de manifestação.


7. Tiphareth, por conseguinte, jamais deve ser encarada como um fator isolado, a sim como um vínculo, um ponto focal, um centro de transição ou transmutação.

O Pilar Central relaciona-se sempre com a consciência.

Os dois Pilares laterais, com os diferentes modos de operação da força nos diferentes níveis.


8. Em Tiphareth, encontramos os ideals arquetípicos concentrados num foco a transmutados em idéias arquetípicas.

Ela é, na verdade, o Lugar da Encarnaçao.

Por essa razão, chama-se A Criança.

E porque a encamação do ideal de Deus também implica a desencarnaçáo sacrifical, atribuem-se a Tiphareth os Mistérios da crucificação, a todos os deuses sacrificados são colocados nessa Esfera quando se sobrepõem os panteões à Árvore.

Deus Pai é atribuído a Kether; mas Deus Filho, pelas razões dadas acima, é atribuído a Tiphareth.


9. A religião exotérica jamais ultrapassa Tiphareth na Árvore.

Ela nada compreende dos mistérios da criação representados pelo simbolismo de Kether, Chokmah a Binah, ou dos modos de operação dos Anjos das Trevas e dos da Luz representados no simbolismo de Geburah a Gedulah; nem dos mietérios da consciência a da transmutação de força representados na Sephirah invisível, Daath, que não tem nenhum simbolismo.


10. Em Tiphareth, Deus se manifesta na forma a habita entre nós; isto é, penetra no ámbito da consciência humana.

Tiphareth, o Filho, "mostranos" Kether, o Pai.


11. Para que a forma possa estabilizar-se, as forças que a compôem devem estar equilibradas.

Por conseguinte, a idéia do Mediador, ou Redentor, é inerente a essa Sephirah.

Quando a divindade, seu próprio eu, se manifesta na forma, essa forma precisa estar perfeitamente equilibrada.

Poder-seia corretamente inverter a proposição a dizer que, quando as forças que edificam uma forma estão perfeitamente equilibradas, a divindade, seu próprio eu, se manifesta nessa forma de acordo com seu tipo.

Deus manifesta-se entre nós quando as condições permitem a manifestaçâo.


12. Vindo à manifestação, nos planos da forma, no aspecto de Criança de Tiphareth, o deus encarnado chega à maturidade a torna-se o Redentor.

Em outras palavras, tendo obtido a encamação por meio da matéria num estado virginal, isto é, Maria, Marah, o Mar, a Grande Mãe, Binah, a Suprema, distinta da Mãe Inferior, Malkuth, a manifestação de Deus em desenvolvímento procura para sempre reter o Reino de suas Sephiroth centrais num estado de equilíbrio.


13. Quando se representa na Árvore o hieróglifo da Queda, é interessante notar que as cabeças da Grande Serpente que provém do Caos chegam até Daath a não a ultrapassam.


14. O Redentor, portanto, manifesta-se em Tiphareth, a faz um esforço incessante para redimir o seu Reino, reunindo-o às Esferas Supremas através do abismo aberto pela Queda, que separou as Sephiroth inferiores das superiores, a procurando equilibrar as diversas forças do reino sêxtuplo.


15. Para esse fim, sacrificam-se os deuses encarnados, morrendo pelo povo, a fim de que a tremenda força emocional libertada por esse ato possa compensar a força desequilibrada do Reino e, assim, redinefini-lo ou equilibrá-lo.


16. Essa Esfera da Árvore recebe o nome de Centro Cristológico, e é aqui que a religião cristã tem seu ponto focal.

As fés panteístas, tais como a grega e a egípcia, centralizam-se em Yesod; a as fés metafísicas, tais como a budista e a confucionista, visam a Kether.

Mas, assim como todas as religiões dignas do nome têm um aspecto esotérico ou místico, a um aspecto exotérico ou panteísta, o Cristianismo, embora seja essencialmente uma fé tipharéthica, tem seu aspecto místico centralizado em Kether, a seu aspecto mágico, como se vê no Catolicismo popular, centralizado em Yesod.

Seu aspecto evangélico visa à concentração em Tiphareth como Criança e Deus Sacrificado, a ignora o aspecto do Rei no centro de seu Reino, rodeado pelas cinco Sephiroth sagradas da manifestação.


17. Consideremos, agora, a Árvore do ponto de vista macrocósmico, observando os diferentes arquétipos da força manifestante que entra em ação a edifica o universo, analisando-as apenas remotamente, do ponto de vista microcósmico, em seu aspecto psicológico, como fatores da consciência.

Mas, com Tiphareth, nosso modo de aproximação se modifica, pois doravante as forças arquetípicas estão encerradas em formas, a só podemos nos aproximar delas do ponto de vista de seu efeito sobre a consciência; em outras palavras, nosso modo de aproximação deve se fazer por meio da experiência direta dos sentidos, embora esses sentidos não pertençam apenas ao plano físico, mas funcionam tanto em Tiphareth como em Yesod, cada um de acordo com o tipo que lhe corresponde.

Enquanto estávamos nos níveis superiores, tivemos de contar com a analogia metafísica a raciocinar por dedução a partir dos primeiros princípios; estamos agora no campo legítimo da ciência indutiva, a devemos nos submeter à sua disciplina e expressar nossas descobertas em seus termos; mas, ao mesmo tempo, devemos manter nosso vínculo com o transcendental através de Tiphareth; podemos fazê-to expressando o simbolismo de Tiphareth nos termos da experiência mística.

Todas as experiências místicas do tipo em que a visão termina numa luz cegante são atribuídas a Tiphareth, pois a dissolução da forma no influxo opressivo da força caracteriza o modo transitório da consciência dessa Esfera na Árvore.

As visões que mantêm claramente a forma definida são características de Yesod.

As iluminações que não têm forma, como as descritas por Plotino, dizem respeito a Kether.


18. Em Tiphareth, reúnem-se e recebem interpretação as operações da magia natural de Netzach e a magia hermética de Hod.

Ambas essas operações realizam-se em termos de forma, embora a forma predomine na operaçáo de Hod num grau maior do que nas de Netzach.

Todas as visões astrais de Yesod devem ser traduzidas em termos de metafísica através das experiências místicas de Tiphareth.

Se essa tradução não é feita, caímos nas alucinações, pois acreditamos que os reflexos projetados no espelho da mente subconsciénte a traduzidas aqui em termos de consciência cerebral são as coisas reais - de que elas são, na verdade, apenas as representações simbólicas.


19. Kether é metafísica; Yesod é psíquica; a Tiphareth é essencialmente mística, compreendendo-se o termo "místico" como um modo de operação mental em que a consciência cessa de trabalhar nas representaçôes subconscientes simbólicas, ganhando conhecimento por meio de reações emocionais.


20. Os diferentes títulos adicionais e o simbolismo atribuído às várias Sephiroth, a especialmente os nomes divinos, dão-nos uma chave importantíssima para a compreensão dos mistérios da Bíblia, que é essencialmente um livro cabalístico.

De acordo com a maneira pela qual a Divindade é referida, sabemos a que Esfera da Árvore o modo particular de manifestação deve ser referido.

As referências ao Filho concernem sempre a Tiphareth; as referências ao Pai referem-se a Kether; as referências ao Espírito Santo referem-se a Yesod; a os mistérios mais profundos são secretos, pois o Espírito Santo é o aspecto da Divindade que é adorado nas lojas ocultas; a adoração das forças naturais panteístas a as operações elementais ocorrem sob o governo de Deus Pai; e o aspecto ético a regenerativo da religião, que é o aspecto exotérico destinado à sua época, está sob o governo de Deus Filho em Tiphareth.


21. O iniciado, contudo, transcende sua época, a visa à união dos três modos de adoração em seu culto à Divindade enquanto trindade na unidade; o Filho redime o culto panteísta da natureza da degradação a torna o Pai transcendental compreensível à consciência humana, pois "aquele que Me viu viu o Pai".


22. Tiphareth, contudo, não é apenas o centro do Deus Sacrificado, mas também o centro do Deus Inebriador, o Dador de Iluminação.

Dionísio refere-se a esse centro, assim como Osíris, pois, como já vimos, o Pilar Central diz respeito aos modos de consciência; e a consciência humana, elevando-se de Yesod pelo Caminho da Flecha, recebe a iluminaçáo em Tiphareth; por conseguinte, todos os dadores de iluminação nos Panteões são atribuídos a Tiphareth.


23. A iluminação consiste na introdução da mente num modo de consciência mais elevado do que aquele que é edificado a partir da experiência sensorial.

Na iluminação, a mente muda de marcha, por assim dizer.

Mas, a não ser que o novo modo de consciência seja vinculado ao anterior a traduzido em termos de pensamento finito, esse modo manifesta-se como um raio de luz que cega por seu brilho.

Não vemos por meio do raio de luz que brilha sobre nós, mas por meio do reflexo desse raio, que se projeta sobre os objetos de nossa própria dimensão.

A não ser que nossas mentes possuam idéias que possam ser iluminadas por esse modo superior de consciência, elas serão simplesmente esmagadas e, após esse experiência cegante com um modo superior de consciência, a escuridão será muito mais intensa para os nossos olhos, do que o era antes.

Na verdade, não mudamos exatamente de marcha, mas deixamos o mecanismo de nossa mente como que desembreado.

Esse é, de modo geral, o significado da iluminação.

Por mais breve que seja o relâmpago, ele é suficiente para convencer-nos da realidade da existência suprafísica, mas não para ensinar-nos algo a respeito de sua natureza.


24. A importância do estágio de Tiphareth na experiência mística reside no fato de que a encamação da Criança ocorre aqui; em outras palavras, a experiência mística engendra gradualmente um corpo de imagens que se ilnminam a se tomam visíveis quando ocorrem as iluminaçôes.


25.O aspecto de Criança de Tiphareth é também um aspecto muito importante para nós no trabalho prático dos Mistérios relativos à iluminação.

Pois devemos aceitar o fato de que a Criança-Cristo não nasceu, como Minerva, da cabeça de Deus Pai, mas começa com uma pequena coisa, deitada humildemente entre os animais a sem mesmo ser admitida na hospedaria com os humanos.

Os primeiros raios da experiência mística devem ser obrigatoriamente muito limitados, pois não tivemos tempo para construir, graças à experiência, um corpo de imagens a de idéias que possam representá-las.

Precisamos de muito tempo para reunir essas imagens a idéias às experiências transcendentais, acrescentando sua quota e a subseqüente meditação racional que as organiza.


26. Os místicos cometem com freqüência o erro de pensar que estão seguindo a Estrela até o lugar do Sermão da Montanha a não à manjedoura de Belém, onde ocorreu o nascimento.

E aqui que o método da Árvore revela toda a sua utilidade, permitindo ao transcendental expressar-se em termos de simbolismo, a que o simbolismo se expresse em termos de metafísica, unindo assim o psiquismo com o espiritual por meio do intelecto, e iluminando os três aspectos de nossa consciência temária.


27. É em Tiphareth que essa tradução se faz, pois é nessa Esfera que se reúnem as experiências místicas da consciência direta que iluminam os símbolos psíquicos.


II


28. O Pilar Central da Árvore é essencialmente o Pilar da Consciência, assim como os dois Pilares laterais são os Pilares dos poderes ativos a passivos.

Quando considerada microcosmicamente, ou seja, do ponto de vista da psicologia a não da cosmologia, Kether, a Centelha Divina em torno da qual se organiza o ser individualizado, deve ser encarada antes como o núcleo da consciência do que como a própria consciência.

Daath, a Sephirah invisível, é também o Pilar Central, embora, falando estritamente, ela pertença sempre a um plano diferente daquele em que a Árvore está sendo considerada.

Por exemplo, como no momento estamos considerando a Árvore microcosmicamente, Daath seria o ponto de contato com o macrocosmo. É só com Tiphareth que alcançamos a consciência claramente definida e individualizada.


29. Tiphareth é o ápice funcional da Segunda Tríade da Árvore, cujos dois ângulos básicos consistem em Geburah a Gedulah (Chesed).

Essa Segunda Tríade, emanando da Primeira Tríade das Três Supremas, forma a individualidade evolutiva, a alma espiritual.

É ela que perdura a se repete através da evolução, é dela que emanam as sucessivas personalidades, as unidades da encamação, e é nela que a essência ativa da experiência se reabsorve ao final de cada encarnação, quando a unidade encarnada volta ao pé a ao éter.


30. É essa Segunda Tríade que forma a Sobrealma, o Eu Superior, o Santo Anjo da Guarda, o Primeiro Iniciador.

É essa voz desse eu superior que com freqüência se ouve, a não a voz de entidades desencamadas, ou do próprio Deus, como pensam aqueles que foram treinados na tradição.


31. Ofuscada a dirigida pela Segunda Tríade, a Terceira Tríade organiza-se através da experiência da encarnação, com Malkuth como seu veículo físico.

A consciência cerebral pertence a Malkuth, e é a única de que dispomos enquanto estamos aprisionados em Malkuth.

Mas as portas de Malkuth náo estáo rigorosamente fechadas nos dias de hoje, a são muitos aqueles que podem enxergar através dos estalidos da fantasmagoria do plano astral, experimentando a consciência psíquica de Yesod.

Quando essa Esfera é alcançada, o Caminho se abre para o psiquismo superior - a verdadeira vidência, que é característica da consciência de Tiphareth.


32. Nossa primeira experiência do psiquismo superior, portanto, expressa-se normalmente, no início, em termos do psiquismo inferior, pois, ao nos livrarmos de Malkuth, contemplamos o Sol de Tiphareth da Esfera lunar de Yesod.

Por conseguinte, ouvimos vozes com o ouvido interior a vemos visões com o olho interior, mas elas diferem da consciência psíquica comum porque não são as representações diretas das formas astrais, mas apresentaçôes simbólicas das coisas espirituais em termos de consciência astral.

Essa é uma função normal da mente subconsciente, e é muito importante que seja plenamente compreendida, pois a má interpretação desse ponto dá origem a seriíssimos problemas, podendo até mesmo conduzir ao desequilíbrio mental.


33. Aqueles que estão familiarizados com a terminologia cabalística sabem que a primeira das iniciaçóes maiores consiste no poder de desfrutar do conhecimento a da conversação de nosso Anjo da Guarda Sagrado; este, lembremos, é, na verdade, nosso próprio eu superior.

A característica desse modo superior de operação mental não consiste em vozes nem visões, mas é consciência pura; é uma intensificação da consciência, a dessa atividade da mente provém um poder peculiar de compreensão a penetração que partilha da natureza da intuição superdesenvolvida.

A consciência superior nunca é psíquica, mas intuitiva, a não contém nenhuma imagética sensorial.

É essa ausência de imagética sensorial que informa o iniciado experiente de que ele está no nível da consciência superior.


34. Os antigos sabiam disso, a estabeleciam uma diferença entre os métodos mântricos que provocam os contatos ctónicos e a divina inebriação dos Mistérios.

As Mênades que dançavam no cortejo de Dionísio pertenciam a uma ordem de iniciação totalmente diferente da ordem das pitonisas; as pitonisas eram sensitivas a médiuns, mas as Mênades, as iniciadas dos Mistérios Dionisíacos, experimentavam uma exaltação da consciência a uma aceleração da vida que lhes permitiam realizar surpreendentes proezas de força.


35. Todas as religiões dinâmicas têm seu aspecto dionisíaco; muitos santos da religiâo cristã relataram que o Cristo Crucificado de sua devoção lhes veio na forma do Esposo Divino; e, quando falam dessa inebriação divina de que participaram, sua linguagem utiliza as metáforas do amor humano como sua expressão apropriada - "Como és adorável, minha irmã, minha esposa"; "Aturdido pelos beijos dos lábios de Deus (. . .)". Essas coisas dizem muito para aqueles que sabem compreendê-las.


36. O aspecto dionisíaco da religião representa um fator essencial na psicologia humana, e é a má compreensáo desse fato que, por um lado, impede a manifestação das experiências espirituais superiores em nossa moderna civilizaçáo e, por outro, permite as estranhas aberrações do sentimento religioso que, de tempos em tempos, dá origem ao escândalo e à tragédia nas posiçáes mais elevadas de movimentos religiosos bastante dinâmicos.


37. Há uma certa concentração a exaltação emocional que possibilita as fases superiores de consciência, a sem a qual é impossível atingi-las.

As imagens do plano astral se transformam numa emoção com a intensidade do fogo ardente e, quando toda a escória da natureza se transforma em chamas, a fumaça se clareia, a somos deixados com o fogo branco da consciência pura.

Pela própria natureza da mente humana, que tem o cérebro como seu instrumento, esse fogo branco não pode durar por muito tempo; mas, no breve espaço de sua duração, o temperamento sofre mudanças, e a própria mente recebe novos conceitos a experimenta uma expansão que nunca se retrai por completo.

A tremenda exaltação da experiência desaparece, mas somos deixados com uma permanente expansão da personalidade, uma capacidade intensificada para a vida em geral a um poder de compreensão das realidades espirituais que nunca seriam nossas se não nos balançássemos forçosamente por sobre o grande abismo da consciência no momento do êxtase.


38. Os líderes espirituais de hoje não têm qualquer conhecimento da técnica da produção deliberada do êxtase a nenhuma idéia de como dirigi-lo quando ocorre espontaneamente.

Os revivalistas conseguiram produzir uma forma híbrida de êxtase entre as pessoas de pouca instrução, utilizando o magnetismo pessoal, e o valor de um revivalista é medido por seu poder de inebriar os ouvintes.

Mas as conseqüências dessa inebriação equivalem às de qualquer outra inebriação, e a vida parece extremamente velha, tediosa e inútil quando o revivalista se volta para outros campos de atividade.

Quando a inebriação tem fim, o converso pensa que perdeu Deus; ninguém parece compreender que o êxtase é um relâmpago de magnésio na consciência e que, se fosse prolongado, queimaria o cérebro e o sistema nervoso.

Mas, embora ele não possa ser prolongado, a não se pense em prolongá-lo, graças a ele atravessamos o centro morto da consciência a despertamos para uma vida superior.


39. A técnica da Árvore oferece uma definição precisa para essas experiências espirituais, a aqueles que são treinados nessa técnica não tomam o despertar de sua própria consciência superior como a voz de Deus.

Da consciência sensorial de Malkuth, por meio do psiquismo astral de Yesod, às intuições informes e à consciência ativada de Tiphareth, eles sobem e descem suave a habilmente, nunca confundindo os planos ou sofrendo a sua mistura, mas concentrando-os numa consciência centralizada.


III


40. Os cabalistas chamam Tiphareth de Shemesh, ou Esfera do Sol, e é interessante notar que todas as divindades solares são deuses curadores, e que todos os deuses curadores são deuses solares - fato em que devemos meditar.

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41. O Sol é o ponto central de nossa existência.

Sem o Sol não haveria o sistema solar.

A luz do Sol exerce um papel importantíssimo no metabolismo, ou processo vital, das criaturas vivas, a toda a nutrição das plantas verdes depende dele.

Sua influência está intimamente ligada à das vitaminas, o que é comprovado pelo fato de certas vitaminas poderem ser utilizadas para suplementar a sua ação.

Vemos, por conseguinte, que a luz solar é um fator muito importante em nosso bem-estar; poderíamos it mais longe e dizer que ele é essencial à nossa existência a que nossa associação com o Sol é muito mais íntima do que compreendemos.


42. O símbolo do Sol no reino mineral é o ouro, puro a precioso, que todas as nações concordaram em chamar de metal solar a reconhecer como metal precioso a unidade básica de troca.

O papel exercido pelo ouro na política das nações excede bastante a sua utilidade intrínseca como mental.

O ouro é, ademais, a única substância na Terra que é incorruptível a imaculável.

Ele pode embaçar devido à acumulação de impurezas em sua superfície, mas o metal em si, ao contrário da prata a do ferro, não sofre alteração ou decomposição química.

Nem a água consegue corroê-lo.


43. O Sol é para nós o Dador de Vida e a fonte de todo ser; é o único símbolo adequado de Deus Pai, que pode apropriadamente ser chamado de Sol atrás do Sol, sendo Tiphareth, na verdade, o reflexo imediato de Kether.

É por meio da mediação do sol que a vida se originou na Terra, e é por meio da consciência tipharética que entramos em contato com as fontes da vitalidade a as assimilamos, tanto consciente quanto inconscientemente.


44. O Sol é, acima de todas as coisas, o símbolo da energia manifestante; são as efusões súbitas a excepcionais da energia espiritual a solar que causam a inebriação divina do êxtase; é o ouro, como base monetária, o representante objetivo da força da vida exteriorizada; pois, na verdade, o dinheiro é vida a vida é dinheiro, pois sem dinheiro não podemos viver plenamente a vida.

A força vital, que se manifesta no plano físico como energia e no plano mental como inteligência a conhecimento, pode ser transmutada, pela alquimia apropriada, em dinheiro, que é a prova da capacidade ou energia de alguém.

O dinheiro é o símbolo da energia humana, por meio da qual podemos acumular, hora após hora, o produto de nosso trabalho, recebendo-o como salário no final do mês, a gastando-o em coisas necessárias ou guardando-o para a utilização futura que considerarmos conveniente.

O ouro que garante as cédulas monetárias é um símbolo da energia humana, a só pode ser obtido por um gasto dessa energia; embora ela possa ser a energia de um pai ou de um marido, transmitida por herança, não obstante é o símbolo da atividade de algum ser humano em alguma esfera, mesmo se esta for apenas a da sociedade de ladrões.


45. Os movimentos secretos a subterrâneos do ouro atuam na política das nações como os hormônios no corpo humano; a há leis cósmicas que lhe governam os movimentos cíclicos a fortuitos, sobre as quais os economistas não fazem a menor idéia.


46. Kether, o Espaço, a fonte de toda existência, reflete-se em Tiphareth, que age como um transformador a distribuidor da energia espiritual primordial.

Recebemos essa energia diretamente por meio da luz solar, e indiretamente por meio da clorofila nas plantas verdes, que lhes possibilita utilizar a luz solar, a que ingerimos em primeira mão nos alimentos vegetais e em segundo lugar, nos tecidos dos animais hérbívoros.


47. Mas o deus solar é mais do que a fonte da vida.

Ele é também o curador que age quando a vida vai mal.

Pois é a própria vida, seus excessos, falta, ou maldirecionamento, que constitui a atividade nos processos da enfermidade; a enfermidade não tem energia, a não ser a que rouba à vida do organismo.

É, por conseguinte, pelos ajustamentos na força vital que a cura pode ser realizada, a os deuses solares são os deuses naturais que devem ser evocados a esse respeito, pois a vida e o Sol estão intimamente associados.


48. É por meio do conhecimento da manipulação da influência solar que os antigos sacerdotes-iniciados realizavam suas curas, e a adoração do Sol está na raiz do culto de Esculápio na Grécia antiga.


49. Nós, os modernos, aprendemos o valor da luz solar e das vitaminas em nossa economia fisiológica, mas não compreendemos o papel importantíssimo desempenhado pelo aspecto espiritual das influências solares em nossa economia psíquica, utilizando essa palavra em seu sentido dicionarizado.

Há um fator tipliarético na alma humana que, de acordo com a tradição antiga, tem sua correspondência física no plexo solar, não na cabeça ou no coração, que é capaz de recolher o aspecto sutil da energia solar da mesma maneira pela qual a clorofila na folha de uma planta recolhe seu aspecto mais tangível.

Se nos privamos dessa energia a somos impedidos de assimilá-la, adoecemos a enfraquecemos, tanto na mente como no corpo, como as plantas que crescem num porão, privadas de sua luz.


50. Essa separação do aspecto espiritual da natureza deve-se às atitudes mentais.

Quando recusamos reconhecer nosso papel na natureza, e o papel da natureza em nós, inibimos esse fluxo livre de magnetismo vitalizante que circula entre a parte e o todo; a na falta de certos elementos essenciais à função espiritual, a saúde psíquica é impossível.


51. Os psicanalistas atribuem grande importância à repressão como uma causa da enfermidade psíquica; eles aprenderam a reconhecer a repressão porque, em sua forma extrema, de repressão sexual, seus efeitos nocivos são evidentes.

Eles não compreenderam, contudo, que a repressão sexual, a não ser quando causada pelas circunstâncias, caso em que não dá origem a dissociações, é apenas o resultado de uma causa que reside muito além do sexo, a tem suas raízes numa falsa espiritualidade, um refinamento a um idealismo espúrio, que conduziu à supressão da simpatia, da franqueza a da gratidão numa criatura viva em face do Dador de Vida, o aspecto superior da natureza.

Isso tem como causa a sua vaidade espiritual, que considerava indignos os aspectos mais primitivos da natureza.


52. É por causa de nossos ideais espúrios, com seus falsos valores, que temos tantas enfermidades neuróticas em nosso meio.

É por não honrarmos a Priapo e a Cloacina como divindades que fomos amaldiçoados pelo deus do Sol a separados de Sua influência benéfica, pois um insulto aos Seus aspectos inferiores é um insulto á Ele.


53. Quando uma criatura não está num estágio adequado para a reprodução, o chamado do sexo lhe é repugnante; essa é a base natural do pudor, que protege o organismo do desgaste a da exaustão.

Como uma acumulação dos excrementos decompostos dá origem à enfermidade, o odor de seus excrementos é repulsivo às criaturas vivas, mesmo àquelas de desenvolvimento mais inferior, de modo que elas evitam a sua proximidade.

Por causa dessas duas repulsas, tão racionais a úteis sob condições naturais, os diversos modos dos tabus irracionais se desenvolveram sob nossas condições artificiais de vida civilizada.


54. Nossa atitude em face dessas duas importantes seçôes da vida natural implica que elas são desnaturais, degradadas, venenosas.

Conseqüentemente, privamo-nos dos contatos terrestres; então, o circuito se quebra e os contatos celestes nos faltam.

A corrente cósmica provém de Kether, passa por Tiphareth a Yesod, a chega a Malkuth; se o circuito se quebra em qualquer parte, ele não pode funcionar.

Certo, é impossível quebrar totalmente o circuito durante a vida, pois os processos vitais estão tão profundamente enraizados na natureza, que não podemos suprimi-los por completo; mas uma atitude mental pode causar um entupimento do cano, por assim dizer, a pode tanto isolá-la a inibi-la a ponto de permitir que apenas um magro fluxo seja aspirado pelo organismo desesperado.


55. Em Tiphareth, o Sol Central a espiritual se manifesta no natural, a deveríamos reverenciar o deus do Sol como representante da naturalização dos processos espirituais; a espiritualização dos processos naturais teria muito a responder na história do sofrimento humano.


56. Os símbolos atribuídos à Sexta Sephirah tomam-se tema de um estudo muito iluminador quando os examinamos à luz do que agora sabemos sobre o significado de Tiphareth, pois temos aqui um exemplo muito claro da maneira pela qual os símbolos atribuídos a uma dada Sephirah se entrelaçam numa interminável cadeia de associações concatenadas.


57. O significado da palavra hebraica Tiphareth é beleza; a das muitas definiçôes de beleza que foram propostas, a mais satisfatória é a que faz a beleza constituir uma relação de proporçôes harmoniosas, qualquer que seja a coisa bela, moral ou material.

Por conseguinte, é interessante descobrir a Sephirah da Beleza como o ponto central de equilíbrio de toda a Ãrvore, constatando que uma das duas experiências espirituais atribuídas a Tiphareth é a visão da harmonia das coisas.


58. É curioso que duas experiências espirituais distintas e, à primeira vista, sem relação recíproca, sejam atribuídas a Tiphareth; ela é, de fato, a única Esfera da Árvore em que isso ocorre.

É também a única a que se atribuem diversas imagens mágicas; devemos perguntar, por conseguinte, por que é essa Sephirah central que tem esses múltiplos aspectos.

A resposta encontra-se no Texto Yetzirático que lhe corresponde, o qual declara: "O Sexto Caminho chama-se Inteligência Mediadora."

Um mediador é essencialmente um elo unificador, um intermediário; conseqüentemente, Tiphareth, em sua posição central, deve ser encarada como um comutador de duas fases, a devemos considerá-la ao mesmo tempo como receptora dos "influxos das emanaçôes" a como causa das influências que fluem "para todos os reservatórios das bênçãos".

Podemos assim considerá-la como a manifestação exterior das cinco Sephiroth mais sutis, a também como o princípio espiritual que subjaz às quatro Sephiroth mais densas.

Se a considerarmos do Iado da forma, ela é força; se a considerarmos do lado da força, é forma.

Ela é, de fato, a Sephirah arquetípica em que os grandes princípios representados pelas cinco Sephiroth superiores são formulados em conceitos.

"Nele se multiplicam os influxos das emanações", como declara o Sepher Yetzirah.


59.O nome Zoar Anpin, o Rosto Menor, antónimo de Arik Anpin, o Rosto Enorme, um dos títulos de Kether, confirma essa idéia.

Pois as formulações informes de Kether tomam forma nessa Sephirah, a esfera da mente superior.

Como já observamos anteriormente, Kether se reflete em Tiphareth.

O Velho dos Dias vê-se refletido como num espelho, e a imagem refletida do Rosto Enorme chama-se Rosto Menor a Filho.


60. Mas, embora seja uma manifestação menor a uma geração mais jovem quando vista de cima, Tiphareth é também Adão Cadmo, o Homem Arquetípico, quando considerada de baixo - ou seja, do lado de Yesod e Malkuth. Tiphareth é Malek, o Rei, o Esposo de Malkah, a Noiva, que é um dos títulos de Malkuth.


61. É em Tiphareth que encontramos as idéias arquetípicas que formam a estrutura invisível de toda criação manifesta que formula a expressa os princípios primários emanados das Sephiroth mais sutis.

Ela é, por assim dizer, um tesouro de imagens num arco superior; mas, ao passo que o plano astral é povoado por imagens refletidas das formas, as imagens da Esfera de Tiphareth são aquelas que se formulam e, por assim dizer, se cristalizam a partir das emanações espirituais das potências superiores.


62. Tiphareth é o mediador entre o microcosmo e o macrocosmo; "Como em cima, tal é embaixo", essa é a linha mestra da Esfera de Shemesh, na qual o Sol que está atrás do Sol se concentra na manifestação.


63. Encontramos na anatomia do Homem Divino a interpretação do sentido da organização a da evolução; de fato, o universo material consiste literalmente nos órgãos a nos membros desse Homem Divino; e é através de uma compreensão da alma de Adão Cadmo, formado pelos "influxos das emanações", que podemos interpretar-Lhe a anatomia èm termos de função, que é o único meio no qual a anatomia pode ser apreciada inteligentemente.

É porque a ciência se contenta em ser descritiva, esquivando-se das explicaçôes fmalistas, que lhe falta a profundidade filosófica.


64. Na psicologia transcendental, que é a anatomia do microcosmo, o peito é a correspondência atribuída a Tiphareth.

No peito estão os pulmões e o coração; imediatamente abaixo desses órgãos, intimamente relacionados com eles a controlando-os, está a maior rede de nervos do corpo, conhecida como plexo solar, nome que foi convenientemente cunhado pelos antigos anatomistas.

Os pulmões mantêm um relacionamento singularmente íntimo entre o microcosmo e o macrocosmo, detemminando a entrada e a saída do movimento periódico da atmosfera, que jamais cessa de dia ou de noite, até que o vaso de ouro se quebre e o fio de prata se rompa a cessemos de respirar.

O coração determina a circulação do sangue, e o sangue, como afirmou acertadamente Paracelso, é um "fluido singular".

A medicina modema sabe muito bem o que a luz solar significa para o sangue.

Ela descobriu também que a clorofila, a substância verde das folhas das plantas a que lhes permite utilizar a luz solar como sua fonte de energia, tem uma poderosa influência sobre a pressão do sangue.


65. As três imagens mágicas de Tiphareth são curiosas, pois, à primeira vista, são tão díspares que cada uma parece invalidar as outras.

Mas, à luz do que agora sabemos a respeito de Tiphareth, seu significado a relacionamento aparece claramente, através da linguagem do simbolismo, especialmente quando a estudamos à luz da vida de Jesus Cristo, o Filho.


66. Tiphareth, sendo a primeira coagulação das Supremas, é adequadamente representada como a Criança recém-nascida na manjedoura, em Belém; como Deus Sacrificado, ela se toma o mediador éntre Deus e o homem; e, quando ressuscita dos mortos, Ele o faz como um rei em seu reino.

Tiphareth é a Criança de Kether e o rei de Malkuth, a em sua própria esfera Ele é sacrificado.


67. Não compreenderemos corretamente Tiphareth se não tivermos algum conceito do sentido real do sacrifício, que é muito diferente do sentido popular, que o concebe como a perda voluntária de algo querido.

O sacrifício é a tradução da força de uma forma a outra.

Não existe uma destruiçáo total da força; por mais que ela desapareça de nosso alcance, ela se mantém em alguma outra forma, de acordo com a grande lei natural da conservação da energia, que é a lei que mantém nosso universo em existência.

A energia pode ser encerrada na forma, tornando-se, por conseguinte, estática; ou pode ser libertada dessa prisão da forma a posta em circulação.

Quando fazemos um sacrifício de qualquer espécie, tomamos uma forma estática de energia e, quebrando a forma que a aprisiona, colocamo-la em livre circulação no cosmo.

O que sacrificamos numa forma retoma novamente, no devido tempo, sob outra forma.

Aplicando esse conceito às idéias religiosas a éticas do sacrifício, obtemos algumas pistas muito valiosas.


68.O Nome divino dessa Esfera é Aloah Va Daath, que a associa estreitamente com a Sephirah invisível que se encontra entre ela a Kether.

Essa Sephirah, como já observamos, explica-se antes como apreensão - a alvorada da consciência; a podemos interpretar a frase "Tetragranunaton Aloah Va Daath" como "Deus manifesto na esfera da mente".


69. No microcosmo, Tiphareth representa o psiquismo superior, o modo de consciência da individualidade, o eu superior.

Ela é essencialmente a Esfera do misticismo religioso, que se distingue da magia a do psiquismo de Yesod; lembremos que as Sephiroth do Pilar Central da Árvore representam poderes a modos de funcionamento.

Tiphareth é também a Esfera dos Grandes Mestres; é o templo edificado por mãos não-humanas, eterno nos céus, e a Grande Loja Branca.

É aqui que o adepto iniciado opera quando está na consciência superior; é aqui que ele entra em contato com os Mestres, e é por meio do Nome a por uma compreensâo do significado do Nome de Aloah Va Daath que ele se abre a essa consciência superior.


70. Notemos que é apenas na proporção do significado que uma palavra tem para nós que ela se toma uma Palavra de Poder. O nome de sua vítima é uma Palavra de Poder para o assassino. Tal é seu poder que, em alguns países, a polícia, enquanto interroga um suspeito, registra com aparelhos as alteraçôes de sua pressão sangüínea; o nome da vítima a outras palavras relacionadas ao crime são subitamente sussurradas em seu ouvido e, se essas forem "palavras de poder" para ele, o instrumento as registrará sem margem de erro.


71. Acredita-se popularmente que os Nomes de Poder exercem influéncia direta sobre espíritos, anjos, demônios a outros seres, mas isso não é verdade. O Nome de Poder exerce sua influência sobre o mago e, exaltando-lhe a dirigindo-lhe a consciência, torna-o capaz de entrar em contato com o tipo escolhido de influência espiritual; se ele teve experiência desse tipo particular de influência, a Palavra de Poder agitará poderosas lembranças subconscientes; se ele não as teve, abordando o assunto com o espírito sem imaginação a incrédulo do erudito, o "bárbaro Nome de Evocação" será como o hocus-pocus para ele. Notemos, porém, que, para o católico crente, hocus-pocus - que é o nome protestante para a fraude a para a superstição, e de onde deriva a palavra hoax (logro) - significa Hoc est Corpus, o que é uma história totalmente diferente. É o ponto de vista que importa nesses assuntos.


72. É por essa razão que se atribui uma experiência espiritual definida a cada Sephirah; e, enquanto o aspirante não tiver a experiência correspondente, ele não será um iniciado dessa Sephirah, a não poderá utilizar os seus Nomes de Poder, mesmo que os conheça. Segundo a tradição, não basta conhecer um Nome de Poder; é preciso também saber como vibrá-lo. Acredita-se geralmente que a vibração de um Nome de Poder é a nota justa pela qual o cantamos; mas a vibração mágica é algo muito mais que isso. Quando experimentamos uma profunda emoção e, ao mesmo tempo, somos devocionalmente exaltados, a voz desce muitos tons abaixo de seu normal a toma-se ressoante a vibrante; é esse tremor de emoção, combinado com a ressonãncia e a devoção, que constitui a vibração de um Nome, a essa experiência não pode ser aprendida ou ensinada, devendo antes ser espontãnea. É como o vento que sopra onde lhe apraz. Quando ele ocorre, somos sacudidos dos pés à cabeça com uma onda de calor, a todos os que o ouvem prestam-lhe atenção involuntariamente. É uma experiência extraordinária ouvir uma Palavra de Poder vibrada. É uma experiência ainda mais extraordinária vibrá-la.


73. O arcanjo de Tiphareth é Rafael, o "espírito que está no Sol", e que é também o anjo da cura.


74. Quando o iniciado "trabalha" na Árvore, ou seja, quando edifica em sua imaginação um diagrama da Árvore da Vida em sua aura, ele formula Tiphareth em seu plexo solar, entre o abdome e o peito; se desejar trabaIhar na Esfera da sexta Sephirah, a concentra o poder nesse centro, descobrirá que ele próprio se tomou um espírito imerso no Sol, rodeado pela flamejante fotosfera. Uma coisa é formular a Sephirah na aura, a outra completamente diferente é achar-se situado dentro dessa Sephirah. Embora se possa receber a influência de uma Sephirah por meio da primeira operação -, e esse é um bom método rotineiro para a meditação diária, - somente depois de "virarmos pelo avesso", de modo que a posição se inverta, ficando não a Esfera dentro de nós, mas nós dentro da Esfera, é que poderemos trabalhar com o poder de uma Sephirah. É essa experiência que constitui a culminação iniciática de uma Sephirah.


75. O coro angélico de Tiphareth são os Malachim, ou Reis. São os princípios espirituais das forças naturais - e ninguém pode controlar, ou mesmo fazer um contato seguro com princípios elementais, a não ser que experimente a iniciação de Tiphareth, que é a de um adepto menor. É preciso que sejamos aceitos pelos Reis Elementais, ou seja, é preciso que compreendamos a natureza espiritual última das forças naturais antes de podermos manipulá-las em sua forma elemental. Em sua forma elemental subjetiva, elas aparecem no microcosmo como poderosos instintos de combate, de reprodução, de autodegradação, de autoexaltação, a todos aqueles fatores emocionais conhecidos pelo psicólogo. É óbvio, portanto, que, se agitamos a estimulamos essas emoções em nossas naturezas, devemos fazê-to para que possamos utilizá-las como servos do eu superior, dirigido pela razão e por princípios espirituais. É necessário, por conseguinte, que, quando operamos as forças elementais, o façamos por meio dos Reis, sob o governo do Arcanjo a pela invocação do Santo Nome de Deus, apropriados à Esfera. Microcosmicamente, isso significa que as poderosas forças elementais motrizes de nossa natureza estão relacionadas com o eu superior, a não dissociadas no submundo qliphótico da inconsciência freudiana.


76. As operações elementais não são, naturalmente, realizadas na Esfera de Tiphareth, mas é essencial que elas sejam controladas da Esfera de Tiphareth, se desejamos nos manter no âmbito da Magia Branca. Não havendo esse controle superior, as operações descambarão rapidamente para a Magia Negra. Afirma-se que, na Queda, as quatro Sephiroth inferiores se desligaram de Tiphareth a foram assimiladas pelas Qliphoth. Quando as forças elementais se desligam de seus princípios espirituais, tomando-se fins em si mesmos ainda que não se vise à experimentação maligna, a Queda tem lugar, e a degradação logo se lhe segue. Mas, quando compreendemos claramente o princípio espiritual que subjaz a todas as coisas naturais, estas permanecem num estado de inocência, para utilizar um termo teológico com uma conotação definida; elas não caem, a podemos operá-las com segurança e desenvolvê-las vantajosamente em nossas próprias naturezas, produzindo, assim, a liberdade e o equilíbrio tão necessários à saúde mental. Essa correlação do natural com o espiritual, que evita a queda deste último, mantendo-o num estado de inocência, é um ponto muito importante em todos os trabalhos práticos em qualquer forma de Magia.


77. Como já vimos, duas experiências espirituais concorrem para a iniciação de Tiphareth: a visão da harmonia das coisas e a visão dos Mistérios da Crucificação. Já vimos também que são dois os aspectos de Tiphareth, a que, por conseguinte, duas devem ser as experiências espirituais em sua iniciação.


78. Na visão da harmonia das coisas, percebemos mais profundamente o lado espiritual da natureza; em outras palavras, encontramos os reis angélicos, os Malachim. Por meio dessa experiência, compreendemos que o natural é apenas o aspecto denso do espiritual, o "Manto Exterior do Ocultamento", que cobre o "Manto Interno da Glória". É a falta dessa compreensão do significado espiritual do natural que se faz sentir tão lamentavelmente em nossa vida religiosa atual, a que é responsável por tantas enfermidades neuróticas a tanta infelicidade conjugal.


79. É por meio dessa visão da harmonia das coisas que nos unimos à natureza, não por meio dos contatos elementais. Os seres humanos que, pela cultura, se elevaram de uma ou outra maneira acima dos primitivos, não podem unir-se à natureza no nível elemental, pois fazê-to implica a degeneração, a eles se tomariam bestiais, nos dois sentidos da palavra. Os contatos naturais se fazem por meio dos reis angélicos dos elementos na Esfera de Tiphareth - em outras palavras, por meio da compreensão dos princípios espirituais que subjazem às coisas naturais -, e o iniciado encontra, assim, os seres elementais em nome de seu rei governante. Ele desce aos reinos elementais, vindo de cima, por assim dizer, trazendo consigo a sua humanidade; é, portanto, um iniciador para os elementais; mas, se o iniciado os encontra no nível deles, ele abre mão de sua humanidade a retoma a uma fase primitiva de evolução. A força elemental, não-limitada a não-mantida em xeque pelas limitaçôes de um cérebro animal, converte-se numa força desequilibradora quando flui através dos vastos canais de um intelecto humano, e o resultado é o caos, que é um dos reinos das Qliphoth.


80. Os Mistérios da Crucificação são macrocósmicos a microcósmicos. Em seu aspecto macrocósmico, encontramo-los nos mitos dos grandes redentores da humanidade, que nascem de um deus a de uma mãe virginal, enfatizando, assim, a natureza dual de Tiphareth, em que forma a força estão reunidas. Mas não esqueçamos seu aspecto microcósmico, enquanto experiência de consciência mística. É por meio da compreensão dos Mistérios da Crucificação, que diz respeito ao poder mágico do sacrifício, que somos capazes de transcender as limitaçôes da consciência cerebral, limitada à sensaçIo a condicionada à forma, a adentrar a consciência mais ampla do psiquismo superior. Tomamo-nos, assim, capazes de transcender a forma e, por conseguinte, realizar a força latente, transformando-a de estática em cinética a tomando-a disponível para a Grande Obra, que é regeneração.


81. A virtude característica da Esfera de Tiphareth é a devoção a essa Grande Obra. A Devoçáo é um fator muito importante no Caminho da Iniciação que conduz à consciência superior, a devemos, por conseguinte, examiná-to cuidadosamente, analisando-lhe os elementos constitutivos. Poderíamos definir a devoção como o amor por algo que é superior a nós; por algo que evoca nosso idealismo; por algo que, embora não possamos igualar, não obstante nos faz desejar ser como ele; "Contemplando como num espelho a glória do Senhor, eles se transformam na imagem da glória". Quando um conteúdo emocional mais forte é infundido na devoção, tornando-se adoração, ele nos transporta por sobre o grande abismo existente entre o tangível e o intangível, a nos permite apreender coisas que os olhos não vêem nem os ouvidos ouvem. É essa devoçáo, que se eleva à adoração, na Grande Obra, que nos inicia nos Mistérios da crucificação.


82. O vício atribuído a Tiphareth é o orgulho, a nessa atribuição ternos uma importantíssima verdade psicológica. O orgulho tem suas raízes no egoísmo e, na medida em que estamos centrados em nós mesmos, não podemos nos unir com as coisas do mundo. No verdadeiro desprendimento do Caminho, a alma supera seus limites a penetra a Esfera das coisas por meio da simpatia ilimitada a do amor perfeito; mas no orgulho a alma tenta estender seus limites até possuir tudo o que estiver ao seu alcance, e é uma experiência muito diferente possuir uma coisa para com ela se unir, desejando que ela nos possua igualmente em perfeita reciprocidade. E esse arranjo unilateral é o vício do adepto. Ele deve tanto dar quanto receber, a deve dar-se sem reservas se quiser participar da união mística, que é o fruto do sacrifício da crucificação. "Que aquele que for o maior dentre vós seja o servo de todos", disse o Senhor.


83. Os símbolos associados a Tiphareth são o lámen, a Rosa-cruz, a cruz do calvário, a piràmide truncada e o cubo.


84. O lámen é o símbolo que o adepto ostenta sobre o peito para indicar uma determinada força. Um adepto que opera na Esfera de Shemesh, por exemplo, utilizará sobre o peito uma imagem do Sol resplandecente. Um lámen é a arma mágica de Tiphareth; por conseguinte, toma-se necessário dizer algo a respeito da natureza das armas mágicas em geral, a fim de que a função de um lámen possa ser entendida.


85. Uma arma mágica é algum objeto adequado, como veículo, para a força de um tipo particular. Por exemplo, a arma mágica do elemento Água é uma taça ou um cálice; a arma mágica do elemento Fogo é uma lamparina acesa. Esses objetos são escolhidos porque sua natureza é congênita à da força a ser invocada; ou, em linguagem moderna, porque sua forma sugere a força à imaginação pela associação de idéias.


86. Tiphareth associa-se tradicionalmente com o peito, tanto em virtude da rede de nervos que se chama plexo solar como pela sua posição quando a Árvore é edificada na aura. Conseqüentemente, a jóia peitoral do adepto é o foco da força tipharética, qualquer que seja a operação realizada. A força real, operando em sua própria Esfera, é representada pela arma mágica que se lhe atribui. Por exemplo, um adepto que realiza uma operação do elemento Água teria como arma mágica a taça, a executaria todos os signos sobre a taça, nela concentrando a força obtida pela invocação. Mas, sobre seu peito, estaria o selo do elemento Água, representando o fator espiritual da operação e o arcanjo que governa esse reino particular. Se o adepto não compreender o significado de seu lámen, que é diferente do de sua arma mágica, ele não será um adepto, a sim um mago.


87. A Rosa-Cruz e a cruz do Calvário são ambas símbolos da Esfera de Tiphareth. Para compreendermos seu significado, cumpre dizer algo a respeito das cruzes em geral, a de como elas são utilizadas nos sistemas simbólicos. Embora a cruz com que tenhamos mais familiaridade seja a cruz do Calvário, devido à sua associação com o Cristianismo, há muitas outras formas de cruz, a cada uma tem o seu próprio significado. A cruz de braços iguais, tal como a cruz vermelha do serviço médico militar, recebe dos iniciados o nome de cruz da natureza, a representa o poder em equilíbrio. Ela costuma figurar no topo de algumas cruzes célticas, encerrada com freqüência num círculo, de modo que a cruz céltica consiste realmente numa haste afilada que termina numa cruz natural, nada tendo em comum com a cruz do Calvário, que é a cruz do Cristianismo. A haste afilada da cruz céltica é, na verdade, uma pirâmide truncada, a os exemplares ainda existentes desse tipo de cruz confirmam essa interpretação. Algumas formas arcaicas sugerem a imposição da cruz a do círculo sobre a pedra fálica cõnica, que é um objeto tão universal na adoração primitiva.


88. A suástica tem também a natureza da cruz, sendo chamada às vezes de "cruz de Thor", ou "martelo de Thor", supondo-se que sua forma indique a ação rodopiante de seus relámpagos.


89. A cruz do Calvário é a cruz do sacrifício, a sua cor verdadeira é o preto. A haste deve ser três vezes mais comprida do que os braços. A meditação sobre essa cruz conduz à iniciação por meio do sofrimento, do sacrifício e da auto-abnegação. O crucifixo é, naturalmente, uma elaboração da cruz do Calvário.


90. O círculo sobre a cruz é um símbolo iniciático, especialmente quando a cruz se assenta sobre três pés, como deveria ser neste caso. O círculo indica a vida eterna, a também a sabedoria; o emblema da Sociedade Teosófica, que tem como insígnia a "serpente que morde a própria cauda", apresenta uma variação dessa forma. Uma cruz do Calvário com o círculo superposto indica a iniciação pelo Caminho da cruz, a os três pés são os três graus de iluminação. É essa cruz que recebe o nome de Rosa-cruz. O objeto de fantasia em que figuram sarças não é um símbolo iniciático. A rosa associada à cruz no simbolismo ocidental é a Rosa Múndi, e é uma chave para a interpretação das forças naturais. Sobre suas pétalas estão gravados os trinta e dois sinais das forças naturais; esses sinais correspondem às vinte a duas letras do alfabeto hebraico a às Dez Sephiroth Sagradas; estas, por sua vez, são atribuídas aos Trinta a Dois Caminhos da Árvore da Vida, a essa é a chave para a compreensão da Rosa Múndi. Os curiosos desenhos que constituem os selos dos espíritos elementais são feitos desenhando-se continuamente as letras de seus nomes sobre a rosa.


91. À luz dessa explicação, podemos compreender o valor das alegações daquelas organizações que tomam um emblema floral como seu símbolo. Elas assemelham-se àquele cavalheiro que pediu ao seu camiseiro uma gravata de magistrado salpicada com um pouquinho de vermelho.


92. O cubo é comumente atribuído a Tiphareth por constituir uma figura hexaédrica, a seis é o número de Tiphareth. Mas o simbolismo do cubo não se limita a esse aspecto. O cubo é a forma mais simples do sólido e, como tal, é o símbolo apropriado de Tiphareth, em cuja Esfera se encontra o primeiro prenúncio da forma. O símbolo de Malkuth é o cubo duplo, que simboliza o axioma "Como em cima, tal é embaixo".


93. A pirâmide simboliza o homem perfeito, solidamente apoiado na Terra a esforçando-se por unir-se com os céus; em outras palavras, o Ipsissimus. A pirãnnide truncada simboliza o adepto iniciado, ou Adeptus Minor, que atravessou o Véu, mas ainda não completou os seus graus. Essa pirãmide a cujos seis lados correspondem as seis Sephiroth centrais que formam Adão Cadmo, ou o homem arquetípico, é completada pela adição das Três Supremas, que culminam na unidade de Kether.


94. Os seis do baralho Tarô são atribuídos também a Tiphareth e, nessas cartas, a natureza harmoniosa a equilibrada dessa Sephirah se revela claramente. O Seis de Paus é o Senhor da Vitória. O Seis de Copas, o Senhor da Alegria. Mesmo o naipe maléfico de Espadas transforma-se em harmonia nessa Esfera, e o Seis de Espadas é conhecido como o Senhor dos Sucessos Merecidos - ou seja, o sucesso obtido após a batalha. O Seis de Ouros é o Sucesso Material; em outras palavras, o poder em equilíbrio.

PARTE III

AS QUATRO SEPHIROTH INFERIORES

1. As Dez Sephiroth Sagradas, quando dispostas na Árvore da Vida em seu padrão tradicional, enquadram-se em três divisões horizontais principais, assim como nas três divisôes verticais dos Pilares. A mais alta dessas divisões horizontais consiste nas Três Supremas, que, para todos os propósitos práticos, estão além da Esfera de nossa compreensão. Postulamo-las como princípios fundamentais que devem existir para que as manifestações subseqüentes possam ser explicadas. Elas representam o Ser Puro a os princípios opostos da atividade a da passividade, e o nome de Triângulo Supremo cailhes muito bem.


2. O triângulo funcional que vem a seguir na Árvore consiste em Chesed, Geburah a Tiphareth. Essas esferas representam os princípios ativos do anabolismo, do catabolismo a do equiliíbrio, a podemos aplicar-lhes apropriadamente o nome de Triángulo Abstrato.


3. Considerando em detalhe as seis Sephiroth superiores, observamos que os três Princípios Supremos formam a base de manifestação, a que os três Princípios Abstratos dão expressão à manifestação. As três Esferas superiores são latentes a as três inferiores são potentes. Se compreendermos esse ponto, descobriremos que dispomos de um sistema para explicar a infinita diversidade da manifestação dos planos da forma, reduzindo-a aos seus princípios primários, o que toma as relações entre elas e o modo de sua interação a desenvolvimento claramente compreensíveis - resultado totalmente diverso daquele que obteremos se tentarmos reduzir todas as coisas em termos de força, em vez de resolvê-las nesses mesmós termos.


4. A unidade funcional mais baixa sobre a Árvore consiste não de um triângulo, mas de um quadrado, a esse quadrado, segundo dizem os cabalistas, foi afetado pela Queda, erguendo-se a cabeça de Leviatã das profundezas do Abismo, num ponto entre Yesod a Tiphareth. Não lhe é permitido it além, a por isso as seis Sephiroth superiores conservaram a sua inocência. Em outras palavras, as quatro Sephiroth inferiores pertencem aos planos da forma, em que a força não se move livremente, mas está "encerrada, confinada, contida", sendo libertada apenas por obra da destruição.


5. Tiphareth, como já se observou, é o centro de equilíbrio da Árvore. O equilíbrio dá origem à estabilidade, e a estabilidade, à coesão. De agora em diante, na rota descendente da vida através do Caminho da Involução, encontramos o princípio da coesão que exerce um papel progressivamente predominante, até que em Malkuth encontra seu apogeu.


6. Os princípios ativos do Triángulo Abstrato sofrem uma subdivisão e especialização no curso da descida da vida através de Netzach, a em Yesod atingem um grau considerável de estereotipia, por meio da qual se determinam as formas de Malkuth. Assim que Malkuth - o plano da forma pura atinge o desenvolvimento, a corrente evolutiva começa a voltar-se para o espírito, libertando-se da prisão da forma, embora retendo as capacidades adquiridas pela experiência da disciplina da forma.


7. São numerosos, portanto, os princípios abstratos da função da vida que se revestem de forma devido à influência da experiência de suas manifestações exteriores no Reino da Forma. Ou, na linguágem dos cabalistas, a influência da Queda se irradiou até elas, a elas perderam sua inocência.


8. Essas considerações dão-nos a chave da natureza quatemária dos planos da forma, a permitem-nos trilhar o Caminho do Meio, entre a credulidade e o ceticismo, nesta Esfera da Ilusão, como a chamaram um tanto severamente.


9. A grande maré da vida evolutiva, proveniente de uma emanação de Tiphareth, pane-se na Sephirah Netzach, como num prisma, em diversos raios de manifestação; daí provém a descrição yetzirática dessa Sephirah como "o esplendor refulgente". Em Hod, essas forças multifárias revestem-se de forma; e, em Yesod, elas agem como moldes etéreos para as emanações finais de Malkuth.


10. A manifestação em Malkuth completa o arco expansivo da involução, e a vida retoma sobre si mesma para seguir um curso paralelo no arco de retomo da evolução. A inteligência humana se desenvolve, a começa a meditar nas causas e a discemir os deuses. Note-se que o homem primitivo não atingiu o monoteísmo numa única pemada, mas imaginou múltiplas causas, a foram necessárias muitas gerações de cultura para reduzir a multiplicidade ao Um.


11. Isso nos leva à grande questão do que poderíamos chamar de Guardião do Tesouro da Ciência Oculta - figura tremenda que defronta todo aventureiro do invisível, unindo em si as funções da esfinge a dirigindo à alma uma pergunta de cuja resposta depende seu destino. Será ela condenada a errar nos reinos da ilusão? Voltará ela aos planos da forma ou ser-lhe-á permitido passar à luz? A questão é: "Acreditas nos deuses?". Se responder "Sim", a alma errará nos planos da ilusão, pois os deuses não sâo pessoas reais no sentido em que entendemós a personalidade. Se responder "Não", será expulsa, pois os deuses não são ilusões. O que deverá ela responder?


12. A intuição de um poeta deu-nos a resposta:


"For no thought of man made Gods to love and honour


Ere lhe song within lhe silent soul began,

Nor might earth in dream or deed take heaven upon her


Till lhe word was clolhed with speech by lips of man."


["Pois nenhum pensamento humano criou deuses para amar a honrar

Senão depois que a canção vibrou no silêncio da alma,

E nem em sonhos pôde a terra unirse aos céus

Antes que a palavra se vestisse de fala pelos lábios do homem".]


13. Temos aqui a chave do enigma. Os deuses são criaçôes do criado. Nascem da adoração daqueles que o invocam. Não são os deuses que fazem o trabalho da criação, mas sim as grandes forças naturais, cada uma agindo de acordo com a sua natureza; a procissão dos deuses tem início depois de o Cisne do Empíreo depositar o ovo da manifestação na noite cósmica.


14. Os deuses são emanaçôes ,das almas grupais das raças, a não emanações de Eheieh, o Um, o Eterno. Não obstante, são imensamente poderosos, porque, graças à sua influência na imaginação de seus adoradores, eles unem o microcosmo ao macrocosmo; meditando sobre a beleza ideal de Apolo, a alma humana abre-se à beleza em geral.


15. Quando os homens analisaram a discemiram, fator por fator, as causas primeiras, eles as endeusaram. Ao descobrir que em todas as partes do globo as mesmas necessidades a os mesmos motivos atuavam sobre eles, desenvolveram panteões semelhantes. Mas, visto que os temperamentos diferem, desenvolveram panteões tão diferentes quanto os bandoleiros do México a os radiantes seres da Hélade.


16. Podemos perguntar, portanto, se os deuses são completamente subjetivos; se vivem sua vida apenas na imaginação de seus adoradores, ou se têm uma vida independente. A respota a essa questão reside num aspecto da experiência oculta que náo pode ser explicado por aquilo que conhecemos modemamente como ciência natural, mas que deve ser admitido por todo ocultista prático que deseje obter resultados. Poder-se-ia dizer que os resultados por ele obtidos estão na proporção direta de sua fé, uma vez que eles são de fato obtidos porque o adepto neles acredita. A razão disso é que apenas uma proporção muito pequena do estofo mental existente no universo, qualquer que seja ele, está organizado nos cérebros a nos sistemas nervosos das criaturas sensíveis. A vasta massa do que, na falta de um nome melhor, chamamos de "matéria mental" - porque essa é a sua analogia mais próxima entre as coisas conhecidas - move-se livremente no que os ocultistas chamam de plano astral, organizado em formas, mas não necessariamente vinculado à matéria. Ocultistas diferentes referem-se a esse estofo mental livre por diferentes nomes. Mme. Blavatsky chama-o de "Akasha"; Éliphas Lévi drama-o de "éter refletor". Netzach representa o aspecto da força, a Hod, o aspecto da forma desse Akasha.


17. Os moldes de todas as formas provêm desse estofo mental; a nesses moldes ergue-se a estrutura das correntes etéreas que funcionam na Esferya de Yesod, a em que estão suspensas as moléculas da matéria que formam o corpo da manifestação no plano físico.


18. Normalmente, essas formas são constituídas pela consciência cósmica a expressas como forças naturais, funcionando cada uma de acordo com a sua natureza; mas, quando a consciência começou a desenvolver-se nas criaturas do Criador, ela exercitou suas funções em vários graus na matéria mental astral, que, por sua natureza, era suscetível às influências da consciência; conseqüentemente, "o pensamento humano engendrou deuses para amar a honrar". Essas formas, uma vez constituídas, tomaram-se canais de expressão dessas forças especializadas que as formas tinham por missão representar, concentrando-se sobre seus adoradores. Nesse sentido particular, os iniciados não apenas acreditam nos deuses, mas também os adoram.

Netzach

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Netzach é a sétima Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Tftulo: Netzach, Vitória. (Em hebraico: Nun, Tzaddi, Cheth.)

Imagem Mágica: Uma bela mulher nua.

Localização na Árvore: Na base do Pilar da Misericórdia.

Texto Yetzirático: 0 sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos do intelecto a pelas contemplações da fé.

Tftulo Conferido a Netzach: Firmeza.

Nome Divino: Jehovah Tzabaoth, o Senhor dos Exércitos.

Arcanjo: Haniel.

Coro Angélico: Elohim, deuses.

Chakra Cósmico: Nogah, Vênus.

Experiência Espiritual: A visão da beleza triunfante.

Virtude: Desprendimento.

Vicio: Impudor. Luxúria.

Correspondência no Microcosmo: Os rins, os quadris, as pernas.

Símholos: A lâmpada e o cinto. A rosa.

Cartas do Tarô: Os quatro setes: Sete de Paus: valor; Sete de Copas: sucesso ilusório; Sete de Espadas: esforço instável; Sete de Ouros: sucesso incompleto.

Cor em Atziluth: Ambar.

Cor em Briah: Esmeralda.

Cor em Yetzirah: Verde-amarelado brilhante.

Cor em Assiah: Oliva salpicado de ouro.

Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Compreenderemos melhor Netzach contrastando-a com Hod, a Esfera de Mercúrio, pois ambas representam, como já vimos, a força e a forma num arco inferior.

Netzach representa os instintos a as emoções a Hod simboliza a mente concreta.

No Macrocosmo, elas representam dois níveis do processo de concretização da força na forma.

Em Netzach, a força ainda se move com certa liberdade, detendo-se apenas nas formas extremamente fluídicas a de movimento incessante, a em Hod ela toma pela primeira vez uma forma defmida a permanente, embora de natureza extremamente tênue.

Em Netzach, uma forma particular de força se manifesta, traduzida em seres que se movem para a frente a para trás nos limites da manifestação, de maneira extremamente indefinida.

Tais seres não têm personalidades individualizadas, mas são como exércitos com bandeiras que podem ser vistos nas nuvens do Sol poente.

Em Hod, contudo, cada unidade se individualiza, e a existência apresenta continuidade.

A mente é grupal em Netzach, mas Hod inicia o processo da mente humana.


2. Consideremos, agora, Netzach em si, tanto nos aspectos microcósmicos como nos macrocósmicos, não esquecendo que estamos agora na Esfera da ilusão, a que o que é descrito em termos de forma são aparências representadas pelo intelecto para si mesmo a projetadas na luz astral como formas mentais.

É essencial compreender esse ponto, se queremos evitar a queda na superstição.

Tudo que é percebido pelos "olhos do intelecto a pelas contemplações da fé", como afirma pitorescamente o Texto Yetzirático, tem sua base metafísica em Chokmah, a Sephirah Suprema no topo do Pilar da Misericórdia.

Mas, em Netzach, ocorre uma grande mudança em nosso modo de entender os diferentes tipos de existência atribuídos a cada Esfera.

Até agora, percebemos por meio da intuição; nossas apreensôes eram informes, ou, pelo menos, representadas por símbolos altamente abstratos; estes não se manifestam depois de Tiphareth, a chegamos a símbolos concretos como a rosa, atribuída a Vênus, para Netzach, e o caduceu, atribuído a Mercúrio, para Hod.


3. Como já vimos, concebemos as Sephiroth superiores sob o aspecto dos fatores de manifestação a funções.

Vimos, em nosso estudo de Tiphareth, como a Inteligência Mediadora, como a chama a Sepher Yetzirah, decompõe a Luz Branca da Vida única, tal como um prisma, de modo que ela se toma o Esplendor Refulgente de inúmeros matizes em Netzach.

Aqui não temos força, mas forças; não vida, mas vidas.

Muito apropriadamente, portanto, o coro angélico atribuído a Netzach é o dos Elohim, ou deuses.

O Um foi reduzido ao múltiplo para os fins da manifestação na forma.


4. Esses raios não são representados como a pura luz branca pela qual vemos todas as coisas em suas cores verdadeiras, mas como uma cor de diversas nuanças, cada uma das quais revela a intensifica algum aspecto de manifestação especializado, assim como um raio de luz azul só mostrará as cores que lhe são harmônicas, fazendo as cores complementares parecerem negras.

Toda vida ou forma de força que se manifesta em Netzach é uma manifestação parcial, mas especializada; por conseguinte, nenhum ser que tem como Esfera de evolução a Esfera de Netzach poderá experimentar um desenvolvimento completo, mas será sempre uma criatura de uma idéia, de uma única função, simples a estereotipada.


5. É o fator Netzach em nós a base de nossos instintos, cada um dos quais, em sua esséncia não-intelectualizada, dá origem a reflexos apropriados, assim como os lábios de um recém-nascido sugam tudo que é inserido entre eles.


6. Os seres de Netzach, os Elohim, não são inteligências, mas encamações de idéias.


7. Os Elohim, para dar-lhes o seu nome hebraico, são as influências formativas por meio das quaffs a força criativa se expréssa na Natureza.

Seu verdadeiro caráter pode ser percebido em Chesed, onde são descritos pela Sepher Yetzirah como os "Poderes Sagrados".

Em Netzach, contudo, que representa o superestrato do éter refletor, eles sofrem uma mudança, a mente humana que formula imagens começa a operar sobre eles, moldando a luz astral em formas que os representarão à consciência.


8. É muito importante para nós compreender que essas Sephiroth inferiores do plano da ilusão são densamente povoadas pelas formas mentais; que tudo o que a imaginação humana foi capaz de conceber, embora confusamente, tem uma forma revestida de luz astral, a que, quarto mais a imaginação humana se aplicar em idealizá-la, mais definida essa forma se tornará.

É por essa razão que as gerações de videntes, quando procuraram discemir a natureza espiritual e a essência íntima de qualquer forma de vida, encontraram essas imagens, as "criações do criado", a foram iludidos, tomando-as erroneamente pela própria essência abstrata, que não se encontra em qualquer plano que fornece imagens à visão psíquica, mas apenas naqueles que são percebidos pela intuição pura.


9. Quando sua mente era ainda primitiva, o homem adorou essas imagens; por meio das quais representou para si mesmo as grandes forças naturais tão importantes para o seu bem-estar material, estabelecendo, assim, um vínculo entre elas, por meio das quais se desenvolveu um canal por onde as forças que representavam eram derramadas em sua alma, estimulando, assim, o fator correspondente em sua própria natureza, para, dessa forma, desenvolvé-la.

As operações dessa adoração, especialmente quando se tomaram altamente organizadas a intelectualizadas, como na Grécia a no Egito, deram origem a imagens extremamente definidas a potentes, a são elas que geralmente se tomam por deuses.

Gerações de adoração a culto constroem uma imagem fortíssima na luz astral e, quando o sacrifício é acrescentado à adoração, a imagem desce um passo a mais nos planos da manifestação, a adquire uma forma nos éteres densos de Yesod, tomando-se um objeto mágico muito potente, capaz de ação independente quando animado pelas idéias concretas geradas em Hod.


10. Vemos, assim, que todo ser celeste concebido pela mente humana tem como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde a que é animada a ativada pela força que representa.

A imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo espírito humano para a sua própria conveniência, mas a força que a imagem representa a que a anima é uma coisa muito real, a que, sob certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa.

Em outras palavras, embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é real a ativa.


11. Esse fato é a chave não apenas da Magia Talismãnica em seu sentido mais amplo, que inclui todos os objetos consagrados utilizados no cerimonial a na meditação, mas de muitas coisas na vida que não podemos deixar de observar, mas para as quais não temos nenhuma explicação.

Isso explica muitas coisas na religião organizada que são muito reais para o devoto, mas muito estranhas para o incrédulo, que é incapaz de explicá-las a tampouco de negá-las.


12. Em Netzach, contudo, temos a forma mais tênue dessas coisas, e elas são percebidas muito mais pelas "contemplações da fé" do que pelos "olhos do intelecto".

Na Esfera de Hod, executam-se todas as operações mágicas em que o próprio intelecto surge para conferir forma a permanência a essas imagens tênues a flutuantes; mas, na Esfera de Netzach, tais operações não ocorrem em qualquer grau; todas as formas divinas em Netzach são reverenciadas por meio das artes, a não concebidas por meio de filosofias.

Não obstante, para todos os propósitos práticos, é impossível separar as atividades de Hod a Netzach, que são um par funcional, assim como Geburah a Chesed constituem os dois aspectos do metabolismo, o catabólico e o anabólico.

As funções de Netzach estão implícitas em Hod porque Netzach emana Hod, a os poderes desenvolvidos pela evolução na Esfera de Netzach são a base das capacidades de Hod.

Conseqüentemente, todas as operações mágicas da Esfera de Hod operam sobre a base das tênues formas de vida de Netzach; e, como o intelecto humano trabalha de Esfera a Esfera, muitos poderes de Hod são transferidos a Netzach pelas almas iniciadas que se encontram no caminho da evolução.

As duas Esferas, portanto, não estão claramente divididas a classificadas, mas em cada uma delas predomina definitivamente um certo tipo de função.


13. Os contatos com Netzach não se fazem concebendo-se a vida filosoficamente, nem por meio do psiquismo ordinário criador de imagens, mas pelo "sentimento adequado", como expressou pitorescamente Algernon Blackwood em suas novelas, nas quais tanto transparece a Esfera de Netzach.

É por meio da dança, do som a da cor que entramos em contato com os anjos de Netzach a podemos evocá-los.

O adorador de um deus na Esfera de Netzach entra em comunhão com o objeto de sua adoração por meio das artes; a na medida em que seja um artista, de uma ou de outra maneira, e possa representar simbolicamente sua divindade, ele será capaz de fazer o contato a atrair a vida para si.

Todos os ritos que têm ritmo, movimento e cor trabalha na Esfera de Netzach.

E, como Hod, a Esfera das operações mágicas, extrai sua força de Netzach, segue-se que toda operação mágica da Esfera de Hod precisa ter um elemento Netzach em si para ser animada eficazmente; e, para conceder a base da manifestação, a substáncia etérea precisa ser fornecida por alguma forma de sacrifício, mesmo que este seja apenas a queima de incenso.

Essa questão será mais aprofundada quando estudarmos a Esfera de Yesod, à qual diz respeito.

Mas foi necessário fazermos referência a ela aqui, pois o significado dos ritos de Netzach não pode ser compreendido sem que se entendam os meios pelos quais a manifestação se efetua, e o deus se aproxima de seus adoradores.


14. Consideremos, agora, Netzach do ponto de vista da Árvore da Vida microcósmica - ou seja, da Árvore subjetiva na alma, em que os Sephiroth são fatores de consciência.


15. As Três Supremas e o primeiro par de Sephiroth manifestas, Chesed a Geburah, representam o Eu Superior, tendo Tiphareth como ponto de contato com o Eu Inferior.

As quatro Sephiroth inferiores, Netzach, Hod, Yesod a Malkuth, representam o Eu Inferior, ou personalidade, a unidade de encarnação, tendo Tiphareth como ponto de contato com o Eu Superior, que é às vezes chamado de Anjo da Guarda Sagrado.


16. Do ponto de vista da personalidade, Tiphareth representa a consciência superior, ciente das coisas espirituais; Netzach representa os instintos, a Hod, o intelecto. Yesod representa o quinto elemento, o Éter, a Malkuth, os quatro elementos, que são o aspecto sutil da matéria.

O intelecto humano médio só pode compreender a natureza da matéria densa, Malkuth, e do intelecto, Hod, ambos aspectos concretos da existência.

Ele não pode apreciar as forças que edificam as formas, representadas por Netzach, a Esfera dos Instintos, a Yesod, ou duplo etéreo ou corpo sutil.

Conseqüentemente, devemos fazer um cuidadoso estudo de Netzach, porque sua natureza a importância são muito pouco compreendidas.


17. Entenderemos melhor a natureza de Netzach se lembrarmos que ela é a Esfera de Vênus.

Traduzida em linguagem comum, a linguagem simbólica da Cabala, isso significa que tratamos aqui da função da polaridade, que é muito mais do que apenas o sexo, como se concebe popularmente.


18. É importante notar, a esse respeito, que Vênus, ou, na sua forma grega, Afrodite, não é, em absoluto, uma deusa da fertilidade, tal como Ceres a Perséfone; ela é a deusa do amor.

Ora, no conceito grego da vida, o amor abrange muito mais do que o relacionamento entre os sexos, incluindo a camaradagem dos guerreiros e o relacionamento entre professor e aluno.

As heteras gregas, ou mulheres cuja profissão era o amor, diferiam muito de nossas prostitutas modernas.

O grego reservava a simples relação física dos sexos para sua esposa legal, que era mantida em reclusão no gineceu, ou harém, a que servia simplesmente para os fins da procriação.

A esposa, embora de sangue puro, não recebia educação, nem era encorajada a tornar se atraente ou praticar as artes do amor.

E muito menos era encorajada a adorar a deusa Afrodite, que regia os aspectos superiores do amor; as divindades de sua adoração eram as da familia a do lar; Ceres, a Mãe Terra, era a regente dos Mistérios das mulheres gregas.


19.O culto de Afrodite era muito mais do que o cumprimento de uma função animal, relacionando-se, ao contrário, com a interação sutil da força vital entre dois fatores; o curioso fluxo a refluxo, o estímulo e a reação, que exerce um papel tão importante nas relações dos sexos, mas que ultrapassa, a muito, a Esfera do sexo.


20. A hetera grega era uma mulher culta; evidentemente, havia distinções entre elas, desde a categoria mais baixa, semelhante à da gueixa japonesa, à mais elevada, que mantinha salões, à maneira das famosas escritoras francesas, a eram mulheres de reconhecida virtude física, a quem nenhum homem ousava fazer propostas sensuais; devido à reverência com que a função do sexo era encarada entre os gregos, é provável que, em sua época e sociedade, a vida da hetera grega em nada se aproximasse da degradação da moderna prostituta.


21. A função da hetera consistia em satisfazer tanto o intelecto de seus clientes como seus apetites; ela era tanto uma anfitriã quanto uma cortesã, e a ela recorriam os filósofos a poetas para receber inspiração a aguçar o espírito; pois considerava-se não existir inspiração maior para um homem intelectual do que o convívio com uma mulher culta a vital.


22. Nos templos de Afrodite, a arte do amor era cuidadosamente cultivada, sendo as sacerdotisas treinadas desde a infãncia em sua habilidade.

Mas essa arte não consistia apenas em provocar a paixão, mas em satisfazê-la adequadamente em todos os níveis de consciência; não simplesmente pela gratificação das sensaçôes físicas do corpo, mas pela troca etérea sutil de magnetismo a de polarização intelectual a espiritual.

Tal processo elevava o culto de Afrodite acima da esfera da simples sensualidade a explica por que as sacerdotisas do culto inspiravam respeito a não eram em absoluto consideradas como prostitutas vulgares, embora recebessem todos os que chegassem.

Elas procuravam suprir certas necessidades mais sutis da alma humana por meio de suas hábeis artes.

Nós, os modernos, superamos em muito os gregos na arte de estimular o desejo, criando o cinema, os espetáculos e a música, mas não temos a menor noção da arte muito mais importante de despertar as necessidades da alma humana por um intercâmbio etéreo a mental de magnetismo, e é por essa razão que nossa vida sexual, tanto fisiológica como socialmente, é tão instável a insatisfatória.


23. Não podemos compreender corretamente o sexo se não compreendermos que ele é um dos aspectos do que o esoterista chama de polaridade, a que esse é um princípio que percorre toda a criação, sendo, de fato, a base de manifestação.

Ele é representado na Árvore pelos Pilares da Severidade a da Misericórdia.

Toda a atividade da força está compreendida no princípio da polaridade, assim como toda a função da forma está compreendida no princípio do metabolismo.


24. A polaridade significa essencialmente o fluxo de força de uma Esfera de alta pressão para uma Esfera de baixa pressão, sendo os termos "alto" a "baixo" relativos.

Toda Esfera de energia precisa receber o estímulo de um influxo de energia da pressão superior a enviá-to a uma Esfera de pressão inferior.

A fonte de toda energia está no Grande Imanifesto, a ela segue seu Caminho para baixo, de nível em nível, alterando sua forma de uma Esfera a outra, até se converter, finalmente, em força "terrestre", em Malkuth.

Em toda vida individual, em toda forma de atividade, em todo grupo social organizado para qualquer propósito, exército, igreja ou companhia comercial, vemos a exemplicação desse fluxo de energia percorrendo o circuito. o ponto capital que devemos entender é que, na Árvore microcósmica, há um fluxo descendente a ascendente dos aspectos positivo a negativo de nossos níveis subjetivos de consciência, em que o espírito inspira a mente, e a mente dirige as emoções, a as emoções formam o duplo etéreo, e o duplo etéreo molda o veículo físico, que é o "fio terra" do circuito.

Esse ponto é fácil de compreender, a podemos confirmá-to facilmente quando lhe prestamos a devida atenção.


25. Mas um ponto que não compreendemos facilmente é que há um fluxo a refluxo entre cada "corpo", ou nível de consciência, a seu aspecto correspondente no macrocosmo.

Assim como há uma entrada a uma saída no nível de Malkuth por onde o corpo recebe alimento a água como nutrição a os expulsa com excreções, que são o alimento do reino vegetal sob o polido nome de "adubo", assim também há uma entrada a uma saída entre o duplo etéreo e a luz astral, a entre o corpo astral e o lado mental da natureza, a assim por diante nos planos, sendo os fatores sutis representados pelas seis Sephiroth superiores.

A essência da Cabala Mágica, que é a aplicação prática da Árvore da Vida, consiste em desenvolver esses circuitos magnéticos de níveis diferentes, a assim fortalecer a reforçar a alma.

Assim como o corpo físico se nutre comendo a bebendo, a se mantém saudável pela excreção adequada - processos que poderiam receber o nome de "operações da Esfera de Malkuth" -, assim é a alma do homem vitalizada pelas operações da Esfera de Tiphareth, que se chama também de Esfera do Redentor, que confere saúde à alma.

Sabemos como a iniciação desenvolve os poderes do psiquismo superior a permite a percepção das verdades superiores; o que não compreendemos é que, para percorrer a escala plena do desenvolvimento humano, precisamos também desenvolver nosso poder para entrar em contato com a energia natural em sua forma essencial representada pela Esfera de Netzach.

Estamos acostumados a admitir que o espiritual e o natural são mutuamente antagônicos a que devemos despir um santo para vestir o outro, a concluímos que, se o espiritual é o Bem superior, o natural deve ser necessariamente o Mal inferior; não compreendemos que a matéria é espírito cristalizado, a que o espírito é matéria volatizada, a que não existe diferença substancial entre eles, assim como não existe entre a água e o gelo, sendo ambos estágios diferentes da Coisa única, como os alquimistas a chamam; esse é o grande segredo da Alquimia, que constitui a base filosófica da doutrina secreta da transmutação.


26. Mas a trasmutação dos metais tem uma importãncia meramente acadêmica se comparada à transmutaçâo da energia na alma.

É com essa que o iniciado opera por meio da técnica da Ãrvore da Vida; e, assim como a consciência se transmuta no Pilar Central da Cordura, ou Equilibrio, assim também a energia se transmuta no Pilar da Misericórdia, do qual Netzach é a base, e a forma se transmuta no Pilar da Severidade, do qual Hod, o intelecto, é a base.


27. Em Chokmah, portanto, temos o tremendo impulso da vida, que é a grande potência masculina do universo; em Chesed, temos a organização das forças em complexos interativos; a em Netzach, temos uma esfera em que a evolução, ascendendo de Malkuth como força organizada que anima a forma vivificada, é capaz de fazer contato mais uma vez com a força essencial.

Netzach, a Esfera de Nogah, que é o nome hebraico de Vênus-Afrodite, é, portanto, uma Esfera extremamente importante do ponto de vista do trabalho prático do ocultismo.

Como a maior parte dos ocultistas aprendizes trabalha apenas no Pilar Central, que é o Pilar da Consciência, a não prestam nenhuma atenção ao pilares laterais, que são os Pilares da Função, eles obtêm resultados insignificantes no que diz respeito à iniciaçáo.

O cego guia o cego, e o pretenso iniciador médio das modernas fraternidades ocultistas não compreende que precisa iniciar tanto a subconsciência quanto a consciência, a iluminar tanto os instintos quanto a razão.


28. Até agora, consideramos Netzach do ponto de vista objetivo e subjetivo; resta-nos estudar o simbolismo atribuído a essa Sephirah à luz do conhecimento obtido.


29. Observaremos, de imediato, que o simbolismo contém duas idéias distintas: a idéia do poder e a idéia da beleza; o que evoca o amor que existia entre Vênus a Marte de acordo com o velho mito.

Ora, esses mitos não são fabulosos, a não ser no sentido histórico, mas representam verdades do espírito; e, quando descobrimos a mesma idéia presente em diferentes panteões, quando descobrimos que o cabalista hebreu e o poeta grego, cujas mentalidades eram tão distantes quanto os pólos, apresentaram o mesmo conceito em formas diferentes, devemos concluir que isso não é acidental, mas merece uma cuidadosa atenção.


30. Não utiiizaremos nosso método habitual de analisar os símbolos numa dada ordem, mas vamos classificá-los de acordo com os dois tipos a que pertencem.


31. O título hebraico da Sétima Sephirah é Netzach, que significa Vitória.

Seu título adicional é Firmeza, que evoca a mesma idéia do domínio e da energia vitoriosa.

O Nome divino é Jehovah Tzabaoth, que significa o Senhor das Hostes, ou Deus dos Exércitos.

O coro angélico atribuído a Netzach é o dos Elohim, ou deuses, os regentes da natureza.


32. As quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah contêm a idéia da batalha, ainda que numa forma negativa.

É curioso notar, contudo, que apenas o Sete de Paus tem um significado bom ou positivo, sendo os outros setes cartas de má sorte.

A razão desse fato se esclarece, contudo, quando compreendemos o simbolismo como um todo, de modo que vamos deixá-to de lado por enquanto, reconsiderando-o mais adiante.


33. Analisemos agora o outro grupo de imagens simbólicas.

O chakra cósmico de Netzach é o planeta Vênus, e a imagem mágica é, com bastante propriedade, "uma bela jovem desnuda".

A experiência espiritual atribuída a essa Esfera é a visão da beleza triunfante.

A virtude é o desprendimento ou seja, a capacidade de adotar o pólo negativo.

Os vícios são os causados pelo abuso do amor - o impudor e a luxúria.


34. A correspondência no microcosmo indica os rins, os quadris a as pemas, os quais, como podemos observar, formam o enquadramento dos órgãos geradores, a confirmam a idéia, já esboçada, de que a Deusa do Amor e a Deusa da Fertilidade não são idênticas.


35. Os símbolos atribuídos a Netzach são a lãmpada, o cinto e a rosa.

O cinto e a rosa explicam-se por si mesmos, pois estão tradicionalmente associados a Vênus.

A lãmpada, contudo, requer uma explicação adicional, pois as associaçôes clássicas não nos dão pista alguma a esse respeito.

Devemos voltar à Alquimia.


36. Os quatro elementos estão associados às quatro Sephiroth inferiores, e o elemento Fogo está associado a Netzach.

A lâmpada é a arma mágica utilizada nas operações do elemento Fogo.

Daí a associação com Netzach.

O elemento Fogo está associado à energia ígnea no coração da natureza, e vincula-se ao aspecto marciano da Sephirah Vênus.


37. Vemos, assim, pelo estudo do simbolismo precedente, que o simbolismo de Marte, ou da vitória, está associado ao macrocosmo, e o simbolismo de Vênus, o amor, ao aspecto microcósmico ou subjetivo.

Temos aqui a chave de uma verdade muito importante, que os antigos compreendiam muito bem, mas que precisou esperar a obra de Freud para encontrar uma interpretação em linguagem moderna.

Para dizê-to em outras palavras, a energia elemental, ou, dinamismo fundamental de um indivíduo, está estreitamente associada com a vida sexual desse indivíduo.


38. Esse é um aspecto muito importante de nossa vida psíquica que os psicólogos conhecem muito bem, embora os místicos a os sensitivos não o considerem apropriadamente, pois tendem geralmente a um idealismo que procura escapar da matéria a de seus problemas.

Mas escapar assim é deixar uma fortaleza não-conquistada à retaguarda; e o meio mais sábio - o único meio que pode produzir a plenitude de vida a um temperamento equilibrado - é dar o devido lugar a Netzach, que equilibra o intelectualismo de Hod e o materialismo de Malkuth, lembrando sempre que a Árvore consiste nos dois Pilares da Polaridade, com o Caminho do Equilíbrio entre eles.


39. O verdadeiro segredo da virtude natural reside no conhecimento dos direitos litigantes dos pares de opostos; não existe qualquer antinomia entre Bem a Mal, mas apenas o equilíbrio entre dois extremos; cada um deles é mau quando levado ao excesso; ambos dão origem ao mal se perdem o equilíbrio.

A licença não-controlada conduz à degradação, mas o idealismo desequilibrado conduz à psicopatologia.


40. Há três tipos de pessoas que passam pelo Véu: o místico, o sensitivo e o ocultista.

O místico aspira à união com Deus, a atinge seu fim pondo de lado tudo que não é de Deus em sua vida.

O sensitivo é um receptor de vibraçôes sutis, mas não um transmissor.

O ocultista precisa ser, pelo menos em certa medida, um receptor, mas seu objetivo primário é obter o controle a dirigir os reinos invisíveis, da mesma maneira que o homem de ciência aprendeu a controlar a dirigir o reino da Natureza.


41. Para alcançar esse objetivo, ele precisa trabalhar em harmonia com as forças invisíveis, da mesma maneira que o cientista domina a Natureza, compreendendo-a.

Dessas forças invisíveis, algumas sâo espirituais, originárias de Kether, a algumas são elementais, operando de Malkuth.

As forças Kether do Macrocosmo são recolhidas no Microcosmo por meio do centro Tiphareth, para utilizar a terminologia cabalística; as forças elementais são recolhidas pelo centro Yesod, mas - e este é o ponto capital - dirigidas a controladas na medida em que o equilíbrio é mantido entre Netzach e Hod.


42. Netzach, no Microcosmo, representa o dado instintivo a emocional de nossa natureza, a Hod representa o intelecto;

Netzach é o artista em nós, a Hod é o cientista.

De acordo com a variação de nosso humor entre dinamismo a restrição, assim será a polaridade de Hod a Netzach no Microcosmo, que é a alma.

Se não há influência de Netzach para introduzir um elemento dinâmico, o predomínio de Hod conduzirá a muita teoria e a nenhuma prática nos assuntos ocultos.

Ninguém pode manipular a magia na qual a Esfera de Netzach não tem funçôes, pois o ceticismo de Hod matará todas as imagens mágicas antes de seu nascimento.

Como todas as coisas na Natureza, Hod, não-fertilizada por sua polaridade oposta, é estéril.

É necessário que, em todo ocultista que queira trabalhar praticamente haja um artista.

Embora poderoso, o intelecto, por si só, não confere poderes.

É por meio de Netzach, em nossa natureza, que as forças elementais tem acesso à consciência; sem Netzach, elas permanecem na Esfera subconsciente de Yesod, trabalhando cegamente.

Ensinam os Mistérios que todo nível de manifestação tem sua própria ética, ou padrão de certo a errado, a que não devemos confundir os planos esperando, de um, o padrão do outro que não lhe é aplicável.

No reino da mente, a ética é verdade; no plano astral, que é a Esfera das emoções a dos instintos, a ética é a beleza.

Precisamos aprender a compreender a justiça da beleza, assim como a beleza da justiça, se quisermos que todas as províncias de nosso reino interior obedeçam ao poder central da consciência unificada.


43. Ao penetrar a região das quatro Sephiroth inferiores, entramos na Esfera da mente humana.

Consideradas subjetivamente elas constituem a personalidade a seus poderes.

O objetivo da iniciação oculta é desenvolver esses poderes e, considerados do ponto de vista superior, como deveria ser sempre, sob pena de degenerar na Magia Negra, uni-los com Tiphareth, que é o ponto focal do eu superior, ou individualidade.

Ao discutir Netzach, ultrapassamos, por conseguinte, definitivamente, o portal dos Mistérios, e trilhamos o campo sagrado reservado aos iniciados.


44. Não estou advogando um sigilo, que é simplesmente política clerical, mas há certos segredos práticos dos Mistérios que não convém divulgar para que não ocorram abusos.

Existe também a tendéncia inveterada da natureza humana em aplicar suas próprias definições a termos familiares, a em recursar-se a reconhecê-las fora de suas associações familiares.

Se levantamos uma ponta do Véu do Templo a revelamos o fato de que o sexo é simplesmente uma instância especial do princípio universal da polaridade, a dedução imediata é que a polaridade e o sexo são termos sinónimos.

Se digo que, embora o sexo seja uma parte da polaridade, há muito na polaridade que nada tem a ver com o sexo, minha explicação será ignorada.

Talvez eu seja mais bem compreendida se substituir a terminologia dos psicólogos pela dos físicos mais apropriada, a dizer que a vida só flui através de um circuito; isolemo-la, a ela se tornará inerte.

Encaremos a personalidade como uma máquina elétrica: ela precisa estar ligada à casa de força, que é Deus, a Fonte de Toda Vida, ou não funcionará; mas ela precisa igualmente estar em contato com a Terra, do contrário seu mecanismo não poderá ser posto em movimento.

Todo ser humano precisa estar em contato com a Terra, tanto no sentido literal como no metafórico.

O idealista tenta induzir uma completa isolação de todos os contatos terrestres, a fim de que o poder afluente não se disperse; ele não compreende que a Terra é um grande ímã.


45. A tradição declara, desde a mais remota antigüidade, que a chave dos Mistérios foi escrita na Tábua de Esmeralda, de Hermes, onde estavam inscritas as palavras "Como em cima, tal é embaixo".

Apliquemos os princípios da física à psicologia a teremos a solução do enigma.

Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça.


46. Consideremos, por fim, o significado das cartas do Tarô associadas a Netzach. São os quatro setes do baralho.


47. Como chegamos à Esfera de influência do plano terrestre, consideramos oportuno explicar o que representam essas cartas menores do Tarô na adivinhação.

Elas simbolizam os diferentes modos de funcionamento das diferentes forças sephiróticas nos Quatro Mundos dos cabalistas.

O naipe de Paus corresponde ao nível espiritual; Copas, ao nível mental; Espadas, ao plano astral; a Ouros, ao piano físico.

Conseqüentemente, se o Sete de Ouros sai na adivinhação, ele significa que a influência ,de Netzach exerce um papel no plano físico.

Reza um velho adágio, "Feliz no amor, infeliz nas cartas", o que não é senão outra maneira de dizer que a pessoa que é atraente ao sexo oposto está perpetuamente em apuros.

Vênus exerce uma influência perturbadora nos assuntos terrestres.

Ela distrai dos negócios sérios da vida.

Assim que sua influência chega a Malkuth, ela deve entregar a palma a Ceres e desaparecer.

São os filhos, a não o amor, que mantêm o lar unido.

O nome cabalístico do Sete de Ouros é Sucesso Incompleto, a devemos apenas passar em revista as vidas de Cleópatra, Guinevere, Isolda a Heloísa para compreender que Vênus no plano físico tem por divisa "Pelo amor, renuncio ao mundo".


48.O naipe de Espadas é atribuído ao piano astral.

O título secreto do Sete de Espadas é Esforço Instável, o qual expressa bastante bem a ação de Vênus na Esfera das emoções, com sua intensidade efêmera.


49. O título secreto do Sete de Copas é Sucesso Ilusório.

Essa carta representa a operação de Vênus na Esfera da mente, onde sua influência em nada contribui para tornar claras as concepções.

Acreditamos no que queremos acreditar quando estamos sob a influência de Vênus.

Nesse plano, sua divisa deveria ser "O amor é cego".


50. Apenas na Esfera do espírito, Vênus está em seu lugar adequado.

Aqui, sua carta, o Sete de Paus, recebe o nome de Valor, que descreve convenientemente a influência dinâmica a vitalizante exercida quando seu significado espiritual é compreendido a empregado.


51. As quatro cartas de Tarô atribuídas a Netzach revelam de maneira muito interessante a natureza da influência venusiana quando esta atinge os planos.

Elas nos ensinam uma lição muito importante, mostrando como essa força é essencialmente instável, quando não tem raízes num princípio espiritual.

As formas inferiores do amor são as emoções, a nestas não nos podemos liar; mas o amor superior é dinâmico a energizador.

Hod

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Hod é a oitava Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

Título: Hod, Glória. ( Em hebraico: Hé, Vau, Daleth.)

Imagem Mágica: Um hermafrodita.

Localização na Árvore: Na base do Pilar da Severidade.

Texto Yetzirático: 0 oitavo Caminho chama-se Inteligência Absoluta ou Perfeita, pois é o instrumento do Primordial, a não possui raízes, com as quais possa penetrar a implantar-se, salvo nos lugares ocultos de Gedulah, da qual emana sua essência característica.

Nome Divino: Elohey Tzebaoth, o Deus das Hostes.

Arcanjo: Miguel.

Coro Angélico: Beni Elohim, Filhos de Deus.

Chakra Cósmico: Kokab, Mercúrio.

Experiência Espiritual: Visão do esplendor.

Virtude: Veracidade.

Vício: Falsidade. Desonestidade.

Correspondéncia no Microcosmo: Os quadris a as pernas.

Símbolos: Nomes a versículos. Avental.

Cartas do Tarô: Os quatro oitos: Oito de Paus: rapidez; Oito de Copas: sucesso abandonado; Oito de Espadas: força diminuída; Oito de Ouros: prudência.

Cor em Atziluth: Violeta-púrpura.

Cor em Briah: Laranja.

Cor em Yetzirah: Vermelho-roxo.

Cor em Assiah: Preto-amarelado, salpicado de branco.


Trecho extraído de "A Cabala Mística"

1. Os dois poderes primordiais do universo estão representados na Árvore da Vida por Chokmah a Binah, forças positiva a negativa. Afirmam os cabalistas que, embora toda Sephirah emane a Esfera que se lhe segue em ordem numérica, essas duas Supremas, uma vez estabelecida a Árvore, se refletem diagonalmente de um modo particular: Essa característica é claramente indicada no Texto Yetzirático dessa Sephirah, o qual afirma que Hod "não possui raízes com as quais possa penetrar a implantar-se, salvo nos lugares ocultos de Gedulah, da qual emana sua essência característica". Gedulah, lembremos, é outro nome de Chesed.

2. Binah é o Dador de Forma. Chesed é anabolismo cósmico, a organização das unidades formuladas por Binah em estruturas complexas e interatuantes; Hod, o reflexo de Chesed, é por sua vez uma Sephirah de Forma, e representa esse princípio coagulador em outra Esfera.

3. Chokmah, por outro lado, é o princípio dinâmico; ela se reflete em Geburah, que é o Catabolismo Cósmico, representando a ruptura do complexo no simples, a qual libera energia latente; a isso se reflete novamente em Netzach, a força vital da Natureza.

4. É importante notar, para a compreensão das cinco Sephiroth inferiores, que o presente estágio de evolução representou algum grau de desenvolvimento da consciéncia humana nessas Esferas. Tiphareth representa a consciência superior, em que a individualidade se une à personalidade; Netzach a Hod simbolizam, respectivamente, os aspectos da força a da forma da consciéncia. Porque a consciência humana avançou um grau de desenvolvimento nessas Esferas, sua natureza puramente cósmica é consideravelmente excedida por suas influências; e, como a consciência humana, desenvolvendo-se em Malkuth, é uma consciência de formas derivada da experiência das sensações físicas, as condições de Malkuth se refletem, numa forma rarefeita, em Hod a Netzach, a em grau menor em Tiphareth; Yesod está ainda mais marcadamente condicionada pela influência amplificadora da Malkuth.

5. Isso se deve ao fato de que a mente de qualquer ser, tendo obtido um grau suficiente de desenvolvimento para alcançar uma vontade independente, opera objetivamente sobre seu meio e, dessa forma, o modifica. Ilustremos esse ponto por meio de um exemplo. As criaturas de desenvolvimento inferior, como as formas simples de vida que não têm poder motor, como as anêmonas, só podem exercer uma influência muito limitada sobre seu meio; mas uma criatura de tipo superior a mais inteligente pode exercer uma influência muito grande sobre o meio ambiente, forçando-o, por sua inteligência a energia, a conformar-se à sua vontade, como quando um castor constrói um dique. Os seres humanos, a mais elevada de todas as criaturas da matéria, aprenderam a exercer uma influência profunda sobre seu meio, de modo que o globo terrestre está gradualmente se sujeitando à vontade do homem.

6. No que concerne a cada nível de consciência, as condiçôes são exatamente análogas. A mente realiza suas construções por meio do estofo mental a da natureza das forças espirituais do cosmo, exatamente como a anêmona retira sua substância da nutrição que a água lhe traz. Os tipos supepores de personalidade, contudo, são análogos aos tipos superiores de animals, porque podem, num grau crescente, de acordo com a sua energia a capacidade, influenciar o seu meio sutil; a mente edificada no estofo mental faz sentir seu poder no plano mental.

7. Observamos, ao tratar do plano astral - que é essencialmente o nível de função dos aspectos mais densos da mente humana -, que as forças e fatores desse plano se apresentam à consciência como formas etéreas de um tipo distintamente humano; e, se abordarmos o assunto filosoficamente, e não credulamente, teremos dificuldades para explicar como isso se dá. O iniciado, contudo, tem sua explicação. Ele declara que foi a própria mente humana que criou essas formas, representando para si mesmo essas forças naturais inteligentes como formas portadoras de um tipo humano, a raciocinando por analogia que, como elas são individualizadas, sua individualidade deve ter a mesma espécie de veículo para a manifestação que a sua própria individualidade.

8. Essa não é, naturalmente, uma constatação óbvia. De fato, essas formas de vida, quando deixadas a si próprias, terminam sua encamação nos fenômenos naturais, constituindo seus veículos coordenações de forças naturais, tais como um rio, uma cadeia de montanhas ou uma tempestade. Sempre que o homem entra em contato com o astral, seja como um sensitivo ou um mago, ele cria as formas à sua semelhança, para representá-las como forças sutis, fluídicas, a assim entrar em contato com elas, compreendendo-as e submetendo-as à sua vontade. Ele é uma verdadeira criança da Grande Mãe, Binah, a leva suas propensões naturais para organizar a construir forma a qualquer plano que seja capaz de exaltar-lhe a consciência.

9. As formas percebidas no plano astral por aqueles que são capazes de vê-las são as formas produzidas pela imaginação humana para representar essas forças naturais sutis que pertencem a formas de evolução diferentes da nossa. As inteligências de outras formas de evoluçâo que não a humana, se entram em contato conosco, podem às vezes ser persuadidas a fazerem uso dessas formas, assim como um homem pode pôr um escafandro a descer para outro elemento. Um certo tipo fundamental de magia se dedica a fazer essas formas e a induzir as entidades a animá-las.

10. Consideremos o que ocorre quando tal processo está em ação. O homem primitivo, que é muito mais sensível do que o homem civilizado, devido ao fato de sua mente não estar tão elaboradamente organizada pela educação, percebe intuitivamente que há algo sutil atrás de uma unidade altamente complexa de força natural que a diferencia de qualquer outra unidade. Os homens percebem subconscientemente esse aspecto num grau muito maior do que querem admitir; a não é por obra do simples acaso que damos nomes femininos aos furacões, ou chamamos, em inglês, os rios de "pal". Um selvagem, que sente essa vida que existe por trás dos fenômenos, tenta fazer contato com ela para poder aliar-se-lhe. Como não pode, obviamente, esperar conquistá-la, ele precisa achegar-se a ela, assim como o faria com outras vidas estranhas animadas nos corpos de outra tribo. Para entrar em acordo com alguém, precisamos parlamentar. Não se pode entrar em acordo com pessoas que não parlamentam. O selvagem imagina, raciocinando por seu próprio método primitivo de analogia, que os seres por trás dos fenômenos repousam num reino semelhante àquele em que sua própria vida onínca ocorre; como os sonhos diurnos são estreitamente afros aos sonhos noturnos, a têm a vantagem de estar submetidos à vontade, ele tenta aproximar-se desses seres de outra esfera penetrando-lhes o reino; ou seja, ele fabrica no sonho diurno ou na fantasia a aproximação mais estreita de que é capaz com as visões da noite, e, se consegue alcançar um alto grau de concentraçâo, é capaz de fechar sua consciência desperta a penetrar voluntariamente no estado onírico, formulando um sonho regido por sua própria vontade.

11. Para conseguir esse propósito, ele formula em sua imaginação um retrato mental que visa representar o ser que é o gênio governante do fenômeno natural com que deseja entrar em acordo; ele o formula muitas e muitas vezes; ele o adora; ele o reverencia; ele o invoca. Se a invocação é suficientemente fervorosa, o ser que está buscando o ouvirá telepaticamente e poderá interessar-se pelo que ele está fazendo; se sua adoração a os sacrifícios lhe são agradáveis, poderá obter sua cooperação. Aos poucos, ele pode ser domado a domesticado; e, por fim, pode ser persuadido a animar, de tempos em tempos, a forma que se construiu com o estofo mental à guisa de veículo. O sucesso dessa operação depende, naturalmente, do grau em que o adorador aprecia a natureza do ser invocado, a ele só pode fazê-to na medida em que o seu próprio temperamento partilhar dessa natureza.

12. Se esse processo tem êxito, conseguimos, então, a domesticação de uma parte da vida da Natureza, encamando-a na forma pela qual os seus adoradores a conhecem. Enquanto a forma astral se mantém viva pelo tipo apropriado de adoração empreendido pelos adoradores com a necessária capacidade para entrar em comunhão com essa espécie de vida, dispomos de um deus encarnado, que desceu ao âmbito da percepção humana. Cessando a adoraçáo, o deus se retira para sua morada no seio da Natureza. Se existem outros adoradores, contudo, que possuem o conhecimento necessário para edificar uma forma em consonância com a natureza da vida que deve ser invocada, e a simpatia imaginativa necessária para invocá-la, é algo relativamente simples atrair uma vez mais à forma a vida que estava acostumada a animá-la; não mais difícil, do que apanhar, com uma cesta de aveia, um cavalo que vive em estado selvagem nos pastos.

13. Poder-se-á dizer que tudo isso não passa de especulação fantástica a puro dogmatismo. Como posso eu saber que é esse o modo pelo qual agia o homem primitivo? Porque é esse o método de ação que a tradição secreta dos Mistérios nos transmitiu desde tempos imemoriais, a porque, quando esse método é empregado por alguém que adquiriu o grau necessário de habilidade na concentração a conhece os símbolos que são utilizados para constituir as diferentes formas, esse mesmo método mostra sua validade, e a chama do altar atrai novamente os Velhos Deuses. Resultados definidos se produzem na consciência dos adoradores; e, se eles emprestam a técnica do espiritista a se podem recorrer a um médium materializador, fenômenos de um tipo bem definido podem ser produzidos.

14. Esse método é empregado nos trabalhos da Missa pelos sacerdotes que têm o conhecimento. Existem dois tipos de sacerdotes na Igreja Romana: o clérigo paroquial e os homens que pertencem a ordens monásticas. Esses monges empregam freqüentemente, no trabalho da Missa, um altíssimo grau de poder mágico, como qualquer sensitivo pode testemunhar. O ato da transubstanciação é, na verdade, a animação de uma forma astral com força espiritual. É no conhecimento dessas coisas e na posse de corpos organizados de homens a mulheres treinados em sua utilização nas ordens monásticas que reside a força da Igreja Católica e Apostólica; é a ausência desse conhecimento interior que constitui a fraqueza das comunhões cismáticas, ausência que toma os rituais anglicanos, mesmo quando operados com todo o cerimonial, tão diferentes como a água do vinho, quando comparados com os rituais romanos; pois os homens que os operam não têm qualquer conhecimento das operações secretas tradicionais da comunhão romana, e não são treinados na técnica da visualização. Não sou católica, e jamais o serei, porque não me submeteria à sua disciplina, nem acredito que haja apenas Um Nome sob os céus por meio do qual os homens se possam salvar, embora eu reverencie esse Nome, mas reconheço o poder quando o vejo, e o respeito.

15. Mas o poder da Igreja Romana não repousa nos documentos, e sim na função. Ela é poderosa não porque Pedro recebeu as Chaves (e é provável que ele não as tenha recebido), mas porque ela conhece seu trabalho. Não há razão que impeça os sacerdotes da Comunhão Anglicana de operarem com o poder se eles aplicarem os princípios que expliquei nestas páginas. Na Sociedade do Mestre Jesus, que é parte de minha própria organização, a Fratemidade da Luz Interior, rezamos a Missa com o poder porque aplicamos esses princípios. Quando começamos, ofereceram a Sucessão Apostólica aos nossos oficiantes, mas nós a recusamos, porque sentimos que seria melhor utilizar nosso conhecimento para fazer novamente os contatos por nossa conta do que receber a Sucessão Apostólica de uma fonte que não estava acima de suspeitas - e a experiência justificou a nossa escolha.

II

16. Para compreendermos plenamente a filosofia da Magia, devemos lembrar que uma Sephirah isolada não é funcional; a função supõe sempre um par de opostos em equilíbrio, que resulta numa terceira Esfera equilibrada que é funcional. O par de opostos em si não é funcional porque ele se neutraliza mutuamente; só quando se une com a força equilibrada para fluir por uma terceira Esfera, segundo o simbolismo do Pai, da Mãe a do Filho, alcança o par a atividade dinâmica, distinta da força latente que está encerrada nele à espera da invocação.

17.O triângulo funcional da Tríade Superior consiste em Hod, Netzach a Yesod. Hod a Netzach, como já observamos, são, respectivamente, Forma a Força no plano astral. Yesod é a base da substância etérea, Akasha, ou a Luz Astral, como é às vezes chamada. Hod é especialmente a Esfera da Magia, porquanto é a Esfera da formulação de formas, a é, por conseguinte, a Esfera na qual o mago realmente opera, pois é sua mente que formula as formas a sua vontade que reúne as forças naturais da Esfera de Netzach que animam essas formas. Note-se, contudo, que sem os contatos de Netzach, o aspecto da força do astral, a animação não poderia ocorrer; e, em Netzach, sendo essa a Esfera das emoções, os contatos se fazem por meio da simpatia. O poder da vontade projeta o mago para fora de Hod, mas apenas o poder da simpatia pode colocá-to em Netzach. Uma pessoa fria a de vontade dominadora não pode se tomar um adepto que trabalha com o poder, assim como não o pode uma pessoa fluidicamente simpática de pura emoção. O poder da vontade concentrada é necessário para que o mago enfrente sua obra, mas o poder da simpatia imaginativa é essencial para que esses contatos se façam. Pois é apenas através de nosso poder para entrar imaginativamente na vida dos tipos de existência diversos do nosso que podemos entar em contato com as forças da natureza. Tentar dominá-las pela Aura vontade, amaldiçoando-as pelos poderosos Nomes de Deus se elas resistem, é pura feitiçaria.

18. Como já observamos, é por meio dos fatores correspondentes em nossos próprios temperamentos que entramos em contato com as forças da Natureza. É a Vênus interior que nos põe em contato com as influências simbolizadas por Netzach. É a capacidade mágica de nossa própria mente que nos pôe em contato com as forças da Esfera de Hod-Mercúrio-Thoth. Se em nossa própria natureza não existe Vênus a nenhuma capacidade para responder ao chamado do amor, as portas da Esfera de Netzach jamais se abrirão para nós a nunca receberemos a sua iniciação. Da mestna maneira, se não temos qualquer capacidade mágica, que é o trabalho da imaginação intelectual, a Esfera de Hod será um livro fechado para nós. Só podemos operar numa Esfera depois de termos recebido a iniciação dessa Esfera, a qual, na linguagem dos Mistérios, confere os seus poderes. Na operação técnica dos Mistérios, essas iniciações são concedidas no plano físico por meio do cerimonial, que pode ou não ser efetivo. O ponto fundamental da questão reside no fato de que não podemos despertar uma atividade que já não existe em estado latente. A vida é o verdadeiro iniciador; as experiências da vida estimulam o funcionamento das capacidades de nossos temperamentos no grau em que as possuímos. A cerimônia da iniciação a os ensinamentos dadòs nos diversos graus têm por objetivo apenas tornar consciente o que era anteriormente subconsciente, a submeter ao controle da vontade, dirigida pela inteligência superior, as capacidades de reação desenvolvidas que até então só responderam cegamente aos estímulos apropriados.

19. Cumpre lembrar que é apenas na proporção em que nossas capacidades de reação se elevam acima da Esfera dos reflexos emocionais a se colocam sob o controle racional que podemos transformá-las em poderes mágicos. Apenas quando o aspirante - tendo a capacidade de responder em todos os planos, ao chamado de Vênus, pode recusar-se com facilidade e sem esforço à vontade de responder é que ele pode se iniciar na Esfera de Netzach. Eis por que se diz que o adepto utiliza todas as coisas, mas não depende de nada.

20. Esses conceitos são claros para aqueles que têm olhos para ver o simbolismo de Hod. O Texto Yetzirático declara que Hod é a Inteligência Perfeita porque é o instrumento do Primordial. Em outras palavras, é o poder em equilíbrio, pois a palavra "instrumento" implica uma posição intermediária entre dois extremos.

21. O conceito da reação a da satisfação inibidas está expresso no título do Oito de Copas do Tarô, cujo nome secreto é "Sucesso Abandonado". O naipe de Copas do Tarô, no simbolismo do Tarô, está sob a influência de Vênus a representa os diferentes aspectos a influências do amor. O "Sucesso Abandonado", a inibição da reação instintiva, que daria a satisfação - em outras palavras, a sublimação -, é a chave dos poderes de Hod. Mas lembremos que a sublimação não é a mesma coisa que a repressão ou a erradicação, e se aplica ao instinto de autopreservação, assim como ao instinto de reprodução, com o qual a mente popular a associa exclusivamente.

22.O mesmo conceito reaparece no título secreto do Oito de Espadas, que é "O Senhor da Força Diminuída". Temos, nessas palavras, uma clara imagem da suspensão a retenção do poder dinâmico que procuramos controlar.

23. No Oito de Ouros, que representa a natureza de Hod manifesta no plano material, temos o Senhor da Prudência - que é também uma influência restritiva. Mas essas três cartas negativas se resumem sob o governo do Oito de Paus, que representa a ação da Esfera de Hod no plano espiritual, e essa carta recebe o nome de Senhor da Rapidez.

24. Vemos, pois, que é pelas inibições a restriçôes nos planos inferiores que á energia dinámica do plano superior pode ser utilizada. É na Esfera de Hod que a mente racional impõe essas inibições à natureza animal dinámica da alma, condensando-as, formulando-as a dirigindo-as por meio de sua linútação a impedindo-lhes a difusão. É essa operação da Magia que trabalha com os símbolos. Por meio dela, as forças naturais livres são reprimidas a dirigidas aos fins desejados. Esse poder de direção e controle só pode ser obtido pelo sacrifício da fluidez, a Hod é, por conseguinte, justamente considerado como o reflexo de Binah através de Chesed.

25. Tendo considerado os princípios gerais da Esfera de Hod, podemos agora considerar em detalhes o seu simbolismo.

26. O significado da palavra hebraica Hod é Glória, o que sugere de pronto à mente que, nessa Sephirah, a primeira Esfera em que as formas estão definitivamente organizadas, o esplendor do Primordial se revela à consciência humana. Os físicos nos dizem que a luz só se manifesta como azul no céu devido à refração das partículas de pó na atmosfera. Uma atmosfera absolutamente sem pó seria completamente negra. Ocorre o mesmo na metafísica da Árvore. A glória de Deus só pode brilhar na manifestação quando existem formas que a manifestam.

27. A Imagem Mágica de Hod concede um tema muito interessante para meditação. Aqueles que compreenderam o signiflcado das páginas anteriores verão até que ponto a natureza dinámica a formal do trabalho mágico está resumida no símbolo do ser em que se combinam os elementos masculino a feminino.

28. Hod é essencialmente a Esfera das formas animadas pelas forças da natureza; e, inversamente, é a Esfera em que as forças da natureza assumem uma forma sensível.


29. O Texto Yetzirático já foi extensamente comentado e, quanto a esse assunto, o leitor deverá reportar-se a ele.

30. O Nome Divino de Hod, Elohim Tzabaoth, Deus das Hostes, contém o símbolo hermafrodita de modo muito interessante, pois a palavra Elohim é um substantivo feminino com um plural mascuiino, indicando, assim, segundo a maneira dos cabalistas, que ela representa um tipo duplo de atividade ou de força que funciona por meio de uma organização. As três Sephiroth do Pilar Negativo da Árvore têm a palavra Elohim como parte do Nome Divino. Tetragrammaton Elohim em Binah; Elohim Gebor em Geburah; e Elohim Tzabaoth em Hod.

31. A palavra Tzabaoth significa hoste, ou armada. Temos, assim, a idéia da Vida Divina que se manifesta em Hod por meio de uma hoste de formas animadas com força, em oposição à atividade fluídica de Netzach.

32. A atribuiçáo do poderoso arcanjo Miguel a Hod oferece-nos um tema muito interessante para reflexão. Esse arcanjo é comumente representado pisoteando uma serpente a atravessando-a com uma espada, a tendo em mãos um par de balanças, símbolo do equilíbrio, que expressa a mesma idéia do Texto Yetzirático, "Instrumento do Primordial".

33. A serpente pisoteada pelo grande Arcanjo é força primitiva, a serpente fálica dos freudianos; a esse hieróglifo nos ensina que é a "prudência" restritiva de Hod que "amortece" a força primitiva, impedindo-a de ultrapassar os seus limites. A Queda, devemos lembrar, é representada na Árvore pela Grande Serpente, que ultrapassa os limites colocados para ela e ergue suas sete cabeças coroadas até Daath. É muito interessante observar a maneira pela qual os símbolos se interpenetram, reforçando-se a esclarecendo-se mutuamente, a fornecendo os seus frutos à contemplação do cabalista.

34. O coro angélico que opera em Hod é o dos Beni Elohim, os Filhos dos Deuses. Temos novamente o conceito dos "Deuses das Hostes", ou armadas. Um dos conceitos mais importantes da ciência arcana diz respeito à operação do Criador por meio dos intermediários. O não-iniciado e o profano imaginam que Deus trabalha como um pedreiro, juntando tijolos com as próprias mãos a levantando o edifício; mas o iniciado concebe Deus como o Grande Arquiteto do Universo, que desenha Seus projetos no plano dos arquétipos e a Quem recorrem os videntes, os arcanjos, em busca de instrução, dirigindo as armadas dos operários humildes que assentam pedra sobre pedra de acordo com o plano arquetípico do Superior. Constrói o arquiteto com as suas próprias mãos? Não; a tampouco assim foi quando o universo estava sendo edificado.

35. O chakra cósmico, como já observamos, é Mercúrio, a já analisamos o seu simbolismo como Hermes-Thoth.

36. A experiência espiritual atribuída a essa Sephirah é a Visão do Esplendor, que é a compreensão da glória de Deus manifesta no mundo criado. O iniciado de Hod vê além das aparências das coisas criadas a percebe o seu Criador; e, na compreensão do esplendor da Natureza como a veste do Inefável, ele recebe a sua iluminação a se toma um co-operador do Grande Artífice. É essa compreensão das forças espirituais que manipulam todas as manifestações a aparições que é a chave dos poderes de Hod tal como são eles considerados na Magia da Luz. É formando-se um canal para essas forças que o Mestre da Magia Branca ordena as Esferas de Força Desequilibrada, não utilizando os poderes para sua vontade pessoal. Ele é o equilibrador do desequilibrado, não o manipulador arbitrário da natureza.

37. Nessa esfera, que é a Esfera de Mercúrio-Hermes, deuses da ciência e dos livros, vemos claramente que a virtude suprema é a veracidade, e que o aspecto contrário dessa Sephirah é aquele que Mercúrio revela em seu aspecto como deus dos ladrões a dos trapaceiros astutos. Na ética esotérica, acredita-se que cada plano tem o seu padrâo de certo a errado. O padrão do plano físico é a força; o padrão do plano astral é a beleza; o padrão do plano mental é a verdade; e o padrão do plano espiritual é o certo e o errado, tal como entendemos esses termos; portanto não existe ética, a não ser em termos de valor espiritual; tudo o mais é transitório. Na Esfera que é essencialmente a Esfera da mente concreta, é lógico que a Cabala lhe atribua como virtude suprema a veracidade.

38. A correspondência no Microcosmo estabelece-se entre os quadris e as pernas, de acordo com a regência astrológica do planeta Mercúrio.

39. Os símbolos associados a Hod são os nomes, os versículos e o avental. Os nomes são as Palavras de Poder por meio das quais o mago resume a evoca na consciência as potências multiformes dos Beni Elohim. Esses nomes não são, em absoluto, vocábulos arbitrários a bárbaros, sem etimologia ou significado. São fórmulas filosóficas. Em alguns casos, sua interpretação é etimológica, como no caso das divindades egípcias, cujos nomes se baseiam nos nomes das forças que servem para designar forças complexas. Em todos os sistemas mágicos, contudo, que têm sua raiz na Cabala, os nomes mágicos se baseiam no valor numérico das consoantes deste ou daquele alfabeto sagrado; há uma Cabala grega, uma árabe a uma copta, além da bem conhecida hebraica. Essas consoantes, quando substituídas pelos números apropriados, fornecem uma cifra, que pode ser manipulada matematicamente de diversas maneiras. Alguns desses meios estáo de acordo com os métodos da matemática pura, e o resultado volta a se traduzir em letras, revelando correspondências muito interessantes com os nomes das forças similares ou conexas. Esse é um aspecto muito curioso da tradição cabalística, e, nas mãos de mestres experientes, fornece resultados interessantes; mas pode, ao contrário, conduzir o inexperiente ao abismo, porque não há limite para as combinações, a apenas um profundo conhecimento dos princípios pode dizer-nos quando as analogias são legítimas ou não, impedindo-nos de cair na credulidade a na superstição.

40. Os versículos são frases mântricas, a um mantra é uma frase sonora que, quando repetida indefinidamente à maneira de um rosário, opera sobre a mente como uma forma especial de auto-sugestão - cuja psicologia é por demais complexa para que dela possamos aqui nos ocupar.

41. O avental evoca associações imediatas para os iniciados do Sábio Salomão; ele é o traje característico do iniciado nos Mistérios Menores, que é sempre qualificado figurativamente como um pedreiro, isto é, um construtor de formas, a como a Sephirah Hod é a Esfera das operações dos construtores de formas mágicas, o símbolo que lhe corresponde é bastante pertinente. O avental cobre a oculta o centro lunar de Yesod, que estudaremos em seu devido tempo. Como já observamos, Yesod é o aspecto funcional do par de opostos do plano astral.

42. Já estudamos, em páginas anteriores, os quatro oitos das cartas do Tarô, atribuídos a essa Sephirah.

43. Para concluir, temos em Hod a Esfera da Magia Formal, distinta do simples poder mental. As formas que são construídas pelo mago que trabalha com as forças da Natureza são os Beni Elohim, os Filhos dos Deuses.


Yesod ou Jesod é a nona Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

“O pensamento precede o desejo.” - Helena Petrovna Blavatisky

Yesod é o depósito de imagens do inconsciente humano ou plano astral ou luz astral. Como as águas do mar refletem a luz do sol, ela reflete (filtra) a imagem de Thiphareth. A "refração" mística ilude. Belas ou terríveis as figuras do inconsciente tanto auxiliam quanto ludibriam. Quase sempre não são claras, principalmente nos sonhos, porém por trás, reside a verdade. A ato reflexivo é presente em Malkuth, pois tudo que existe na sephirah da terra é construido antes na do ar (segundo os chineses, o símbolo vem antes do objeto).

Yesod é a "Fundação". Representada pelos órgãos sexuais humanos, esta sephirah carrega a força sexual, a libido, o impulso instintivo gerador da vida.

Seu planeta é a Lua, astro símbolo do comportamento feminino. Inconstante, misterioso, belo. Rege as marés, sendo as águas o caminho para o autodescobrimento (Atu XII).

Títulos: A Fundação (ou Fundamento), Casa do Tesouro das Imagens, Tudo, Tzedeq Jesod Olahm (O Virtuoso é a Fundação do Mundo). Imagem Mágica: Um belo homem nu.

Arcanjo: Gabriel.

Símbolos: Perfurmes, sandálias .Diana, Hécate, Adonis, divindades lunares em geral e também transmorfas.

Virtude: Indenpendência.

Vício: Inatividade, ócio.

Experiência Espiritual: Visão do Mecanismo do Universo.

Cartas do Tarô: Os 4 Noves: 9 de Paus, 9 de Copas, 9 de Espadas e 9 de Ouros.

Nome Divino: Shaddai el Chai (o Deus Vivo Todo-poderoso ou Força Vital Divina).

Liber 78: A grande força fundamental. Poder executivo, pois eles restauram uma base firme.Poderoso para o bem ou mal.

Liber 777: O Filho degradado para a reles vida animal

Animais: Elefante, tartaruga (associada a Atlas por suportar peso)

Plantas: As afrodisíacas ou fálicas em geral como Ginsen. As raízes também.

Pedra: Quartzo. O ouro é encontrado no quartzo, relacionado a glória oculta do processo sexual.

Qliphoth: Gamaliel, o Asno Obceno.

Malkuth é a décima Sephirah da Árvore da Vida.

Definição

“Não creio ser um homem que saiba. tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim.” - Demian; Hermann Hesse

Malkuth é a manifestação final das forças da Árvore da Vida, o último estágio da energia onde ela se solidifica. Porém, Malkuth não é formada apenas pela matéria, mas também seu aspecto psíquico e sutil.

Em Malkuth aprende-se a lidar com a matéria e perceber sua real influência e poder. Ignorando esta lição, o magista fatalmente fracassará se tentar elevar-se na Árvore, pois a influência dos quatro elementos o acompanhará enquanto habitar este plano. Portanto, uma operação no plano de Malkuth é realizada por uma ação no plano físico.

Títulos: o Reino (Mem, Lamed, Kaph, Vau, Tau), Portal, Portal da Morte, a Porta da Filha dos Poderosos, a Mãe Inferior, Malkah, a Rainha Kallah, a Noiva, a Virgem, Schehinah.

Imagem Mágica: Uma jovem coroada sentada no trono.

Arcanjo: Sandæphon.

Símbolos: O altar do cubo duplo. A cruz de braços iguais. O círculo mágico. O triângulo da arte.

Virtude: Discriminação

Vício: Avareza, inércia.

Experiência Espiritual: Visão do Sagrado Anjo Guardião.

Cartas do Tarô: Os 4 Dez: 10 de Paus, 10 de Copas, 10 de Espadas e 10 de Ouros.

Nome Divino: Adonai Malekh ( o Senhor que é Rei) ou Adonai ha Aretz (o Senhor do Mundo).

Liber 78: Fixo, culminado, Força completa, seja para o bem ou mal. A matéria completa e definitivamente determinada. Força final. Siga as descrições próprias das trinta e seis cartas em seu completo significado.

Liber 777: A Filha decaída que toca as conchas com as mãos.

Animais: Esfinge.

Plantas: Os cereais (são a fundação do Pantáculo representando Nephesh), Romã, Lírio, Hera e Salgueiro.

Pedra: De Cristal, lembrando-nos o auforisma:Kether está em Malkuth e Malkuth em Kether, no entanto de maneira diferente.

Qliphoth: Lilith, a Mulher da Noite

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